Uchuu Senkan Yamato 2199 / Space Battleship Yamato 2199
Como reboots devem ser feitos.
É importante lembrar a importância da série para a animação japonesa, quiça, mundial, embora poucos países tenham aprendido totalmente. Em 1973, quando estreou, alterou a forma de contar histórias na animação.
Foram três temporadas, divididas em sagas. A primeira mostrando a busca pelo planeta Iscandar, a segunda o combate contra o Cometa Império e a terceira contra a Federação Polar. Houveram filmes, tanto animados quanto em live action, mas o importante agora é justamente a primeira temporada. São 26 episódios e cada 4 episódios foram lançados como filme nos cinemas japoneses.
No ano 2199 a Terra está sob ataque dos alienígenas Gamilas e as bombas radioativas transformaram a superfície do planeta em um deserto. Os humanos sobreviventes estão refugiados em cidades subterrâneas. As defesas planetárias são quase ineficientes.
A unica esperança surge quando recebem uma mensagem vinda do planeta Iscandar. A rainha Starsha informa que possui um dispositivo capaz de limpar a superfície da Terra. No entanto é preciso ir até Iscandar. Como a Terra não possui uma nave com capacidade para fazer a viagem (Iscandar fica na Grande Nuvem de Magalhães, a uns 158.200 anos-luz da Terra) ela entrega os planos para o Motor de Ondas, capaz de levar uma nave para lá. Então a Terra, usando seus últimos recursos constrói a Yamato e confia que sua tripulação consiga fazer a viagem de ida e volta em no máximo um ano, o prazo estipulado que a radiação matará de vez toda vida na Terra.
E do outro lado, os Gamilas. Se a Aliança Rebelde tivesse que enfrentar o general gamilas Erk Domel, ao invés de Gran Moffs incompetentes e Darth Vader, nunca seriam mais do que alguns descontentes discutindo no Facebook. E acaba que as semelhanças de alguns alto-oficiais Gamilas com figuras de alto escalão da Alemanha Nazistas são pra lá de óbvias, como Heydom Gimleh e sua contraparte nazi Steve Rogerns Reinhard Heydrich, ou o conselheiro de Dessler, Redof Hyss (Stev…. Rudolph Hess).
Então fica um manual de como reboots deveriam ser feitos. Os personagens são respeitados e reconhecíveis, tanto em aparecia quanto em personalidade (ambos melhorados), inclusive entre os Gamilas, o tom bizzaro e quase humoristico dos comandantes gamilas foi reduzido a um minimo aceitável e eles foram bastante humanizados, modo de dizer.
E oh, veja só isso. Novos personagens são acrescentados (mulheres na tripulação da Yamato em particular, já que na série original só havia praticamente uma, Yuki, nem me lembro se apareciam outras sequer nos corredores da nave, e um personagem que era um homem, Akira Yamamoto, agora é uma mulher. Algo assim também aconteceu com Starbuck na refilmagem de Battlestar Galactica), e eles tanto, não roubam o palco dos clássicos quanto não são obscurecidos por pelos mesmos, e sim se integram e melhoram a trama.
Trama essa que, embora siga a linha da série clássica, é muito mais elaborada, mesmo tendo a metade dos episódios.
A Yamato é a boa e velha Yamato, num certo sentido. Aqui, não é a própria Yamato da Segunda Guerra, mas uma nave construída sob ela, para evitar que os Gamilas notassem. A analogia com um oceano no espaço é levada além da própria Yamato. A missão em si, uma corrida desesperada e praticamente fadada ao fracasso, parece reminiscente da ultima missão da Yamato na Segunda Guerra, a Operação Ten-Go.
Sabe o que mais você faz num reboot bem feito? Alusões ao original, para agradar os fãs das antigas, como a teoria que Yuki explica para algumas crianças, de que o bombardeio com meteoros radioativos é um tipo de terraformação dos Gamilas (está errado, mas era isso na série original) ou os robôs de combate que os Gamilas usam (na versão americana, Starblazers, os soldados de Gamilas mortos nas trocas de tiros foram traduzidos como robôs, naquele tipo de censura maluca americana, aqui, uma boa parte eram robôs mesmo).
Mais então? A trilha sonora, repleta de temas rearranjados da série clássica, e feita por Akira Miyagawa, filho de Hiroshi Miyagawa, fazedor da trilha original. E claro, colocar Isao Sasaki para cantar a abertura.
Enfim. O resultado é um reboot que é ao mesmo tempo fiel ao original e acrescenta elementos novos e modernidades para atualizar a bagaça, sem ofender a inteligencia e as memórias afetivas de ninguém.