Street Fighter Sakura Ganbaru: Quando o discípulo supera o mestre.

“Surpresa” é a palavra que define esse mangá!

Se você leu o meu review sobre o mangá Street Fighter Alpha de Masahiko Nakahira (caso não tenho lido, pode ler clicando AQUI), viu que eu até o achei divertido, mas o roteiro com momentos sem sentido, uma ignorada no Akuma e os golpes extremamente exagerados me desagradaram e acabou recebendo uma nota 6,5. Isso posto, restava ainda o spin off da série focado na personagem Sakura, que é introduzida no finalzinho do mangá principal, e nesses dois volumes são mostrados sua busca desesperada para encontrar o desconhecido homem que a salvou do medonho Bison. Eu confesso que não esperava NADA desse mangá…aliás, esperava sim, esperava que tivesse uma qualidade inferior a obra principal, que já não era grandes coisas, e o fato de ser um spin off caça níquel só fortalecia esse pensamento. Quão feliz estou por dizer que, sim…eu quebrei a cara!

Curiosidade inútil: As capas originais de Sakura Ganbaru foram redesenhadas para o lançamento nos EUA pelo Estúdio Udon, responsável pela quadrinização da série Street Fighter que sai por lá. Como podem ver, deixaram mais soft e foram essas capas que a New Pop acabou utilizando aqui no Brasil.

Também escrito e desenhando pelo mesmíssimo Masahiko Nakahira (em paralelo com a série principal, diga-se de passagem), Sakura Ganbaru, como já dito, é focado na busca da garota pelo misterioso homem que a salvou, ao qual ela apenas chama de “aquela pessoa” já que não sabe o nome do karateca mais famoso do mundo dos vídeo-games, nosso querido Ryu. Para mostrar essa busca, Nakahira dividiu a história em duas pequenas sagas. A primeira mostra Sakura Kasugano em seu dia a dia de estudante comum e porradeira incomum, se envolvendo no mundo das brigas de rua com a ajuda do nada sábio Dan Hibiki, o qual se auto-intitula seu mentor, tudo afim de aperfeiçoar suas técnicas até o dia em que encontre “aquela pessoa” novamente e possa enfrentá-lo de igual para igual. É quando entra a rival de Sakura, a ricaça Karin Kanzuki, que encasqueta de que quer derrotar Sakura de qualquer maneira. O grande problema é que Karin é uma besta fubana das artes marciais, sendo faixa preta em vários estilos enquanto que Sakura é apenas uma auto didata de um estilo só. No entanto, ainda assim, Sakura derrota Karin (não sem antes apanhar feito cachorro ladrão) com um triplo Shoryuken, técnica que a riquinha desconhecia completamente. Mas você achou que com essa derrota Karin sossegaria o facho? ACHOU ERRADO, OTÁRIO!

Agora sim é que Karin fica mais obcecada em derrotar Sakura e “lavar a honra de sua família”, só que dessa vez ela tem um plano novo: organizar um autêntico Street Fighter! As regras são as seguintes: Cada competidor usará um broche com o desenho de um punho. Os competidores estarão espalhados pela cidade e, ao se encontrarem, devem duelar, aquele que vencer fica com o broche do oponente, os que tiverem mais broches ao final devem se enfrentar até que um saia vitorioso. Sim, é quase um Pokémon só que sem os bichinhos e um tanto mais violento…

As lutas transcorrem e Sakura vai vencendo os desafios um a um. No entanto, para surpresa de todos, um certo campeão americano de karatê shotokan entra na competição e isso faz com que Sakura queira encontrá-lo a todo custo, pois esse tal campeão conhece “aquela pessoa”. Claro que estamos falando de Ken Masters e claro que temos o duelo final entre Sakura e Ken. Obviamente Sakura perde (mas até que dá um trabalhinho pro Ken deixando-o até com uns machucados bem ferrados) mas Ken, vendo a admiração que a menina tem por seu amigo, incentiva-a a aproveitar as férias escolares e viajar pelo mundo em busca de Ryu com o desafio de ver quem o encontra e derrota primeiro. E assim termina o primeiro volume.

O volume 2 já seria um “world tour” de Sakura em busca do Ryu. A menina consegue o dinheiro após um comprador misterioso aparecer e pagar uma fortuna pelo troféu de vice-campeã que ela ganhou no campeonato organizado por Karin. Claro que Sakura não é burra e saca logo que o cara foi mandado por Ken Masters para dar dinheiro a menina e permiti-la começar sua jornada. Então, munidos de dinheiro e força de vontade, Sakura e Dan Hibiki partem pelo mundo ao encontro do mais forte (leia-se “Ryu”). A primeira parada é na China, onde, após se envolverem com uma rede de prostituição que tenta incluir Sakura em seus planos nefastos, encontramos Chun-Li disfarçada, a qual salva o rabo da japonesinha (literalmente). Chun Li decide ajudar Sakura em sua busca mas ambas acabam se deparando com o terrível assassino mestre em Kung Fu, Gen. O velhote estava caçando Cammy, que havia sumido em Street Fighter Alpha após a derrota de Bison. Aliás, é explicado aqui que o nome Cammy foi dado a loirinha de maiô pela Sakura, já que ela não lembrava de seu passado e, segundo a própria Sakura, ela lembrava uma gata que vivia na sua vizinhança e tinha uma cicatriz na bocheca. Cammy não apenas adota o nome como o adora de imediato.

Talvez essa entrada pulando sobre o Dan tenha ajudado a Sakura a escolher o nome…

Mas voltando a porradaria, Gen quase mata Chun Li e acaba por enfrentar Sakura, mesmo que essa saiba que não tem chance. Sakura só sobrevive por que Gen vê que a garota, apesar de usar técnicas de hadou, a qual contém os obscuros caminhos para o Satsui no Hadou, não tem maldade em seu coração, muito pelo contrário. Gen relembra que um dia já foi assim, deseja a Sakura que ela não mude e parte, deixando-a apenas inconsciente.

