Hellboy: Web of Wyrd e outras mídias menos gloriosas do demonhão.
Vem aí mais um jogo do menino Hellboy! E isso deveria ser bom…
…mas não parece que vai ser, não!
O demonho vermelhão parece que tem sérios problemas pra sair do papel pra qualquer outra mídia. Excetuando, claro, o MARAVILHINDO filme de 2002 dirigido por Guillermo Del Toro que deixou o personagem popular entre o “publico civil”, ou seja, que nunca sequer encostou num quadrinho e aceitou de boa a sequencia que terminava com o capeta em forma de guri revelando que ele seria papai. Eu ODIEI esse plot e sou uma das poucas pessoas que não lamenta um terceiro filme nunca ter saído.
Aliás, curiosidade aleatória: Sabiam que o primeiro filme NÃO FOI um sucesso de bilheteria! Na verdade, foi um baita fracasso, já que custou por volta de 66 milhões e só rendeu 99 milhões ao redor do mundo (só virou os números de cabeça pra baixo). Curiosamente o segundo se saiu um pouco melhor, custando por volta de 85 milhões e rendendo 168 milhões ao redor do mundo mas fazer o dobro do orçamento não é necessariamente sucesso já que se gasta muito com campanha de marketing também e o Revolution Studios simplesmente desistiu da franquia. A explicação pra termos dois filmes sendo que o primeiro foi mal de bilheteria provavelmente tenha sido a recuperação nas vendas de DVDs, que ajudou muito filme que fracassou no cinema a ter sequencias. A série Riddick do Vin Diesel sobreviveu por três filmes assim. Mas, voltando ao Hellboy…
Fora os filmes o personagem ganhou dois longas animados direto pra DVD, Hellboy: Espada das Tempestades (2006) e Hellboy: Sangue e Ferro (2007), ambos produzidos também pela Revolution Studios e, pra mim, uma baita decepção. O longas animados tem coisa boas SIM, como uma melhor caracterização do Hellboy, já que o personagem se comporta exatamente como nos quadrinhos ao contrário dos filmes, onde ele é um pré-adolescente de 2 metros, mas sofre com tantos outros. O primeiro foi o estúdio escolhido pra animá-los.
Por volta de 2005 o próprio Ron Perlman falou em uma entrevista que Hellboy ganharia um longa animado. A frase que mais me marcou foi “Eu não sei muitos detalhes ainda mas falam em um estúdio japonês”. Isso era um caminho óbvio na época porque Animatrix havia feito sucesso e muitos outros estúdios estavam seguindo essa mesma linha lançando coletâneas de contos com vários estúdios japoneses envolvidos como Batman: Gotham Knight e até mesmo Riddick, que teve um curta metragem ligando os dois primeiros filmes e foi produzido por diversos estúdios diferentes. Mas eis que o primeiro filme é lançado e…nada de estúdio japonês! Os filmes animados do Hellboy foram produzidos no ocidente, mais especificamente pelo canadense Starz Studios e tem uma carinha de desenho europeu que passava na TV cultura, com muita cor e com uma animação travada que evidenciava o baixo orçamento. A pior parte é que segundo uma clausula de contrato da própria Revolution Studios, os longas animados não deveriam se parecer nem com os quadrinhos e nem com os filmes, tendo uma identidade visual própria. Por conta disso chamaram o artista Sean “Cheeks” Galloway pra cuidar do character design. Galloway tem um traço cartunesco e você deve conhecer seu trabalho na série animada O Espetacular Homem-Aranha de 2008 onde ele também ficou a cargo do character design. O resultado foi algo completamente afastado do fantástico estilo de sombras chapadas de Mike Mignola e mais próximo do colorido e juvenil estilo de As Aventuras de Jackie Chan. No geral, os longas não são necessariamente ruins, sou eu quem não gosta muito.
Houveram ainda o curta Iron Shoes que veio nos extras do DVD Sangue e Ferro e que adaptava uma história curta do Hellboy com muita fidelidade e acabou se tornando minha produção animada favorita das três.
Por falar em três, um terceiro longa animado havia sido planejado mas foi cancelado. Ia se chamar The Phantom Claw e teria como coadjuvante o personagem Lagosta Johnson. Há uma cena pós-crédito em Sangue e Ferro que deixa o gancho pra essa sequencia nunca produzida. Ironicamente o mesmo aconteceu com o fracassado filme de 2019.
