Aquele filme de comédia que tem TUDO!

Menos graça.

Dia desses, vi meio que sem querer o trailer de uma animação com um tom de comédia escrachada que iria estrear na Netflix. Como sou fã de animação e se vier com comédia escrachada é um bônus a mais, fiquei curioso pra ver do que se tratava. O trailer de America: The Motion Picture prometia recontar a fundação do grandioso país capitalista, xenofóbico, racista e filha da puta de uma maneira divertida e sem esconder que é um grandioso país capitalista, xenofóbico, racista e filha da puta. Bacana. Só que eu esqueci completamente da existência do longa animado! Pelo menos até ontem, quando vi o banner enquanto procurava outro filme, e resolvi assistir. Pelo começo desse post deu pra ver que não foi uma experiência muito positiva, né…!?

A sinopse é a seguinte: Após ver seu amigo, Abraham Lincoln, ser morto pelo traidor Benedict Arnold, que se uniu ao malignos ingleses, George Washington decide reunir um time de rebeldes afim de acabar com o domínio britânico sobre os Estados Unidos e trazer liberdade a uma terra que ele chamará de América. Agora, ao lado de nomes de peso como Samuel Adams, Thomas Edison, Paul Revere, Geronimo e Blacksmith, George Washington vai levar, através de mutilações, bombardeios e chacinas, o maravilhoso espirito da democracia aos corações dos malditos ingleses.

O filme tem de tudo! Humor non sense aos quilos, referências a filmes de sucesso como Robocop, Star Wars, Titanic, Carga Explosiva e Velozes e Furiosos, situações completamente fora do contexto histórica com direito a uso de tecnologia avançada, mudança de sexo de personagens históricos, lobisomens, piadas com todos os defeitos da nação e uma infinidade de boas sacadas…mas não tem GRAÇA!

Em sua hora e meia eu não consegui sequer esboçar um sorriso! Apesar de toda a subversão, alguns momentos parecem forçados e a impressão que dá é que o roteirista David Callaham (Mulher Maravilha 84, Shang Shi e a Lenda dos 10 Anéis, o que me preocupa MUITO) achou que era só meter uns palavrões que as cenas ficariam engraçadas. E, obviamente, não é o caso! Em dado momento eu comecei a ficar entediado e segui vendo o filme por pura inércia.

No quesito técnico, o filme é bem animado e é sempre bom ver animação em 2D hoje em dia onde a animação em 3D reina quase que suprema. Se bem que… o filme não é 100% 2D! E nem 100% 3D! O processo criado pra animar o longa é algo inovador e que certamente pode levar a animação em 2D a um novo patamar! Bsicamente os animadores desenharam os quadro chaves e um programa lê os desenhos e os transforma em uma base 3D que permite que os animadores animem o mesmo quadro sem precisar desenhar outros. Pras vocês entenderem melhor, deem uma olhada no making of:

O visual dos personagens é bacana e tem boas sacadas, como fazerem todos os soldados britânicos com a cara do Willem Dafoe, apesar do ator não ser inglês e, infelizmente não estar no filme. Porém tem algumas decisões que esbarram novamente no clichê e a cena fica previsível e sem graça (o que parece ser a tônica geral do longa).

Me refiro especificamente ao personagem Thomas Edison. Acontece que o elenco precisava de uma mulher na equipe e como não havia nenhuma entre os fundadores, David Callaham decidiu que seria uma boa ideia trocar o sexo de um dos personagens masculinos. E eu não vejo problema nenhum nisso, já que o filme não tem regras. Temos lobisomens, minotauros ciborgues e bolas de futebol carnívoras, um personagem masculino que na verdade é uma mulher seria o de menos! O problema é o jeito que a personagem é introduzida, com o velho clichê do capuz que cobre o rosto e parte do corpo. Assim que aparece em tela devidamente coberto você já larga um suspiro entediado e fala, ainda mais entediado “É uma mulher…” adiantando a frase que os demais personagens falarão com espanto segundos depois.

Não vi o filme com o áudio original, que tem as vozes de Channing Tatum como George Washington, Olivian Munn como Thomas Edison, Jason Mantzoukas (o Pimento de Brooklyn 99) como Samuel Adams, Simmon Pegg como rei James e Andy Samberg como Benedict Arnold, mas devo dizer que a dublagem ficou muito boa. Só achei estranho o personagem Geronimo ser o único que não fala palavrão e diz “ferrar” ao invés de “foder” como o resto do elenco. Não sei se é algo do personagem ou do dublador.

O filme é uma tragédia total? Não! Algumas pessoas podem achar graça e se divertir muito mais que eu, e tudo bem! Não sou o dono da verdade absoluta e inexorável! Estou apenas dando minha opinião pessoal e, pra mim, o filme não funcionou como um Team América, por exemplo, que tem a mesma proposta de rir dos EUA mas o faz com muito mais eficiência. Ainda assim, America: The Motion Picture pode ser visto como uma aventura descompromissada numa tarde preguiçosa.

Nota: 5,0

E nota 10 pra técninca de animação que eu achei SHOW!