Tokyo Magnitude 8.0
Vai descendo até o chão.
Esse é um anime que é difícil. O tema é simples.
Num dia normal, a adolescente Mirai leva, a contragosto, seu irmãozinho Yūki para uma feira de robôs em Odaiba, uma ilha artificial que fica em Tóquio. Ela está naquela fase da adolescência de reclamar de tudo e ficar com a cara afundada no celular. Então passa o dia emburrada.
Nisso, a cidade é atingida pelo maior terremoto já registrado ali, 8.0 na escala Richter. A infraestrutura de serviços, embora tente funcionar, praticamente desmorona devido a enormidade da catástrofe. Nada funciona. Sinais de celular, telefones, a comunicação está interrompida em sua quase totalidade.
Felizmente eles acabam se unindo com Mari, uma mãe solteira que trabalha como entregadora. Juntos os três tentam chegar à suas casas, que não são exatamente próximas, mas ficam na mesma direção, em uma Tóquio destroçada, praticamente sem serviços públicos.
A escala do terremoto pegou mesmo os preparados japoneses de surpresa. Então, prédios desmoronados, ou desmoronando, incêndios, aftershocks e todo tipo de desastre acontece. Não duvido que, se fosse aqui em terras brasilis, seria apocalíptico, com centenas de milhares de mortos. Ou mais.
Não é um anime depressivo, tem seus momentos mais alegres, mas no geral o clima é um tanto quanto opressivo. Felizmente não é um dramalhão.
Levando em consideração que, existe uma chance de 70% que um terremoto de magnitude de 7.0 ou mais atingir Toquio nos próximos 30 anos, é um alerta sombrio e demonstra bem a forma como os japonseses lidam com tragédias. Afinal, é o povo que criou um enorme lagarto radioativo destruidor menos de dez anos de levarem duas bombas atômicas na cabeça.
A equipe de criação é acima da média, contando com trilha de Kou Ootani, fazedor das musicas de Shadow of the Colossus (conhecido por sempre estar na mesma frase que “videogame é arte sim”) e direção de Masaki Tachibana do ótimo Seirei no Moribito e é um sujeito que sabe conduzir uma historia. Os desenhos são simples, bonitos, com cenários extremamente bem detalhados, obrigatório numa historia com esse tema, mas foda-se os desenhos. A historia é a razão de ser.
Um ótimo exemplo de realismo em animação, nesse desenho, como na vida, não há ninguém superpoderoso para nos salvar. Vamos depender uns dos outros.