Review Retrô: Guerras Secretas: Guerra Civil

Com os preços altos da Panini atualmente, estou aproveitando pra reler coisas que sempre quis e pagando barato! Então, obrigado, Panini, por ser uma sangue-suga filha da p***!

Lançada em 2015 pela Marvel afim de remodelar seu universo, Guerras Secretas foi uma mega-saga amada por muitos. O mesmo não pode ser dito dos seus tie-ins, aquelas histórias periféricas estreladas por vários personagens da Casa das Ideias que se passavam no mesmo universo das Guerras Secretas, mas que não interferiam de fato na trama principal. E essa foi justamente a reclamação de muita gente, já que muitas destas histórias não tinham razão de existir e muitas ainda tinham o fator “baixa qualidade” como agravante, apenas caça-niqueis safados pra lucrar na onda da mega-saga.

Só pra ilustrar, a versão de X-Men: A Era do Apocalypse das Guerras Secretas é tida como um dos PIORES tie-ins dessa budega toda.

Se aproveitando de que Guerras Secretas seria uma versão atualizada e melhorada das Guerras Secretas originais (você pode AMÁ-LA, mas precisa admitir que parece ter sido escrita por uma criança de 8 anos), os tie-ins também seriam versões de sagas clássicas ou até recentes mas de muito sucesso. No entanto, muitas desses tie-ins eram versões PIORADAS de suas contra-partes originais e a frustração dos fãs só aumentava. Mas nem tudo eram tragédias nas terras dos tie-ins. Algumas histórias eram reinvenções de personagens  que resultavam em material extramente divertido, como o tie-in da Capitã Marvel, e outros prefeririam fazer um “O que aconteceria se…”, como foi o caso de E de Extinção, que dava novos rumos a trama original de Grant Morrison para os X-Men, e Guerra Civil, que mostrava um desenrolar diferente do que vimos nesta outra mega-saga Marvel. E, meninos e meninas…que história bacana!

Tudo começa na batalha final no Projeto 42, a prisão interdimensional de Tony Stark para os seres super poderosos que não se registraram. O Pantera Negra descobre que Tony Stark ativou um mecanismo de auto destruição que mataria todos os que estivessem lá e não fossem parte do seu time. O Pantera manda Adaga avisar ao Manto para teleportar todos que puder para fora do complexo enquanto ele se sacrifica heroicamente ganhando tempo e atrasando a explosão. Manto consegue fazer o teleporte mas não fecha o portal a tempo e a explosão acaba destruindo grande parte de Nova Iorque e mata milhares de pessoas no processo, além de alguns heróis, como o Demolidor, a Vespa e o próprio Manto entre tantos outros. Depois disso o conflito só se intensificou e os EUA acabou se dividindo em dois sendo separado por uma enorme fenda. De um lado existe o Ferro, o país comandado por Tony Stark onde a lei de registro serve para manter a paz, mas suas terras não estão sendo mais suficientes para acomodar seu povo. Do outro temos o Azul, país comandado por Steve Rogers onde todos os super poderosos são livres desde que usem seus poderes para o bem, caso contrário são caçados pelos Justiceiros e confinados, isso se não for necessário uma medida drástica ante resistências a prisão. Mas se a porção de terra do Azul é maior que a do Ferro, os recursos não correspondem, principalmente depois que Tony Stark impôs embargos afim de impedir que o Capitão conseguisse negociar mantimentos com os países vizinhos. A tensão é constante entre os “dois países”e uma guerra parece ser iminente.

Em meio a toda essa confusão está Miriam Sharpe. Quem leu a Guerra Civil original vai lembrar que ela foi aquela mãe que perdeu o filho no incidente envolvendo os Novos Guerreiros e o Nitro. Só que aqui, seis anos após o inicio da Guerra Civil e com o conflito sem sinais de um fim próximo, Miriam passa a morar numa ponte sobre a ruptura que serve de fronteira entre os dois países, o Ferro e o Azul, afim de simbolizar que estas diferenças precisam acabar e que toda a mágoa precisa ser esquecida. Querida por ambos os lados, Miriam organiza uma reunião de paz entre Tony e Steve afim de tentar por fim ao conflito. Porém ela é assassinada por um sniper misterioso e ambos os lados começam a se acusar. A situação piora e, agora sim, uma guerra parece inevitável.

