Secret Empire 0- Império Secreto 0
Vixe maria…
Bem amiches e amichas. Numa gravação recente, Evandro me perguntou “Por que você ainda faz isso?” quando afirmei ainda ler mensais.
Minha resposta foi algo evasiva, o suficiente apenas para dar tempo para me esconder.
Mesmo as coisas notadamente ruins não escapam dessa minha sanha leituristica. E ao ler Imperio Secreto 0 eu sabia aonde estava me metendo.
Escrito pelo bostolento Nick Spencer, é a culminação de dois planos diabólicos. O do Capitão de obter todo o poder politico dos EUA e de Spencer e Alonzo de fazer uma analogia fuleira da politica americana.
Mas vamos à história.
Em 1945 o Capitão vai para o Japão e se encontra com o Kraken, um cara da Hydra que explica a situação. E se preparem, é apenas o primeiro balde de bosta.
O Capitão é o maior espião da Hydra, tendo sido recrutado e doutrinado quando criança, sempre informando
Os Aliados perderam a guerra, mas usaram um Cubo Cosmico para reverter o resultado no tapetão. Então, o Kraken, um velho fodido e um cara com um capacete que parece um consolo e usa a camisa bufante do Seinfeld, e que com certeza vai aparecer de novo, colocam ele num poço que vai protege-lo da mudança na realidade. Ou algo assim. Nunca espere muita clareza dos textos do Spencer.
De volta para os tempos atuais, temos o Capitão e a Sharon Carter, que de umas duas sagas pra cá envelheceu 600 anos, à bordo de um Helicarrier da S.H.I.E.L.D coordenando a defesa do planeta contra uma invasão de trilhões de Chitauri, aqueles aliens marca-bosta do primeiro filme dos Vingadores.
A Capitã Marvel diz que eles tão fodidos e melhor que podem fazer é agrupa-los para que uma nova Quasar os destrua. Sério. Tem uma nova Quasar. E ela é a maior esperança da Terra aparentemente. E considerando que os Chitauri só estão armados com uns bastões de raios, é incompreensível porque a Capitã Marvel, laudada ano passado como “A Mais Poderosa Heroina da Marvel” não evapora um bilhão deles com um raio ao invés de soca-los um à um.
Meu Deus… estou pensando muito sobre um gibi do Spencer…
Voltando.
Mas não acabou. Riri Willians e Tony Pinga In The Shell estão reparando um campo de força que vai proteger a Terra da invasão. UEBAAA!!
E ao mesmo tempo Nova Iorque está sendo atacada! Os vilões que estavam presos em Pleasant Hill (nem pergunte, mas é a origem dessa zona com o Capitão) resolvem todos atacar a cidade ao mesmo tempo, por vingança, a despeito de ter se passado quase dois anos desde o incidente. Mas não importa, eles estão ali e apenas o Netflix os Defensores podem dete-los.
Porque é vitória jogar sujeitos como o Demolidor e o Punho de Ferro contra o Graviton.
E também a Hydra tomou silos de misseis soviéticos de um país imaginário, forçando a S.H.I.E.L.D a mandar sua frota de Helicarriers para lá.
Vou resumir muito e vamulá. Paulada, paulada, raio, tiro, tiro, soco.
As coisas parecem piores quando Hyperion novamente se mostra a pior cópia do Super e é derrubado por Chitauris, o que é o equivalente de 5 Garibas derrubarem… bem, alguém normal. E a Quasar, fazendo jus a tradição desse personagem, se fode redondamente e não acrescenta nada à historia.
Mas isso é o bastante para a Secretária de Defesa dos EUA mandar um protocolo dando pra S.H.I.E.L.D e pro Capitão todo controle do exército e demais forças federais da lei.
Então o campo de força é ativado e isola os Chitauri fora da Terra. E o pessoal que está com a Capitã Marvel também. Os vilões em Nova Iorque somem, teleportados. E repentinamente os aeroporta-avioes são abordados pela Hydra. Os soldados da Hydra chamam o Capitão de Hydra Supremo e ele manda a Sharon pra fora do barco.
E acaba com uma imagem dos helicarriers, cheios de agentes da Hydra voando sobre a Casa Branca.
Tem mais uma coisa ou outra, mas estou sem paciencia para detalhar.
O que temos então? Nick Spencer é, na melhor das hipoteses, um roteirista arroz com feijão.
Numa entrevista recente ele afirmou que a Hydra não é uma organização nazista, no que ele está meio certo. Ela foi, originalmente fundada pelo Barão Strucker (antes de milhares de retcons, mas vamos nos ater ao básico) e embora o barão fosse um nazista, ele, e a organização em si, nunca tiveram o viés ideologico, era mais o fanatismo dos membros e aquela parada de conquistar o mundo.
No entanto, isso mudou de uns tempos pra cá, mostrado principalmente no primeiro filme do Capitão, onde a Hydra substituiu os nazistas por razões de mercado. E essa é a imagem mais frequente do grupo.
Nessa mesma entrevista, ele afirma que a historia não reflete o estado atual da politica americana, tendo sido planejada desde 2015. O que parece também ser uma meia verdade. Realmente as historias que ele vem conduzindo a algum tempo parecem indicar isso, mas é dificil não relacionar esse plot de “os nazistas tomaram a América” com os resultados das ultimas eleições por lá.
Dada a capacidade da Marvel sob a tutela de Axel Alonso de prover analogias toscas, e o nivel de butthurt desses dois em particular, me parece que é uma analogia plausivel.
E Spencer é um daqueles escritores que acham que quadrinhos não devem ter escapismo e sempre devem passar uma mensagem. O que é válido também, mas particularmente me deixa com um pé atrás.
Tolkien detestava historias que faziam analogias e tinha boa razão nisso.
Só um detalhe. De cabeça, sem pesquisar nem nada, lembro de duas histórias onde a mente, e os ideais do Capitão resistem à manipulação da realidade feita por seres com poder divino. Quando ele enfrenta o Korvac e quando reune os Vingadores contra Morgana Le Fay.
Evandro também estava se divertindo com o rage que isso tudo gerou, com um pessoal rasgando o cu com a unha e tals. Enquanto também acho hilário e um bom demonstrativo de como a Casa das Ideias não cansa de repetir os mesmos erros, é de se pensar sobre algumas reações. Como a da familia de Jack Kirby.
Eles não ficaram muito contentes na associação ao nazismo da obra de um judeu que lutou na guerra e criou o que simbolizaria justamente o contrário disso. Mas bem, a Marvel cagava para Kirby em vida, porque dariam um peido pelo legado do cara depois de morto?
O mais provável é que daqui algum tempo, tudo isso seja deixado de lado, desfeito por alguma solução tirada da bunda. Já vimos essa história. Era um skrull. Mefisto fez isso. Era uma bala que o congelou no tempo e espaço. Gwen puta. Ou nesse caso, talvez realidade alternativa da realidade alternativa. Quem sabe?