Semana do Dungeon Incomum – Goblin Slayer
“Eu não salvo o mundo. Eu mato goblins.”
Goblins são uns dos mais comuns monstros de fantasia, geralmente retratados em uma formula: perigosos em grande numero ou para camponeses e aventureiros iniciantes. Conforme o aventureiro se torna mais experiente e poderoso, passam a ser menos que um incomodo. São praticamente um tutorial para aventureiros. Isso é comum em praticamente toda midia que os descreve.
E não é pra menos. Fisicamente, um goblin é pouco ameaçador, do tamanho de uma criança e com força semelhante. Normalmente covardes e não muito inteligentes, podem ser astutos no entanto. São vistos às vezes como pouco mais que pragas, “infestação de goblins” seria uma palavra. Quase como ratos. E aí mora um perigo que esse mangá explora de maneira fantastica.
Assim como ratos, goblins são perigosos em grande numero, e quase sempre estão em grandes numeros quando resolvem atacar, o que fazem com uma grande ferocidade, sempre que se veem com vantagem numerica avassaladora ou com o uso de armadilhas e emboscadas.
A historia começa com uma jovem clériga indo se registrar na guilda de aventureiros de uma cidade. Ela recebe uma placa de porcelana, indicativa de seu nivel e é convidada para participar de uma busca, eliminar um ninho de goblins que atacou um vilarejo próximo.
E partem os quatro, iniciantes como ela. Encontram a caverna, um túnel reto, e avançam, com o guerreiro e a monja na frente e a cleriga e a maga atrás. Formação clássica.
Em pouco tempo as duas são emboscadas, a maga esfaqueada no estomago, o guerreiro feito em pedaços, já que sua espada grande não permitia que ele atacasse eficientemente dentro da caverna, a monja subjugada e violentada e a clériga atingida por uma flecha ao tentar fugir carregando a maga.
O cheiro do medo, e da urina, da clériga deixa os goblins ainda mais animados e agressivos, mas quando eles se aproximam para pegar a menina, são atacados pelas sombras. E a clériga encontra o Goblin Slayer.
Há duas grandes e obvias influencias aqui, o mangá Berzerk, em especial em suas primeiras fases e Dark Souls. É impossivel não notar isso, em especial no protagonista, o Goblin Slayer. O visual remete muito as armaduras iniciais do jogo, com tudo bastante simples e utilitário.
O Goblin Slayer é o combatente pragmático definitivo. Ele vai usar tudo que estiver a seu alcance para matar goblins da maneira mais rápida e eficiente, se possivel sem dar chances de revide. Sua armadura é comum, couro e aço, protegendo áreas vitais sem prejudicar a necessaria furtividade. O escudo, pequeno, para não ser um empecilho. Tudo com boa manutenção, mas sem brilho e sem cheiro de metal novo, sujo mesmo. Sua espada é comum, curta e adequada para combate em tuneis estreitos e cavernas, embora ele não seja avesso a usar o que estiver à mão, mesmo as armas dos proprios goblins. Mas se for possivel envenenar toda a tribo sem lutar, ele irá. Ou atear fogo neles. Ou seja o que for, desde que o resultado sejam goblins mortos. Sem sobreviventes.
E ele tem razão. Mais de um aventureiro encontrou um destino horrivel ao poupar um goblin ferido ou uma criança. Veja, goblins aqui seguem uma lógica sayajin, se sobrevivem, ficam mais fortes, inteligentes e até maiores. Não é comum, dada sua taxa de mortalidade, mas podem ser verdadeiramente perigosos em comparação aos outros goblins, aprendendo magia ou se tornando estrategistas eficientes. Não foram poucas vezes que a recompensa por poupar um goblin tenha sido uma pedra na nuca no momento seguinte.
Poucas vezes na fantasia esses monstros foram retratados da mesma maneira que aqui. São absolutamente traiçoeiros e crueis, se deleitando em matar e violar (seu metodo de reprodução, não há femeas goblins), ferozes e com um tremendo ódio por tudo que não seja eles mesmos. E o ódio do Goblin Slayer por eles não parece menor. Isso criou a sua fama, não muito boa, na verdade. Conforme os aventureiros vão se tornando experientes, tendem a menosprezar pedidos de missão relacionados à miseros goblins, mas o Goblin Slayer aceita apenas esses e recebeu o rank de Prata, o terceiro mais alto, cumprindo apenas missões de exterminio de goblins.
E só para constar. A maga não sobrevive e o Goblin Slayer só lhe dá uma morte misericordiosa. A monja talvez preferisse ter morrido.
Uma coisa curiosa são os nomes dos personagens. Nenhum. Todos eles são chamados pelo nome de sua classe ou um apelido, “Clériga”, “Goblin Slayer”, Lanceiro” e por aí vai, mesmo os recorrentes.
Goblin Slayer é adaptação de uma light novel, que tem umas passagens ainda mais violentas. Não que o mangá não seja. A coisa toda é bastante cruel e há todo tipo de sangue e gore, por sinal, com uma arte do cacete, e uma historia que progride lentamente, mostrando o perigo que essa criatura tão subestimada pode significar.
O Goblin Slayer cimentou uma reputação entre os leitores que acabou levando a comparações entre ele e cascas grossas do calibre do Guts e do Doomguy, seu personagem em Doom, particularmente a versão de 2016, devido à sua atitude “rip and tear” ao lidar com seus inimigos e seu ódio por eles.
Então para quem curte Dark Souls e quem precisa ocupar o tempo entre as duas atualizações anuais de Berzerk, tanto Goblin Slayer quanto o prequel que começou a sair são mais que recomendados.