Em 2010 foi lançado mais um curta metragem chamado Hellboy Animated: The Dark Bellow. Na trama, Hellboy vai até um estranho templo numa ilha e enfrenta uma criatura lovecrtaftiana. Também produzido pelo Starz Studios mas com uma equipe nova por trás, o curta foi animado totalmente em CG com aplicação de cel shading. O character design agora fica a cargo de Kevin Adams que faz uma mistura entre o design de Sean Galloway pros longas animados e a arte de Mike Mignola, inserindo as sombras chapadas pretas que tanto me fazem falta nos longas animados. Na voz do Hellboy não temos Ron Perlman dessa vez que aqui é substituído por Zebulon Pike que, pelo que pude levantar é, na verdade, artista de efeitos visuais tendo inclusive trabalhado em Logan. Creio que como o projeto era algo menor, colocaram alguém da própria produção pra dar voz ao personagem afim de economizar, já que Zebulon Pike também é creditado como o artista por trás da animação do título do curta. Esse curta inicialmente rodou apenas em serviços de streaming lá fora e eu rodei feito bolsa de rapariga procurando esse troço por ANOS só pra descobrir HOJE que há 3 meses alguém o postou no YouTube e só HOJE, mais especificamente antes de escrever esse paragrafo, eu finalmente o assisti! Confira antes que saia do ar:
Como eu disse, as sombras chapadas me fizeram falta DEMAIS nos longas animados e fiquei feliz em vê-las aqui bem como os tracinhos no peito do Hellboy tão característicos na arte do Mignola. No geral, gostei bem mais do trabalho de character design desse curta mas é preciso reconhecer que o CG tem aquele gostinho de coisa datada. E CG envelhece muito rápido, venhamos e convenhamos. Mas, ainda assim, um curta bem bacana.
Não vou falar do filme de 2019 porque fiz uma critica e vou apenas dizer que não acho maravilhoso como o filme de 2004 mas também não acho o lixo seboso que muita gente pinta por aí. Pra ler minha critica basta clicar AQUI.
Agora vamos ao jogos. Hellboy já foi “agraciado” com dois jogos, um pro PS1 e outro pro PS3. O do PS1 chama-se Hellboy: Asylum Seeker (que também foi chamado de Hellboy: Dogs of the Night em sua versão pra PC) foi lançado em 2000 e é uma cópia NOJENTA de Resident Evil. O jogo é chato, tem controles horríveis, modelos hediondos, cenários sebosos e dá vontade de usar uma caixa cheia de discos do jogo como porrete pra dar uma surra nos responsáveis por esse lixo hediondo. Vou deixar a resenha que escrevi anos atrás AQUI pra vocês lerem caso queiram, mas eu sempre vou amar é o ÓDIO do rapaz que fez essa vídeo resenha que é COMPLETAMENTE JUSTIFICADO!
Com o lançamento de Hellboy II: O Exército Dourado em 2008, chegava as lojas um mês antes do filme o jogo Hellboy: The Science of Evil para PS3, PSP e Xbox 360. O jogo, produzido pela Konami, se passa no mesmo universo do filme inclusive contando com o elenco pra dar voz aos personagens. Na trama, Hellboy vai até a Romênia investigar uma bruxa que anda tocando o terror por lá. O PS3 dava toda a oportunidade pra Konami fazer algo épico com o jogo, mas a maldição do “jogo baseado em filme é sempre feito nas coxas e sai uma merda” continuava e a empresa decidiu fazer uma cópia baixo orçamento de God of War. Pra fazer um comparativo mais especifico, é como se God of War fosse o épico Os 10 Mandamentos de 1956 estrelado pelo Charlton Heston e Hellboy: The Science of Evil fosse Os 10 Mandamentos, a novela da Record com CG vagabundo, elenco que não conseguiu renovar contrato nem com a Globo nem com o SBT por atuarem feito portas e extintores aparecendo no fundo da cena. O jogo é repetitivo, pouco inventivo e tedioso. Joguei um pouco da versão pra PSP no celular e misericórdia…
Agora vamos FINALMENTE falar do mais recente produto com a marca do menino do inferno! Hellboy: Web of Wyrd teve um trailer lançado há 9 meses e pegou todo mundo se surpresa. O visual, agora completa e lindamente baseado nas HQs, era de encher os olhos, apesar do excesso de preto no cenário dar a impressão de que poderia prejudicar a movimentação através ele. Ainda assim, tava bonitão!
