Como a vovó fazia

Aqui mesmo já cobrimos animes que falam de comida como o orgasmático Shokugeki no Souma ou o porradeiro Ben-to.

No entanto nem só de gente tendo delirios cósmicos ou se enchendo a porrada vive os animes de comida. Às vezes é preciso ver o que as pessoas normais estão comendo.

Ou bebendo em seus cafés de 30 reais

O que nos leva à Kouhei Inuzuka. Esse pacato professor de matemática se tornou viuvo recentemente e tem que cuidar da filha pequena, Tsumugi. A principal de suas dificuldades é  fato de que sua comida está proxima do ponto de intragável, o que obriga ele e a menina a sobreviverem de pratos feitos, algo que arrepiaria os cabelos de qualquer nutricionista ou pediatra.

Até que, durante um passeio para observar as cerejeiras, eles topam com uma estudante chorando enquanto come uma marmita imensa sob uma árvore.

A moça, Kotori Iida, depois de ser abordada por Tsumugi, explica que está triste porque sua mãe cancelou o almoço juntas o que acabou levando ela a comer toda a comida e chorar. Ela se desculpa por não ter o que dividir, depois que Tsumugi mostra estar muito interessada na comida e convida a ambos para irem ao restaurante da familia.

O que eles não fazem, à principio. Mas depois Inuzuka percebe que Tsumugi tem comido cada vez menos, se sente culpado, então resolve leva-la até lá. Chegando, Kotori explica que na verdade estão fechados já que a mãe dela não está e ela própria não sabe cozinhar. Mas a insistencia de Tsumugi acaba fazendo que ambos comam o unico prato que Kotori sabe fazer, arroz.

Eles chegam à um acordo então. Inuzuka irá trazer a filha ao restaurante quando ele estiver fechado (quase sempre atualmente) e assim ele e Kotori irão usar a cozinha para aprender a fazer as receitas deixadas pela mãe dela.

Para por exemplo, vencer o desafio de fazer uma criança comer vegetais

O anime segue então mostrando a vida deles e as receitas do prato que estão comendo no dia. Notamos que esse acerto entre Kotori e Inuzuka nasce não apenas da necessidade mais óbvia de ambos (Kotori quer reabrir o restaurante e Inuzuka quer alimentar melhor a filha), mas também de aliviar a solidão que sentem, e mesmo Tsumugi, que não entendeu bem que a mãe não vai voltar.

O anime evita as armadilhas óbvias desse tipo de cenário, como colocar algum interesse romantico, embora Kotori acabe desenvolvendo algum, ou se focar no drama, ainda que haja em certos momentos. Há um grande foco na preparação dos pratos e a produção se esforça para faze-los parecer gostosos. Um cuidado vindo do mangá, que até mesmo coloca as receitas ali.

O autor toma esse cuidado com dois fatores, a comida e Tsumugi, que é retratada como uma criança real, o que é um alivio considerando a quantidade de crianças agindo como adultas na ficção.

É algo pra se ver dando aquela relaxada, os tradicionais 12 episodios com o mangá seguindo ainda, e de quando em quando anotar uma receita.

É bom deixar a ogrisse e demais selvagerias de lado um pouco às vezes e só curtir uma boa comida caseira.

Em especial se for um bifão