Review Reto: Arlequina, Episódio 01

Sabe aqueles posts cheios de informações técnicas que eu costumo fazer?

Pois é…esse NÃO VAI ser um deles! Minha intenção aqui é dar meus dois dedinhos de opinião sobre a série animada da Arlequina que teve seu primeiro episódio lançado esta semana.

Antes de mais nada, é preciso relembrar pra quem acompanha o site, que eu simplesmente DETESTO a Arlequina da Margot Robbie! Ela foi pensada pra agradar a molecadinha que joga vídeo game e reclama do Mortal Kombat 11 pelo fato das mulheres terem roupa demais, pra galera que lê quadrinhos e reclama do uniforme da Batgirl e da Mulher-Aranha agora serem roupas mais funcionais e não mais malhas justas, pra galera que assiste anime e reclama se não tiver uma menina peituda pagando calcinha a cada 3 minutos. Eu, particularmente, gosto da Arlequina como o Bruce Timm originalmente a concebeu, uma maluquinha apaixonada mas que não apela pros seus dotes físicos pra tentar seduzir ninguém a não ser o seu “pudinzinho”, o Coringa véio de guerra.

Isto posto, esse primeiro episódio e, aparentemente, o resto da série, vai se focar justamente nessa transição! Sai a Arlequina do Bruce Timm, entra a Arlequina baseada na Margot Robbie. Só que essa mudança tem algo que me agradou bastante. A Arlequina não passa da maluquinha pra “quengona” que aparece em Esquadrão Suicida, e sim de uma maluquinha totalmente dependente do amor do Coringa pra uma maluquinha independente e confiante. Nada de apelação, de sexualização e de falar gemendo e fazendo vozinha o tempo todo. Ponto a favor!

Mas e a história? Bem, basicamente esse primeiro episódio mostra os demais vilões de Gotham, sobretudo a Era Venenosa, tentando convencer a Arlequina que o Coringa não a ama mas nem 1% do quanto ela o ama. E, pra isso, Era Venenosa vai precisar dar um choque de realidade na ex-psicóloga.

Quando o episódio começou, eu achei a violência bastante apelativa e meio deslocada pra uma série estrelada pela Arlequina. E, honestamente, ainda acho que não casa lá muito bem, pois fica mais que evidente que a DC está tentando transformá-la em seu Deadpool. Não sei se vocês sabiam, mas Deadpool quase ganhou uma série animada com classificação para maiores, da qual já falei e mostrei o teste em vídeo nesse post AQUI . Pois bem, a impressão que dá é que a DC viu esse vídeo, soube do cancelamento e disse “CORRE, USA A IDEIA EM UMA SÉRIE DA ARLEQUINA! RÁPIDO, ANTES QUE ELE MUDEM DE IDEIA E VOLTEM ATRÁS!”. Mas, quer saber…? No todo, funciona! E é até meio lógico mostrar a galera morrendo, já que os bandidos de Gotham obviamente matam gente pra cacete mas as animações da DC sempre suavizam essas cenas. E a série tenta se afastar das outras produções da DC/Warner…e consegue!

 

Pra começar, o character design presta certa homenagem ao traço do Bruce Timm mas acaba pegando algumas características visuais que o aproxima mais de séries que passam no Adult Swim, como Mister Pickles, por exemplo. Um exemplo bobo mas que serve pra ilustrar o que eu quero dizer está no fato de que o traço do Bruce Timm é bem simplificado, logo você nunca vai ver uma arcada dentária desenhada em detalhes em suas animações. Em Arlequina essas arcadas aparecem muitas e muitas vezes, causando até certo estranhamento visual no inicio.

Os personagens coadjuvantes parecem ter fugido da série animada do Máskara dos anos 90.

Outra coisa bacana que a série faz é rir de si mesma. Ou melhor, rir de todo o universo do Batman! Os personagens estão numa comédia e agem como tal, apontam fatos absurdos, fazem piadas com seus “estilos de vida” vilanesco (sim, os vilões são as estrelas aqui)…mas a melhor parte é o comissário Gordon! Retratado como um sujeito cansado, maltrapilho e solitário, o que faz total sentido, já que o sujeito está sempre trabalhando nas histórias do Batman, não importa o horário. A coisa só fica ainda mais hilária quando a relação de amizade entre ele e o morcegão vira o alvo da piada. Em uma cena o bat-sinal está acedendo e apagando repetidamente. Quando o Batman aparece, flagra Gordon claramente entediado mexendo no interruptor do holofote, ao que ele responde sem jeito ao morcego “Eu não estava brincando!”. Assim que diz porque chamou o Batman, Gordo diz “Eu tava pensando em organizar um churrasco pros amigos, sabe, e…” ao que o Batman simplesmente ignora, dá as costas e vai embora, deixando Gordon tristinho.

 

Ah, vale citar que o visual do Batman nessa série parece uma versão “Cavaleiro das Trevas” do Batman do Michael Keaton em Batman: O Retorno. A armadura angular é muito similar a esse que é, em minha opinião, um dos mais belos uniformes do morcegão no cinema.

Nas vozes temos um monte de gente bacana, tenho certeza, mas de cabeça só lembro que a Arlequina é interpretada por Kaley Cuoco, a Penny de The Big Bang Theory, que entrega uma ótima performance. Seu tom de voz meio sarcástico casa muito bem com o momento “revolts” que a personagem passa na série. A título de curiosidade vale citar que Kaley não foi a unica do elenco de The Big Bang Theory a dublar a Arlequina. Melissa Raunch, a Bernadette da série, dublou a personagem no longa animado Batman e Arlequina: Pancadas e Risadas de 2017 e também se saiu muito bem.

No geral, esse primeiro episódio me surpreendeu. Gostei da proposta, das piadotas e do fato de não apelarem pro corpo da personagem nem nada assim (pelo menos até agora, espero que sigam assim). Tem personagens antigos mostrados de um jeito que nunca vimos e isso é genial, e tem personagens novos que nunca vimos e que são geniais, como a planta carnívora falante que divide o apartamento com a Era venenosa, que é uma das melhores coisas desse episódio. Seguirei acompanhando e espero ser ainda mais surpreendido.

Nota: 8,0