Shade – O Limite da Visão

Ainda falta muito pra passar minhas últimas compras à limpo.

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Os eventos da edição são continuação do primeiro encadernado (resenhado aqui). Shade continua na sua jornada conta a entidade conhecida como o Grito Americano, que é a personificação da insanidade coletiva e neuras que habitam o inconsciente coletivo da terra do Tio Sam. Porém o embate não é direto, o grito possui muitas formas de agir, fazendo com que novos adversários surjam, simplesmente dando vazão à loucura de algumas pessoas simples.

O que acaba sendo um grande chamariz nessa revista é que, mesmo após 15 anos da sua publicação original, ela ainda soa inconvenientemente atual. De cara o primeiro embate do insólito herói é contra uma entidade autodenominada A Canção dos Inominados, um ser que ganha força através de todos aqueles que vivem no meio à condições de pouco ou nenhuma dignidade nas ruas. Seu poder não é transformar pessoas “normais” em indigentes, mas apenas aflorar o potencial que todos tem para tal. A maneira com que Shade consegue derrotar a Canção dos Inominados é simples, pena que não pode ser usada no mundo real.

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Logo depois se inicia um embate (será que dá pra chamar assim?) contra Arnold Major, um hippie fritado de ácido que acha que consegue dominar o poder do Grito através do amor. Segundo Major, o Grito apenas amplifica o que já existe dentro da pessoa, então se a pessoa só possuir amor, então o Grito só pode amplificar  o amor. Seria um plano com chances de dar certo, mas ninguém é feito de apenas um sentimento, e por mais que tente esconder seus defeitos, Arnold é justamente a grande falha de seu próprio estratagema.

Vampiros de Normas é outra história amargamente atual, na qual um cidadão de bem se torna obcecado a transformar toda a sua cidade em cidadão de bem, ou seja, humanos medíocres, com vidas medíocres, pensamentos medíocres e aspirações medíocres, com seus lazeres medíocres e mediocridade disfarçada de felicidade. Para tal, o cidadão de bem dispõe de uma máquina normalizadora, criada há muito tempo por seu pai, capaz até de alterar a etnia das pessoas (já que outras cores em uma vizinhança de bem também não é normal). A maneira como a história termina é genial.

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As três últimas edições que fecham o encadernado possuem o mesmo título dele, O Limite da Visão. Pra quem não se lembra, quando Shade vem de sua dimensão para a nossa, ele acaba por possuir o corpo de Troy Grezner, um assassino em série condenado à  cadeira elétrica. Grezner parecia estar sob controle, mas uma série de assassinatos coloca essa certeza em cheque. Para deter o assassino, Shade se alia ao detetive Stringer, um homem que parece mais familiarizado com os eventos insanos que ocorrem pelo país do que o esperado de alguém comum.

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Como já dito antes, assim como os encadernados do Monstro do Pântano de Alan Moore e Patrulha do Destino de Grant Morrison, ainda não entendo o motivo deste material ser lançado em papel jornal e capa cartonada, sendo que tem material bem chulé por aí sendo lançado em capa dura e com preço mais em conta. As históris seguem em um fluxo no qual ler muito rápido é se arriscar a ter uma dor de cabeça, além de não entender muita coisa. A arte do Chris Bachalo está muito boa e ajuda muito na loucura proposital de Peter Milligan. Mais que recomendado, mesmo com o acabamento inferior.

Godoka
06/09/2016