Escrita por Charles Soule e desenhada magnificamente por Leinil Francis Yu, Guerras Secretas: Guerra Civil nos apresenta um futuro completamente crível de como a Guerra Civil poderia ter prosseguido. Essa sensação só ganha força pelo fato de que nada dos que acontece nas Guerras Secretas é citado, diferente dos demais tien-ins que existem quase que em função dela,  principalmente porque o conflito aqui já é grande demais. Assim sendo, é completamente plausível ler a Guerra Civil original até a parte da luta no Projeto 42 e depois seguir com esse encadernado e a história fluirá perfeitamente.

 

Ante essa nova realidade, os heróis passam a ver a dureza das coisas e muitos deles abandonam o bom mocismo pois sabem que não durariam 2 minutos nesse novo mundo se continuassem assim. O maior exemplo disso é o Homem-Aranha, agora com sua identidade de Peter Parker conhecida por todos, o cabeça de teia se torna o braço direito de Steve Rogers e está sempre disposto a fazer o que for necessário para que a guerra chegue a um fim, mesmo que isso signifique matar, coisa que jamais pensaríamos ver o Aranha fazer sem pensa duas vezes algum dia.

Ah, e o Peter também ganhou as asas do Falcão, o que o deixou com um visual PHODÁSTICO!

Também se torna extremante divertido ver muitos dos outros personagens da Marvel em nova roupagem e até com novas atitudes. Leinil Francis Yu criou um visual militar futurista que eu simplesmente ADORO! E as mudanças de personalidade as vezes refletem também no visual, como é o caso do Colossus em sua curta participação, que mostra que o gigante russo com sinais de ferrugem em sua pele de aço orgânico, demonstrando que faz um longo tempo que não volta a forma humana, como se estivesse sempre preparado para a guerra. Ah, e vale citar a aparição do Rei do Crime, uma das coisas mais bizarras e legais da estória.

Mas nem tudo são flores aqui. Se a história começa muito bem nos mostrando todo esse novo mundo e os interessantíssimos personagens que o percorrem, o mesmo não pode ser dito das revelações finais da trama. Charles Soule criou uma trama que te intriga e te deixa com uma sensação de que algo incrível vai explodir no final…mas essa sensação começa a se dissipar na página final da parte 3. A velha trama do “personagem oculto nas sombras e que todo mundo pensou que estivesse morto” chega pra quebrar a linha crescente que a história estava traçando e, mais adiante, caí em um clichê tão previsível que você acaba sendo pego de surpresa da maneira errada! Ao invés de um “Não acredito que ele fez isso!” de espanto você larga um “Não acredito que ele fez isso…” de decepção. Mas isso arruína a história completamente? Não! Mas tira o potencial de “Uma das coisas mais legais que já li” e coloca um “É…é bacana! Mas poderia ser BEM melhor.” no lugar.

Guerras Secretas: Guerra Civil é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores tie-ins das Guerras Secretas. É o melhor? Não sei…li alguns recentemente (por motivos citados no inicio do post) e entre todas as porcarias tem algumas pequenas perolas. Esse pode não ter sido perfeito mas, com toda certeza, é um que recomendo.

Nota: 7,5 (só não é um 8,0 porque os acontecimentos finais realmente caíram no clichê com muita força)

 

PS: A Marvel fez um mistério com essa recente cruza de Hulk e Wolverine  chamada Arma H e um porrilhçao de gente foi na onda e achou que isso fosse a maior novidade do mundo! Tsc,tsc,tsc…Charles Soule e Leinil Francis Yu já tinham feito isso anos atrás em Guerras Secretas: Guerra Civil quando empurraram energia gama no Logan!

CHUUUUUUPA…é…eer…Marvel…?