Vapor e Engrenagens – Parte 01 – Tudo que não é Steampunk

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E aí bando de acéfalo!
Flammer aqui, desvirginando (UI) meu espaço (AI AI) pra falar sobre um assunto que me detonou 3 anos de atividade criativa.

Antes de começar, definindo rapidamente o que é Steampunk.

Não sei.

Sério. Se alguem te perguntar o que é Steampunk e você responder “Não sei”, estará certo. Era pra ser um sub-gênero da fantasia, mas se tornou parâmetro para definição de tanta merda criada, que hoje em dia é mega difícil de se definir exatamente o que ele é.
A etimologia  começou com  uma piada sarcástica na literatura. Tal qual o Bóson de Higgs ser chamado de “The God Particle” (que na verdade era chamado de “A God Damn Particle”),  Steampunk surgiu de uma piada para definir “Cyberpunk no Século 19 com tecnologia  movida a Vapor”, logo Steampunk (ou Vaporpunk, se você for portuga).

Levando em consideração o conceito primordial, Steampunk seria Ficção Distópica Retro-Futurista Especulativa Histórica. Complicou? Seria como imaginar um futuro negativo na perspectiva  de quem vivia no seculo 19, podendo ou não que eventos ocorridos nesta época fossem outros, e motivasse a tecnologia a seguir por direções opostas as de hoje, ocasionando num mundo mais caótico, podendo ocorrer em universos ucrônicos que simulem este período.
É. Troço que só picão em historia e ciência manjaria de escrever (mesmo não precisando se apegar a realidade). PORÉM,  depois que o largo publico descobriu o termo, qualquer coisa que tivesse: maquinários a vapor  ou a corda e engrenagens como meio de transmissão de força mecânica, postura elitista típica da era vitoriana, ou cientistas malucos e suas engenhocas sem sentido em algum lugar do passado, apontam o dedo e dizem sorridentes “IH! ISSO É STEAMPUNK!! NOSSA, SEMPRE AMEI STEAMPUNK E NEM SABIA O QUE ERA!!”.

NÃO, FILHA DA PUTA! NÃO!

Se fosse assim, toda ficção retro-futurista que se passasse na era vitoriana seria  Steampunk! Retro-futurismo independe de gêneros! Escrever sobre um cientista que constrói maquinas voadoras não é Steampunk! É apenas ficção retro-futurista! Precisaria de distopia, de um mundo negativo! Se fosse assim, Jules Verne, H. G. Wells, ou até mesmo Arthur Conan Doyle seria Steampunk!

Resumidamente,  para poder escrever qualquer gênero é preciso entender bem sobre o que quer se escrever antes de denominar. É o que NÃO está acontecendo no Mundo. No Brasil tambem! Como o gênero tá mais em alta que cotação pra comer a tia do Bátima, galera leiga tá apontando tudo como Steampunk.

“Personagem tem oculos de solda na cabeça? Steampunk.
A historia tem um cientista com Máquinas a vapor!? Steampunk!
Tem engrenagens, airships, espartilhos E OCULOS DE SOLDA?!? STEAMPUNK!!!”

Esse negocio tá dando muito dinheiro, então quase todo joguinho na internet tem algum item, personagem, arma ou roupa “steampunk”. Virou termo pra definir qualquer coisa que tenha engrenagens e pareça antigo.

Ah! Olho atento, negada. O que mais tem é nego querendo te passar de otário e vender livros “do gênero” mas que não tem nada a ver. Como tá mega confuso, steampunk pra todo lado e ninguem estuda pra definir, negada empurra qualquer tipo de literatura barata pra o mercado. Se tiver na descrição para o editor “Ah! É tipo uma historia steampunk…”, os olhos do maluco já se enchem se cifrões e manda pra gráfica no ato! Uma boa pra quem quiser ganhar uma graninha, alias, se não tiver com saco pra escrever um livro, escreve um inicio de uma historia com maquinas a vapor e airships (dirigíveis que carregam navios, todo mundo vê isso nesses paranauês steampunks) e  manda o resto no Gerador de Lero-Lero, sucesso de vendas na certa!

Bom. Essa é apenas a ponta do Iceberg. Pretendo fazer outros posts mostrando um pouco mais sobre o quão escroto tá a cena literária de fantasia no mundo.

Ps.: Esse post tem 19 vezes a palavra “Steampunk”
Ps2.: No próximo vai ter ainda mais.

Abraços gostosos e beijos molhados =*

Flammer
16/01/2014