Semana do Relativismo Tempo Espaço – Contato
“Minha maior esperança, é que meu livro se torne obsoleto por uma descoberta cientifica real.”
Pensei em dar sequencia nesta Semana Temática com um filme que é puro relativismo tempo espaço, Interestelar. Mas me lembrei de duas coisas. A primeira que esse filme já foi resenhado no site duas vezes.
A segunda que pode ser melhor ir para algo mais simples, então vamos para Contato.
É um filme de pedigree, dirigido por Robert Zemeckis, baseado num livro de Carl Sagan e estrelado por Jodie Foster. Não é pouca coisa.
A personagem de Jodie Foster é a dra. Ellie Arroway, que trabalha para o programa SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence, Busca por Inteligencia Extraterrestre). O SETI monitora radição eletromagnetica vinda do espaço para bucar sinais de vida alienigena, como transmissões. É um programa que teve seus altos e baixos, sempre sofrendo com poucas verbas, e era uma das meninas dos olhos de Sagan.
Em dado momento, o SETI recebe uma transmissão vinda de Vega, à 26 anos luz daqui. A transmissão contém, entre outras coisas, instruções para a construção de um dispositivo que abriria um Buraco de Minhoca, conectando dois pontos no espaço, e permitiria a viagem de um “embaixador”.
Todo mundo coloca a mão no bolso para construir a traquitana, no Cabo Canaveral. Devido à fatores além de seu controle, Ellie acaba não sendo escolhida para a missão de embarcar no Módulo. Melhor pra ela, já que um fanatico religioso aciona uma bomba que explode a porra toda.
Algum tempo depois, Ellie é contatada pelo moribundo bilionario russo S.R. Hadden, que está morando na estação espacial MIR. Ele informa que esperava que a coisa desse merda e construiu, com a grana dele outra instalação, no Japão.
Lá Ellie é enchida de equipamentos de gravação e embarca no módulo. O que acontece em seguida é como uma viagem pelo que parecem ser vários Buracos de Minhoca, com ela acabando parar em um lugar que parece ser uma praia, tirada de um desenho feito por ela mesma, quando menina.
E lá está seu falecido pai. Ele entretanto se apresenta como um Vegano e diz que carne é assassinato está nessa forma para que ela compreenda melhor. Da mesma maneira, a praia também teria sido tirada de suas memórias e que, a raça humana estaria quase pronta para se lançar ao espaço.
Então Ellie acaba acordando no chão do módulo, que foi resgatado por uma rede. Aparentemente a viagem falhou, pois o modulo simplesmente atravessou o aparelho e caiu. Só que o equipamento de gravação dela mostra 18 horas de estática gravada.
O posicionamento do filme sobre alguns temas é bem curioso. Por um lado temos os fanaticos religiosos (cujo lider é interpretado pelo bizarro Jake Busey, filho do igualmente bizarro Gary Busey) que destroem o primeiro equipamento, por puro medo. E temos o personagem do dr. Joss, um filosofo cristão, que acaba sendo o unico que acredita que Ellie fez a viagem. Ele atribui isso, e até o timing da recepção da mensagem (justo quando o programa SETI está para ser encerrado) à algo que apenas sua fé poderia explicar.
Outras duas controversias foram o uso dos verdadeiros ancoras da CNN no filme, o que atualmente praticamente não acontece. A razão seria que isso denigriria a credibilidade dos reporteres. Bem, eles não parecem precisar de ajuda pra isso. Fora o fato da CNN e da Warner serem do mesmo grupo de empresas.
E a outra é a questão da pilula de cianureto. Antes da partida, os cientistas da NASA dão para Arroway uma pilula, “só por precaução”, dizem, caso os Veganos que valem, porque são de Vega, sejam hostis. Como se os daqui fossem pouco. Isso teria sido um procedimento real durante a guerra fria, feito com os astronautas, caso as coisas dessem errado no voo. Era uma insistencia de Sagan nesse assunto, mas até agora negado por todos que trabalharam na NASA. Jim Lovell, o cara da Apollo 13, disse que se um astronauta quisesse se matar, bastava abrir a porta.
Um detalhe interessante é o personagem Kent Clark, o astrofisico cego. Ele é baseado em Kent Cullers, um astrofisico cego que trabalhava para o SETI, além de ter o nome de outro sujeito com audição muito boa.
Sagan escreveu junto com sua esposa, Ann Druyan o primeiro rascunho de Contato em 1979, e foi alterando aqui e ali com o tempo, esperando poder adaptar para filme e não chegou a ver esse concluido, pois morreu poucos meses antes da estreia.
Realmente algumas coisas do filme se tornaram obsoletas, talvez não exatamente como Sagan queria na frase lááá em cima, mas isso não diminui o filme, de forma alguma.
O que o faz é parar para ver como aparecem buracos enormes no roteiro perto do fim do filme. Se não acreditam em Ellie, porque não mandam outra pessoa? O equipamento está no Japão, intacto. Por mais que os adeptos de teorias de conspiração pensem, a NASA é uma organização civil, que luta constantemente contra cortes de verbas. A divulgação da verdade não faria seu orçamento ir pras alturas?
Os argumentos do cara no final, que tudo era uma pegadinha do milionario russo foram pra que? Preservar o status quo? Qual status quo? O planeta já havia aceitado a ideia de vida alienigena.
Bem, são questionamentos que aparecem, mas ainda sim, é um filme legal. Mas é melhor que cientistas continuem fazendo ciencia, não roteiros.