Aí, 4 semanas atrás (hoje é 21/09/2023, caso você esteja lendo isso no futuro), foi lançado um novo trailer agora mostrando um pouco mais da ação. Dessa vez os cenários não pareciam tão mais confusos com o excesso de preto e o sistema de combate, apesar de não apresentar nada de novo, estava bem estiloso.
E então, essa semana, foi lançado um vídeo de 16 minutos com a gameplay. E as minhas esperanças de termos não somente um jogo “jogável” como um jogo “assistivel” foram por água abaixo. Ok, deixem-me explicar: Chamo de jogo “jogável” os jogos que posso jogar e de jogo “assistivel” aqueles que por não ter dinheiro pra ter nem um PS1 usado quanto mais um PS5 novo, eu acabo assistindo a história pelo YouTube, já que a maioria dos jogos hoje são basicamente grandes filmes interativos, alguns épicos outros com carinha de produção da Asylum. E por ser um jogo pra PS5 e, caso saia pra PC, exija uma máquina capaz de mandar um pequeno foguete pra lua, eu já estava ansioso pra assistir a história do jogo pelo YouTube e ver a MELHOR E MAIS FIEL animação já produzida da franquia Hellboy. Errei feio, errei feio, errei rude…
Antes de prosseguir, vejam o vídeo:
Como deu pra notar, o jogo vai ser repetitivo assim como foram os jogos do PS1 e do Ps3. Os caras tem um console com a capacidade do PS5, acertam no visual mas erram ao fazer o jogo com um estilo de PS1, com cenário pré-definido, sem a possibilidade de exploração. E a porcaria dos inimigos SÃO UM REPETECO INFINITO! Outra coisa que achei paia pra caramba foi fazer, assim como no jogo do PS1, o Hellboy usar a sua mão direita COMO ULTIMO RECURSO NA HORA DE DAR PORRADA! Velho, o bicho tem uma mão de pedra que é a porra da chave pro fim do mundo e, por isso, não quebra fácil! USA ESTA MERDA PRA DAR CASCUDO NOS SATANAZES TODOS PELO CAMINHO!
Após mostrar que vai falhar como jogo “jogável” aí veio a coisa que mais me doeu. Ele também vai falhar como jogo “assitivel”! Todas as cutscenes SÃO ESTÁTICAS! NEM A PORRA DA BOCA DOS PERSONAGENS MEXEM! Eu até entendo que eles quiseram transportar o clima dos quadrinhos pro jogo e tals, mas…queridos…se eu quiser ver algo parado como nos quadrinhos…EU VOU LER A CARALHA DOS QUADRINHOS!
O pior é que a movimentação do jogo tá LINDA! O Hellboy recarregando a arma, por exemplo, é uma obra de arte em movimento! E ele começando as missões com suas tradicionais quedas? Lindo! E aí os caras resolvem fazer cenas estáticas? QUE PORRA É ESSA, BATATA? A oportunidade de fazer algo memorável com um personagem que merece caí no colo dessa galera e os caras me tomam as piores decisões possíveis! Lamentável demais…
Enfim, minhas ultimas fichas ficam mesmo na misteriosa nova produção em live action onde tudo que se sabe até agora é o novo ator a interpretar o personagem (Jack Kesy, o Black Tom Cassidy de Deadpool 2) e alguns outros nomes do elenco que parece que não vai contar com nenhum outro personagem recorrente do universo dos quadrinhos, e qual história vai adaptar (The Crocked Man, ou O Vigarista como ficou o título da HQ no Brasil). Não se tem imagens do set, do visual do personagem nem nada do tipo. E com a greve dos roteiristas, o filme ou série (não ficou claro até agora o que vai ser de fato) vai ficar lá pela metade ou final de 2024.
Enfim, post grande como há muito eu não fazia. Isso porque o plano era só falar do jogo de PS5 mas acabei me empolgado nas outras produções pouco faladas do meu queriduxo Hellboyzeira. Espero que tenham se divertido lendo o mesmo tanto que me irritei descobrindo que o jogo não vai ter cutscenes animadas. Até a próxima, quando a coragem bater de novo.
PS: Esqueci de dar essa informação bacana. A voz do Hellboy em Wer of Wyrd foi um dos ultimos trabalhos do ator Lance Reddick, que deve ser mais facilmente lembrado como o recepcionista do Hotel Continental em John Wick e, infelizmente, como Albert Wesker na PAVOROSA série Resident Evil da Netflix. O ator faleceu ano passado por complicações de uma doença cardíaca.