Review Rapidão: Blade, A Lâmina do Imortal (Amazon)
E, finalmente, Blade estréia na Amazon!
Se você não conhece Blade: A Lâmina do Imortal (Mugen no Juunin, ou “Habitante do Infinito” no original japonês) é um mangá criado por Hiroaki Samura em 1993 e que durou até 2012. A trama gira em torno de Rin, uma jovem que teve os pais assassinados por uma gangue de espadachins rebeldes chamada Itto-Ryu, os quais são completamente contra o código de honra dos samurais e acreditam que a força se sobrepõe a honra. Procurando vingança, Rin é levada a procurar a ajuda de Manji, um ex-samurai do governo que se tornou procurado após matar seu xogum. Acontece que Manji teve vermes chamados Kessenchu inseridos em seu corpo por uma idosa misteriosa chamada Yaobikuni, e esses tais vermes conseguem restaurar o corpo de Manji por pior que seja o ferimento, tornando-o praticamente imortal. Agora Rin e Manji irão caçar os membros da Itto-Ryu até chegar a seu líder, o jovem Anotsu Kagehisa, e obter sua vingança.
Lendo esse resumo, a trama de Blade parece até bem básica. E pode ser que seja mesmo, mas o diferencial está no fato de como os personagens desdenham dos códigos de honra dos samurais, sempre vendo as coisas por pontos de vistas mais lógicos e, muitas vezes, você até consegue entender e simpatizar com o ponto de vistas dos vilões. Tudo isso contado em um mangá com um visual INCRÍVEL, com cenas de ação SENSACIONAIS e lutas MEMORÁVEIS.
Aparentemente o mangá de Blade fez mais sucesso fora do Japão que dentro do próprio país de origem, talvez por isso apenas em 2008 o mangá ganhou uma adaptação em anime pelos estúdios Bee Train e Production IG. O anime adaptava fielmente o começo do mangá mas inseria personagens que só apareceriam beeeem mais adiante, talvez a fim de expandir o núcleo de personagens principais, já que Manji e Rin são os protagonistas isolados em boa parte do inicio do mangá. No entanto, o character design simplificou demais o traço de Samura e a animação não era das mais bem trabalhadas. O resultado foi uma duração de apenas 12 episódios.
Mas eis que em 2019 a Amazon, agora com seu serviço de streming e apostando em produções originais em anime, começando com o ótimo Dororo, obra que não apenas adaptou mas melhorou muita coisa do mangá homônimo do pai do mangá moderno, Osamu Tezuka, anuncia que lançará uma nova adaptação de Blade, dessa vez adaptando TODO o mangá, coisa que a série de 2008 nem podia fazer pois, como já dito antes, o mangá só terminou em 2012. E eis que o anime estreou hoje (10/10/2019) tendo seus dois primeiros episódios lançados, e eis que eu vi tais episódios e eis que estou aqui escrevendo esses post para dar minhas impressões poucos minutos depois de terminá-los.
Essa nova adaptação, chamada de Mugen no Juunin: Immortal, produzida pela Pony Canyon, aposta, acertadamente, em um character design mais próximo ao mangá. O visual dos personagens está ótimo, infinitamente superior a versão de 2008. O problema está na hora de “adaptar” a obra. Acontece que esses dois episódios já cortaram MUUUUUITA coisa do mangá, talvez pra chegar logo aos combates contra os membros da Itto-Ryu. O problema é que se você não conhece o mangá muito provavelmente vá ficar extremamente confuso com a cena inicial que mostra a irmã do Manji sendo assassinada. A cena é cheia de cortes, mostra uma moça morrendo, pessoas rindo, Manji matando um cara…e é isso. Você fica olhando pros lados e pensando “Hein?” se perguntando onde foi parar a história de contextualização da coisa toda.
https://www.youtube.com/watch?v=u0tgPWx5P-Q
A cena seguinte mostra o assassinato do pai da Rin, em uma cena muda e que só quem leu o mangá vai entender também. Essa, pelo menos, tem uma continuação falada e uma contextualização maior mais adiante. Mas a do Manji vai ser explicada mais tarde em uma pequena conversa muito por alto com a Rin. Além disso, não é explicado como Manji conseguiu os Kenssenchu.
Outro grande problema está na direção, que insiste em colocar a câmera estática em partes do cenário enquanto os personagens falam, lembrando muito o que a Gainax fazia em Evangelion. Acontece que no caso da Gainax, eles estavam com a corda no pescoço e Evangelion era sua ultima cartada, então afim de economizar, eles evitavam mostrar os personagens conversando, sempre filmando partes dos cenário ou com os personagens estáticos ao longe. A diferença é que a Gainax compensava nas cenas de ação, fazendo-as dinâmicas e muitíssimo bem animadas. Em Blade, infelizmente, o mesmo não acontece. Nas cenas de luta temos cortes e pouco movimento também é mostrado. Apesar do character design e da animação simplória, o anime de 2008 se saia bem melhor na hora das lutas.
Ah, vale citar que no primeiro episódio temos frames estáticos da Rin conversando com pessoas na rua que mais parecem cutscenes de um RPG de PS1.
Traçando mais uma vez um comparativo com o anime de 2008 em termos de fidelidade no que tange a adaptação e pra dar uma ideia do quanto a versão da Amazon está resumindo, o que é mostrado nesses 2 episódios corresponde a 6 episódios da série de 2008, lembrado que a série de 2008 não pula praticamente NADA do mangá. O único ponto positivo disso tudo é que o episódio do pintor que procura o vermelho perfeito, que eu acho um dos mais chatinhos seja no mangá ou no anime, na versão da Amazon dura apenas 10 minutos. Em compensação, uma de minhas lutas favoritas, que é a do Manji contra o Taito Magatsu tem um ritmo e uma animação broxantes.
Por falar em Taito Magatsu, alguns detalhes no background de alguns personagens foram levemente mudados ou ignorados, mas o passado do Taito sofreu uma mudança que praticamente coloca em cheque uma de suas principais características e motivações. Acontece que ele tem ódio de samurais porque sua irmã foi morta por um bem diante de seus olhos só porque a menina entrou no meio do cavalo do sujeito pra pegar uma bola com a qual brincava. Na versão da Amazon, Taito diz que sua irmã foi partida ao meio com o coice do cavalo desse samurai. Ou seja, ele deveria odiar CAVALOS e não samurais, já que o coice teria sido acidental. Uma baita bola fora dessa adaptação.
Obviamente por adorar o mangá eu vou seguir vendo a série. Mas até agora, excetuando o character design, nada me agradou muito. A animação está pobre, a direção tenta ser artística mas fica com cara de econômica e a trama está mutilada em demasia. Só resta aguardar pra ver se melhora, mas eu não creio muito nisso não…
Por enquanto…
Nota: 6,0