Revirando a Jukebox – Dance of Death

Mais uma série de posts de música por aqui.

Esses tempos atrás, em um raro momento de tranquilidade no trabalho me peguei pensando sobre os discos e artistas que escutava muito durante a minha adolescência e que por algum motivo não escuto mais. Inicialmente pensei que o número de discos não chegaria em cinco, então peguei um papel e fiz um breve exercício de memória. Ao chegar no décimo álbum listado cheguei a conclusão de que talvez eu tivesse material o suficiente pra fazer uma nova série de posts que me mantivesse um pouco longe de resenhas de quadrinhos ruins.

Apesar do disco que me fez pensar na ideia fosse outro (e provavelmente será o próximo a ganhar um post), esse disco do Maiden me pareceu a escolha mais óbvia pra iniciar tudo, afinal, foi com esse disco que dei os meus primeiros passos como ouvinte assíduo de metal. O ano era 2003, e como todo pré adolescente da época que escutava rock, fiz parte da legião de fãs do Linkin Park. Um amigo do meu pai na época trabalhava vendendo CDs e DVDs pirata, e numa visita em casa ele tava com a mochila que carregava com os produtos.

Obviamente eu perguntei se tinha algum do Linkin Park, e ele tinha o Meteora apenas. A promoção era 2 CDs por oito reais, e o único outro CD que me chamou atenção foi esse do Maiden, que era lançamento na época. Provavelmente adquirir esse disco fez com que eu não seguisse por caminhos mais tenebrosos como Korn ou Limp Bizkit. E hoje em dia eu não escuto mais porcaria nenhuma de Linkin Park, e nem ao menos cogitei em colocar o Meteora na lista, mas vamos pro disco do Maiden.

O álbum segue a fórmula do seu antecessor, Brave New World, e abre com uma música mais curta e “radiofônica” que o restante do álbum.  Wildest Dreams é breve, ágil e empolgante, mas nada marcante, lembro de ficar boquiaberto nas primeiras vezes que a escutei, mas depois de um tempo já colocava o disco rodando direto na segunda faixa, Rainmaker. Essa sim é uma ótima música, de duração até uns segundos menor que a primeira e também bastante acessível, inclusive a ponto de ganhar um clipe. Hoje dá pra perceber que grande parte do meu apego a essa música é mais emocional, visto que ela nem é uma das melhores desse disco, mas mesmo depois de anos sem ouvi-la o riff de abertura permaneceu intacto na memória.

Mesmo com um início empolgante, o selo Maiden de qualidade bate forte a partir da terceira faixa, No More Lies. Introdução longa (longa até demais pra um adolescente de 13 anos), clima soturno que descamba para porradaria sonora quando Bruce Dickinson berra o refrão a plenos pulmões e uma sequência de solos de guitarra maravilhosa. Acho que foi nesse ponto que o disco do Linkin Park perdeu a graça pra mim, e ainda hoje eu considero uma puta música. A quarta faixa é Montsegur, que mesmo com um bom riff não consegue manter a qualidade alcançada na faixa anterior, não me lembro de nenhum momento em que eu gostasse dessa música, mesmo não desgostando.

https://www.youtube.com/watch?v=3-vl8P7vPgs

Dance Of Death, quinta música e faixa que dá nome ao disco com razão. Acho que com quinze anos após o lançamento já dá pra chamar de clássica, e se alguma música desse disco pode receber essa alcunha, com certeza é essa. Oito minutos e meio de uma música num crescendo contínuo até culminar em um trecho com orquestra de tirar o fôlego. Acho que não é exagero dizer que essa música rivaliza em qualidade com Rime Of The Ancient Mariner, presente em Powerslave. Depois dessa música, qualquer coisa que viesse em seguida pareceria inferior, e coincidentemente Gates Of Tomorrow e New Frontier são exatamente isso, as faixas mais sem graça do disco, parecem até um refugo da fase do Blaze Bailey nos vocais.

Duas músicas sem brilho de cinco minutos cada é um belo balde de água fria nos ânimos de qualquer um, mas Paschendale, outra porrada de oito minutos e meio e com trechos de orquestra conseguem animar qualquer um. Essa também é uma das minhas músicas favoritas do Maiden, e uma das melhores desse disco, inclusive ela foi a minha inspiração inicial pra escrever o post sobre a Batalha de Ypres. Face In The Sand, a faixa seguinte não me chamou muita a atenção na época, mas hoje eu adoro essa música, provavelmente por lembrar bastante o que a banda fez em Seventh Son, uma dos meus discos favoritos.

Age of Innocence sofreu o mesmo efeito que Face In The Sand, não dei a mínima pra essa  música por muito tempo, mas hoje a coloco no lado das músicas boas, e dessa vez  dá pra notar uma influência do que foi feito em Brave New World. O disco encerra com Journeyman, provavelmente uma das música mais diferentes e bonitas feitas pelo grupo, executada toda no violão, além das partes de orquestra. Eu parei de escutar esse disco por um bom tempo, mas eu nunca deixei de ouvir essa música, que bagulho mais lindo! Mesmo se todo o resto do disco fosse o mais absoluto lixo (o que não é) ainda assim valeria a pena por Journeyman. E se alguém reclamar que é ruim pois é o Maiden sem guitarra, só posso oferecer o meu mais sincero foda-se.

Hoje, quinze anos depois de escutar pela primeira vez Dance of Death, provavelmente uns sete anos desde a última vez que havia escutado-o na íntegra, vejo que o disco envelheceu até que bem. Quatro músicas das doze no total são descartáveis, quatro músicas são sensacionais e o que sobrou tá ali no “bem legal”. Se alguém nunca escutou Iron Maiden, aqui vai uma dica: é desse disco aqui pra trás, não pra frente, ok?