Review Universal: A Arte de Vencer
Vamos falar de um clássico dos quadrinhos que não recebe o devido valor!
Nos anos 70,80 e 90 nós, pessoas com mais de trinta anos, líamos nossos gibizinhos com histórias do Wolverine, Homem-Aranha, X-Men, Superman, Batman, Flash, Turma da Mônica, Trapalhões, Gugu, Xuxa, Leandro e Leonardo e etc. Em grande parte, esses heróis dividiam a revista em um mix que poderia ainda trazer personagens menores, como Kazar e Cavaleiro das Arábias (sim, esse personagem existe, o vi pela primeira E ÚNICA vez na Teia do Aranha Nº67 da Abril, mas ele fez muitas outras aparições em outras revistas Marvel).
Porém, havia uma série de histórias que nós, sacripantas mirins e preconceituosos que éramos, sempre pulávamos! Sabe por que? Porque não eram histórias com heróis musculosos usando pijamas e exibindo super poderes por aí! Eram história de heróis REAIS! Heróis que não tinham corpos perfeitos (apesar de não existirem gordos no universo deles tal qual em tudo que o Jim Lee desenha), que tinham contas a pagar, que tinham medo de um futuro sem perspectiva e tinham o sonho de ser mais, sempre mais! E hoje vou falar de uma dessas histórias, uma comovente história de um rapaz tentando transpor barreiras e alcançar seus sonhos! Hoje vou falar da história A Arte de Vencer, uma das muitas histórias da mega saga do Instituto Universal Brasileiro!
Tudo começa quando um semi-jovem Lasier Martins parabeniza João Carlos, uma cruza de Tony Stark e Rivellino (por isso, doravante o tratarei pela alcunha de Tony Rivellino), pelo seu trabalho no jornal onde ambos trabalham. João Carlos trabalha no departamento de arte enquanto Lasier vê essas aqui, essas mais de cerAIAAAAAI!
Ao longe, um jovem e sonhador office boy observa e admira Tony Rivellino. Seu nome é Serginho, ele é a cara do protagonista de “Retroceder Nunca, Render-se Jamais”, é apaixonado por arte e sonha em ser um desenhista tão bom quanto Tony Rivellino, apesar deste VAGABUNDO estar sentando nessa prancheta a história TODA e não desenhar PORRA NENHUMA durante o expediente!
Após perguntar no que Tony Rivellino trabalha DE VERDADE, afinal desenhar NÃO É TRABALHO, ele pergunta como pode ser tornar um vagabundo com um traço tão bacana quanto o homem do bigode maravilha. Tony Rivellino diz que sempre quis aprender mas nunca tinha tempo ou dinheiro pra fazer cursos. Foi quando, numa visita de venda de drogas em uma empresa de próteses penianas superfaturadas para políticos velhos que tocam berrante, Tony Rivellino começou a folhear uma G-Magazina na sala de espera e, após rasgar algumas páginas e por nos bolsos para mais tarde, viu o anuncio do Instituto Universal Brasileiro. Ele diz que COMPROU a revista mas claramente colocou embaixo da camisa e saiu correndo, preencheu o formulário, mandou pelo correio, fez a matrícula, provavelmente pagou muito mais caro do que um curso presencial, aprendeu todas as noções de desenho que vem em qualquer revista vagabunda de “Aprenda a Desenha” de banca de jornal, pegou o certificado, imprimiu alguns desenhos de artistas bons de verdade, mostrou ao Lasier, que até achou estranha a assinatura no desenho estar como “Moebius”, mas contratou Tony Rivellino na hora!
O jovem Serginho fica maravilhado com essa história de garra e superação e pergunta se seria capaz de fazer este curso mas não pergunta como Tony Rivellino conseguiu fazê-lo mesmo com ele dizendo que não tinha tempo nem pra cagar. Tony Rivellino diz que sim, que ele pode, é só acreditar em seus sonhos e reagir a assaltos! E também é só pagar caro por um curso por correspondência que os correios podem extraviar ou ficar retido em Osasco PRA SEMPRE! Tony Rivellino revela também que o acompanhamento do progresso do aluno é feito por professores especializados através do computador, que na época em que se passa a história, 1986, nada mais era que um fax com uma calculadora presa a ele com fita adesiva. E como diabos o cara ia saber se o professor estava mesmo acompanhado seu progresso pelo computador se, na época, os PCs eram apenas pra quem limpava o cu com nota de 100 mil cruzeiros e tanto Serginho quanto Tony Rivellino revelaram que não tinham dinheiro nem pra usar duas cuecas diferentes por semana? Um verdadeiro salto de fé…
Temos um lapso de tempo e Serginho volta mostrando os louros que colheu com seu curso de desenho do Instituto Universal Brasileiro, pois com Universal você pode chegar lá! Pra provar que agora ele domina as técnicas milenares do desenho pro Tony Rivellino, ele desenha Lasier Martis como uma de suas garotas francesas. Tony Rivellino, cagueta safado, mostra o desenho ao chefe a fim de deixá-lo furioso e eliminar a concorrência. Porém, Lasier fica impressionado com os dotes de Serginho, apesar de estranhar a assinatura “John Byrne” no desenho, e o contrata como assistente de arte do jornal e manda ele dar uma olhada nessas mais de cercAIAAAAI! A história termina com Serginho realizando seu sonho de aprender a desenhar, ficar desempregado, afinal desenhar não é trabalho, e se tornar uma boneca inflável.
Que linda história, amigos! Com o roteiro tocante de sabe-se lá quem, a trama nos arrebata com pequenas nuances e sutilezas que trazem poesia a narrativa que é complementada pela arte de Carlos…alguma coisa, não dá pra ler o nome que aparece no primeiro painel tanto pelo tamanho diminuto quanto pela impressão vagabunda do formatinho. Um desses nuances que mais me chamou a atenção está no Lasier Martins. Logo no primeiro painel, quando ele elogia a arte do Tony Rivellino, percebemos que ali se trata de um pedido desesperado de socorro, uma necessidade avassaladora de atenção e carinho, já que ele está elogiando um sujeito que deveria estar desenhando mas, ao invés disso, está com uma folha TOTALMENTE EM BRANCO em sua prancheta. Ainda acho que o Lasier tem sentimentos mal resolvidos com o Tony Rivellino e espero que a adaptação para o cinema no IUBCN (Instituto Universal Brasileiro Cinematic Universe) explore melhor esse aspecto.
Enfim, essa é apenas uma das muitas histórias desta grande saga, que espero, de coração, que a Panini, Salvat, Eaglemoss, Mythos ou qualquer outra editora publique algum dia em uma coleção de capa dura cujo desenho da lombada forme um certificado de otário do Instituto Universal Brasileiro pra quem coleciona gibi só pela (tua mãe, aquela a) lombada. Essa coleção eu faria questão de ter. Mas, por enquanto, para A Arte de Vencer, a nota é…
10
de 1000000.