A próxima parada é a Russia, onde o “cossaco de aço” os aguarda (ele não é chamado assim no mangá, mas sempre lembro dele sendo chamado assim Street Fighter II: O Filme ). Obviamente me refiro a Zangief. O problema aqui é que Sakura foi mandada a Russia por uma dica de Cammy, no entanto Cammy havia sido treinada por Zangief a mando da Shadaloo. O que o russo grandalhão não sabia era que a Shadaloo era uma organização criminosa e saber que tudo que ensinou a Cammy foi utilizado para fins malignos o deixa indignado e ele desafia a inglesinha para um combate. Cammy já estava pronta para ser derrotada e se redimir…até que Sakura sobe no ringue e diz que vai lutar junto a Cammy. Zangief aceite e tem inicio um combate desvantajoso…para Cammy e Sakura. Antes de ser derrotado (com muito, muito, MAS MUUUUITO CUSTO) Zangief diz que Sakura deve ir até a Tailândia para encontrar o homem que conhece Ryu mais que ninguém. Próxima parada…Sagat.

O encontro com Sagat é breve e Sakura não luta contra o gandalhão (como Sagat não é de ficar de “brincadeira”, provavelmente teria transformado Sakura em paçoca), o qual apenas diz que Ryu estava no Japão o tempo todo (o dinheiro da viagem foi todo gasto quase a toa…). Sakura quer voltar par ao Japão o mais rápido possível, mas Dan Hibiki diz que tem contas a acertar com Sagat ( caso você não saiba, Sagat foi o responsável pela morte do pai de Dan). Sakura ruma para o Japão e deixa Dan ter seu duelo final.

Já no Japão, Sakura encontra Ken e com uma ajudinha cretina de Karin, é lavada até o Castelo Suzaku, local onde Ryu treinava (e seu estágio em Street Fighter II). Lá Sakura finalmente o encontra e pede pelo duelo que tanto esperou. Ryu aceita sem pestanejar e, sem muita surpresa, derrota Sakura (apesar de ela dar um trabalhinho também). Ryu vai embora e responde ao pedido de Sakura para lutarem mais uma vez dizendo que da próxima ele é quem vai procurá-la. E o mangá termina com Ryu cumprindo essa promessa.

Sim, esse é o final que, anos depois, serviria de inspiração para o final da personagem em Street Fighter 4.

Como deu pra perceber, ao contrário de Street Fighter Alpha, Sakura Ganbaru tem um roteiro mais dentro da proposta do  próprio Street Fighter. Um roteiro mais “pé no chão”, eu me arriscaria a dizer, e que fez muita falta na obra principal. Isso sem falar que, graças a Odin, os golpes não são megalomaníacos e exagerados ao extremo como em Alpha, gerando ótimas cenas de luta e passando o espírito do jogo com mais fidelidade. Os personagens também estão muitíssimo bem representados, com destaques especiais para a própria Sakura, que esbanja carisma, e ao Dan Hibiki, que, assim como no jogo, é o alívio cômico a todo momento (mesmo que o mangá não tenha momentos realmente pesados).

E também apanha desgraçadamente o tempo todo…

Minha opinião quanto ao traço do Masahiko Nakahira continua o mesmo, ou seja, eu gosto MUITO! Mas cabe aqui dar uns pontos a mais para o rapaz. Enquanto eu reclamei que em Street Fighter Alpha ele carregava os desenhos de alguns golpes com explosões em excesso, causando uma certa confusão visual, aqui a coisa melhora DEMAIS, já que a Sakura não apela pra 10 hadoukens seguidos, como o Ryu fazia no Alpha. As lutas puxam mais pra trocação com um ou outro golpe especial sendo largado no processo, o que deixou os combates mais ágeis e agradáveis de se acompanhar. Ah, e cabe também mencionar que Nakahira pega momentos dos games e transportar pras páginas com perfeição, e não falo apenas dos golpes e especiais, falo das apresentações dos personagens, por exemplo. Você consegue reconhecer vários desses momentos, como a chegada da Sakura na arena como se estivesse atrasada e dando aquela “freiadinha” com os calcanhares. Mais um ponto pro Nakahira!

Ah, vale citar também as participações especiais nos dois volumes. Além das já citadas participações de Chun Li, Cammy, Dan Hibiki, Karin, Gen, Zangief, Sagat e Ken temos as aparições especiais de Balrog e Blanka, do desconhecido para muitos Lee, personagem do Street Fighter 1 e que luta contra Sakura no volume 1, e de alguns personagens que não são de Street Fighter mas, sim…de Final Fight! E não, não estou falando de Guy, Cody ou Hagar. Em refiro a Maki Genryusai do Final Fight 2 e que protagoniza uma das lutas contra a Sakura no volume 1 e um sujeito que se parecer DEMAIS com Dean do Final Fight 3 como…chefe da Chun Li! Eu disse “parece” porque não tenho certeza , e o personagem aparece no final da personagem em Street Fighter Alpha. Pode ser, pode não ser…fica a imagem abaixo para vocês tirarem suas próprias conclusões:

 

Pra finalizar (FINALMENTE), Street Fighter: Sakura Ganbaru fez o que eu não esperava ser possível e superou EM MUITO a qualidade da obra de origem, Street Fighter Alpha. Um história divertida com ação e humor na medida certa e, certamente, um dos melhores materiais com o nome Street Fighter que já li! Mais que recomendado!

NOTA: 8,5