Sete Homens e um Destino (2016) – Resenha
Já ofereceram muito pelo meu trabalho, mas nunca tudo.
Alguns meses atrás, quando vi sobre esse remake, tive a reação natural de “caralho… outro remake de alguma coisa”. É natural como abrir os olhos ao acordar. Mas pensando como o remake de Bravura Indomita ficou bom, resolvi dar uma chance para esse.
Vamos à trama. Há de se lembrar que, embora o vilão e sua motivação sejam diferentes nos filmes, a trama em si é a mesma.
A pequena aldeia mineradora de Rose Creek está sendo subjugada por Bartholomew Bogue, um ricaço que entende “direitos trabalhistas” como uma bala de chumbo atravessando um crânio. Ele afirma ter comprado toda a mina da região e vai comprar a cidade toda. Tá certo que é por uma ninharia. E ele afirma que é bom aceitarem em até três semanas, senão…
Na verdade, o “senão” é bem explicito. Ele manda seus capangas queimarem a igreja e matarem um punhado de pessoas ali.
Sendo um bando de camponeses, sem capacidade para lutar contra o enorme exercito contratado de Bogue, a recém viuva Emma Cullen (Haley Bennett), e seu amigo Teddy Q (Luke Grimes) saem em procura de alguém que possa ajuda-los.
O primeiro que encontram é Sam Chisolm (Denzel Washington), inspirado, muito, no lendário fodão-pra-caralho Bass Reeves, quer dizer, só seria mais foda se ele cavalgasse um tiranossauro ciborgue. Como um caçador de recompensas, ele acaba se comprometendo a recrutar outros caras.
O que acaba levando até Josh Faraday (Chris Pratt) é um trambiqueiro, que sobrevive indo de cidade em cidade e ganha dinheiro na jogatina. E seguem o recrutamento, com o lendário atirador da guerra de Secessão, Goodnight Robicheaux (Ethan Hawke) e seu amigo chinês Billy Rocks (Lee Byung-hun).
Seguem então o bandito Vasquez (Manuel Garcia-Rulfo), o homem-da-montanha Jack Horne (Vincent D’Onofrio), que foi inspirado em outro cara hardcore, Porter Rockwell, e por fim o indio comanche Red Harvest, (Martin Sensmeier).
Por sinal, esse nome, é do caralho. Red Harvest (Colheita Vermelha, ou seja, de sangue) é o nome de um livro noir de Dashiell Hammett. Que por sua vez inspirou Akira Kurosawa a fazer Yojimbo, que inspirou Por um Punhado de Dólares. Fuck.
Os sete então vão até Rose Creek, lutar um combate impossivel.
O elenco é um ponto alto do filme, com personagens bem construidos, ainda que relativamente simples, personagens simples e marcantes são caracteristica do genero.
Como remake ele segue um caminho estranho, mas o diretor já havia declarado isso. Haveriam muitas mudanças, mas não o suficiente para alienar completamente os filmes uns dos outros. A natureza da ameaça é outra, Bogue é um industrialista, que se compara, erradamente, com Rockefeller e Vanderbilt, já Calvera e o chefe em Os Sete Samurais eram bandidos que saqueavam a aldeia. A propria aldeia, era no México no filme de 1960.
Outro sinal da mudança dos tempos é o destaque de Emma Cullen, embora as esposas de fazendeiros tivessem que ser duronas por definição, e a mistura racial que são os Sete. Como mencionei antes, o Oeste era um caldo racial muito diverso, mas não era comum que esse pessoal se misturasse. Mesmo o personagem de Cris Pratt, Faraday. Os irlandeses eram vistos com apenas um pouco mais de simpatia do que os negros. Mas isso não depõe contra o filme.
A trilha sonora é muito boa, o ultimo trabalho de James Hormer, que fez um trampo muito bom, mas realmente não no nivel de Elmer Bernstein. Mas seria pedir demais.
Não é um filme que vai se tornar algo a ser lembrado pela eternidade, mas diverte, como um bom western tem que fazer.
Então o que fica é um remake que, embora não tenha a qualidade de clássico como o filme de 60, ou de Os Sete Samurais, não faz feio e pode cavalgar junto com esses filmes em direção ao pôr-do-sol.