X-Men Mangá: A nobre arte de ser melhor que as HQs atuais…
Para muitos leitores de comics (os quadrinhos americanos), principalmente os voltados para as histórias dos super-heróis, a simples menção da palavra “mangá” já causa reações que podem ir da leve torção de nariz até o xingamento mais revoltoso, como se o termo ferisse a honra milenar da nobre arte (beijo Polvo Aranha) de se fazer quadrinhos.
O que pouca gente sabe é que alguns heróis 100% americanos já ganharam suas versões “zoiudas”, como Batman, Homem-Aranha e, claro, os X-Men.
Lançado em 1998 pela Bamboo Comics no Japão e pelo selo Marvel Imports da Marvel nos EUA, “X-Men: The Mangá” nada mais era que uma adaptação da famosa ( e MELHOR, apesar de mal animada pra cacete) série animada dos X-Men dos anos 90. Lançado em 12 volumes com uma média de 30 páginas por edição, o mangá cobriu apenas a primeira temporada da série.
O roteiro e a arte não ficaram a cargo de um único artista, sendo que o trabalho foi distribuído entre vários nomes nada famosos da indústria e resultando em trabalhos que variavam do fraco ao “mais ou menos, mais ou menos…” mas nunca em algo realmente memorável em termos visuais. Aliás, a total liberdade parecia ser a palavra na hora de desenhar, tanto que o autor da 16ª edição, o senhor Uoriya Ohashi, faz um trabalho que parece uma cruza de Osamu Tezuka com…sei lá…algum cartunista maluco. Confere:
Mas é justo dar crédito para os desenhistas. Mesmo que nenhum seja lá muito genial, alguns se saem muito bem e trazem um certo ar familiar a quem acompanhava os animes dos anos 90. Vou colocar algumas ilustrações em seguida e creditar cada um. O bichinhos merecem pelo esforço:
Nas edições 1 e 2 temos Hiroshi Higuchi, com um traço simples e até meio feiosinho em dados momentos, lembrando até um fanzine de um iniciante.
Nas edições 3 e 4 temos Koji Yasue, com um traço também muito simples mas um pouco mais definido que o do Hiroshi Higushi.
As edições 5 e 6 dão espaço pro traço angular de Miyako Kojima.
Nas edições 7 e 8 o traço melhor trabalhado de Reiji Hagiwara deixa o visual mais agradável.
As edições 9 até o inicio da 13 ficam nas mãos de Rei Nakahara, que traz aquela familiaridade que eu citei pro pessoal que assistia ou ainda assiste animes dos anos 90. Seu traço é o padrão usado nos animes (principalmente OVAs) produzidos entre 1995 e 1996.
De parte da edição 13 a até metade da edição 15 temos Hirofumi Ishikawa, que tenta dar uma mesclada no seu estilo com o do ídolo dos anos 90, Jim Lee.
Da metade da edição 15 e por toda a edição 16 temos o já citado e pouco se lixando pra fidelidade visual, Uoriya Ohashi.
Dá edição 17 em diante temos um claro caso de descaso com os artistas na edição americana do mangá, pois todas as histórias são creditadas ao já citado Hirofumi Ishikawa mas, além dos traços seguintes diferirem MUITO do dele, alguns desenhistas das primeiras edições voltam e você os reconhece prontamente. Vejam os desenhos creditados erroneamente das edições restantes.
Edições 17 e 18.
Edições 19 e 20 ( e o exagero medonho com as garras do Wolverine).
E pra resumir o coreto, as edições 21 à 26 voltam a ser desenhadas pelos mesmos três desenhistas das 6 primeiras edições. Um trabalho minucioso da Marvel na hora de cagar nos créditos.
Se você tem menos de 20 anos, dificilmente vá lembrar, mas este mangá já foi lançado no Brasil! Sim, jovos e jovas, a Mythos lançou em 1998 as edições 1 à 6 do mangá, divididos em dois números. A editora também lançou o mangá do Homem-Aranha, esse dos anos 70 e que falarei em um próximo post.
Infelizmente as duas publicações não alcançaram o sucesso esperado e foram sumariamente canceladas. Uma pena, pois apesar dos traços inconstantes e da história maluca no caso do Homem-Aranha, seria algo bacana pra se ter em mãos. Principalmente os X-Men, que trazem o roteiro da animação que é uma perola, tratando de muito do que se perdeu com o passar do anos na linha regular de quadrinhos dos mutantes, como o preconceito e o ódio dos humanos pela raça do homo-superior, as tramas bem amarradinhas e a total falta de tramas cheias de fatos idiotas colocados lá só pra chocar e chamar a atenção, resultando em um monte de histórias pífias e vazias.
Seria bacana que alguma editora envolvida com lançamentos de mangá, tomasse interesse por esse material e por muitos outros que levam os personagens dos quadrinhos de super-heróis para o universo do mangá, pois ainda temos muita coisa desconhecida no ocidente, como o mangá do Hulk e do Batman e Robin, por exemplo. Menos a Mythos…aí o negócio custaria R$80 por edição…
Ah, e antes de acabar por aqui, vale lembrar que os japoneses adoravam a série animadas dos X-Men dos anos 90, tanto que eles fizeram duas aberturas exclusivas que eram MUITO MELHORES que a série INTEIRA! Confere e até a próxima!