Review Tecnológico: Upgrade

Ainda bem que esse filme saiu beeem antes de Venom…

…porque o que ia ter de gente desinformada chamado de cópia não seria brincadeira!

Bem, jovos e jovas, Upgrade é um filme que desde o lançamento de seu trailer eu almejava muio vê-lo. E vi-lo! E devo dar algumas considerações, mas só depois da sinopse.

Em um futuro não muito distante, a tecnologia avançou uns bons passos. Agora temos próteses mecanizadas de ultima geração, carros que não precisam de motoristas e tem inteligência artificial assim como as casas. É nesse cenário que conhecemos o casal Grey e Asha Trace. Asha é funcionária de uma grande empresa de tecnologia especializada em próteses e  Grey é um mecânico de carros antigos, que por serem raros, acabam pertencendo a pessoas muito ricas. Certo dia, Grey leva sua mulher para conhecer um de seu clientes, um jovem chamado Eron (que parece  uma cruza de Justin Bieber com L de Death Note) que Asha prontamente reconhece como dono de uma das mais proeminentes empresas de tecnologia existente, fato que Grey ignorava totalmente. Eron aproveita o encontro e, em caráter de exclusividade, apresenta aos dois seu mais novo invento, ainda em fase experimental: Um chip que, se implantado na coluna de uma pessoa deficiente, poderia controlar seu membro inválido através de impulsos nervosos. Asha fica maravilhada mas Grey não gosta muito da ideia, já que é meio averso a tecnologia.

Na volta para a casa, o carro de Asha dá pane e acaba capotando em um bairro barra pesada, o lugar onde Grey nasceu e foi criado. Lá, eles são cercados por homens misteriosos que assassinam Asha e deixam Grey tetraplégico. Após alguns meses, Grey volta pra casa e agora sozinho e sem a liberdade para ao menos se mexer, tenta o suicido, mas falha. No hospital, Eron aparece e oferece a Grey a chance de voltar a  andar se ele aceitar ser a cobaia de seu chip experimental em caráter de total confidencialidade. Após muito ponderar, Grey aceita e tem o chip implantado. Tudo parece funcionar surpreendentemente bem, até que Grey começa a ouvir uma voz em sua cabeça. É o tal chip, o qual se chama Stem, e assim Grey descobre que ele agora tem uma inteligência artificial extremamente avançada dentro de si, tão avançada que consegue encontrar evidências dos assassinos de Asha que a policia não conseguiu e agora vai ajudar Grey a caçá-los e , quando preciso e MUITO A CONTRAGOSTO de Grey, matá-los um a um.

Confesso que a primeira coisa que me chamou a atenção no trailer de Upgrade foram as cenas de luta, onde Grey claramente não tinha controle sobre seu corpo e lutava de uma maneira veloz e quase mecânica. Achei aquilo muito bacana e confesso que não esperava nada mais do filme além de cenas de luta engenhosas. Mas, FELIZMENTE, quebrei a cara! O filme não tem o roteiro mais inovador do mundo, isso é fato! Já vimos a história “eles mataram minha esposa e agora vou fazer o que a justiça não fez e caçá-los um a um” um porrilhão de vezes, bem como já vimos um monte de futuros em outros filmes de ficção. Mas a questão nesses filmes clichezentos é : Como o roteirista e o diretor vão me apresentar a esse roteiro clichê? Vai ter algo novo? Se não, vai ter algo mostrado de um jeito diferente? E se a resposta ainda for não, vai me mostrar algo que eu já vi mas de um jeito mais inventivo? E Upgrade faz os três!

Pra começar, temos um pé na realidade a partir do momento em que temos tecnologia ultra-futurista… mas nem todos tem acesso a ela! Não vemos os carros movidos a energia solar e com inteligência artificial iguais aos da Asha por aí aos montes. Poucos aparecem no filme e isso se dá ao fato de apenas a elite possuí-los. Você é um assalariado comum? Contente-se com um bluetooth como avanço tecnológico máximo no seu carro totalmente analógico! As desigualdades ainda exitem mas, ao contrário de outros filmes futuristas, as pessoas pobres não tem acesso nem aos modelos ultrapassados da tecnologia.

Agora vamos ao protagonista. Logan Marshall-Green é impressionante! Ele passa uma tristeza e um desespero tão críveis quando se descobre tetraplégico que chega a doer. E o sujeito dá uma atenção impressionante aos detalhes, como dedos atrofiados e os movimentos com a cabeça. E quando Stem se revela, sua perplexidade também é crível e muito divertida e nas cenas de luta o sujeito se sai bem demais, pois baixa o sarrafo na bandidagem com uma cara de “O QUE DIABOS ESTOU FAZENDO” que é sensacional!

Aliás, o diretor Leigh Whannell  faz um trabalho excepcional com a câmera. Assim que Grey se levanta, agora sob a influência de Stem,  a câmera o acompanha em uma tomada estilo go-pro e mostra o quão mecanizada está sua movimentação. Mais adiante Stem começa a ter problemas de funcionamento  e essa “câmera go-pro”  nos causa uma imersão desesperadora! Quanto as cenas de ação, são um show a parte, com uma coreografia robótica, rápida e LINDA de se ver! É quase como ver uma impressora 3D dando porrada em alguém! Tá, esse comparativo pode parecer meio esquisito mas, acreditem, faz sentido. Eu juro!

Aliás, uma curiosidade aqui…o nome do diretor Leigh Whannell pode não parecer muito familiar mas tenho certeza que você o conhece. Já assistiu o primeiro Jogos Mortais? Pois o sujeito é o fotografo que fica o filme inteiro preso com o Cary Elwes na sala! Quem diria…

Leigh em Jogos Mortais.

No mais, Upgrade foi um dos melhores filmes de ação que assisti em 2018. Como disse no começo do post, fico extremamente feliz por ele não ter sido lançado após Venom, pois certamente ouviríamos coisas como “Um troço que controla um cara e faz ele dar porrada em todo mundo! É CLARO QUE É UMA CÓPIA DE VENOM! Até o ator é igualzinho ao Tom Hardy!”. E Upgrade merece todos os elogios possíveis, desde seu elenco, passando pela fabulosa direção, transitando no roteiro previsível que ainda consegue surpreender e culminando em um final que te faz ficar questionando se foi um final feliz ou não.

Nota: 9,5

Não dou um 10 porque a cena em que o Stem começa a funcionar foi rápida demais em minha opinião e carecia de pelos menos uns 2 minutinhos a mais de suspense pra dar dramaticidade. Se bem que merecia um 10 por ser um filme redondinho dentro de uma hora e meia em tempos onde muitos filmes se estendem por mais de duas horas sem nem ao menos ter uma história decente pra contar e por ser um filme esteticamente muito bonito e bem dirigido mesmo sendo de BAIXÍSSIMO orçamento (custou 5 milhões, troco de pão em Hollywood) enquanto tem tanto filme custando quase 200 milhões e não conseguem sequer apagar um bigode decentemente. Ah, que saber…?

Nota: 10