Review Problemático: Luke Cage e Punho de Ferro 2.
Faz tempo que uma HQ não me dá tanta dor de cabeça…
Bem, pra começar a contextualizar o por que da frase acima, é preciso dizer que a Panini mudou seu método de distribuição recentemente afim de evitar problemas com atrasos ou evitar que algumas de suas HQs não chegassem em algumas bancas do país, uma realidade, infelizmente, bem comum para vários leitores Brasil afora. No entanto, parece que essa mudança não resultou em grandes melhoras…
Digo isso por que, em uma certa manhã de sol, o menino Godoka me manda uma foto de sua edição de Luke Cage e Punho de Ferro 2, que ele sabia que eu estava ansioso para ler, dada minha empolgação com a divertidíssima primeira edição que pode ser conferida nesse empolgado review AQUI! Assim que recebi a informação, fui ao site da Panini e chequei a distribuição da bagaça pra não dar viagem perdida até a banca. A distribuição constava como NACIONAL, logo, obviamente, já estaria nas bancas de Caruaru City, claro! Corri até o centro da cidade e vi que todas as demais revistas que sairiam em paralelo com ela, como a Demolidor 14 (que o próprio menino Godoka resenhou AQUI ) estava lá. Todas as edições da checklist de outubro da Panini estavam nas bancas de Caruaru City…MENOS A MALDITA EDIÇÃO DE LUKE CAGE E PUNHO DE FERRO 2! E FORAM DUAS MALDITAS SEMANAS INDO ATRÁS DESSE TROÇO ATÉ CONSEGUIR, JÁ SEM EMPOLGAÇÃO NENHUMA, POR AS MÃOS NESSA “MÍSERA”! Ou seja, o novo método de distribuição da Panini errou feio, errou feio, errou rude…
Mas, enfim…HQ nas mãos, vamos lá ler esse troço que, segundo o menino Godoka “está melhor que a primeira”. No entanto agora não haviam apenas os nomes de David F. Walker (roteiro) e Sanford Greene (desenhos) na capa. Havia também o nome de um tal “Flaviano” entre os dois. Aquilo já começou a me cheirar muito mal…mas disto falarei (MUITO) mais adiante. Antes, vamos a sinopse da bagaça:
A Guerra Civil 2 teve inicio e…eu não sei o oque diabos está havendo já que não estou acompanhando. No entanto, assim como não sinto a menor vontade de me inteirar neste novo “cabaré de xola super-heroístico”, a dupla Luke Cage e Danny Rand também não está com a minima vontade de se envolver na quizumba toda, pois já não aguentam mais ver heróis se batendo ao invés de lutar contra os vilões (sim, eles dizem exatamente isso e, sim, muitos leitores concordam). No entanto, essa é a uma mega-saga Marvel e, como tal, de um jeito ou de outro vai respingar nessa história…
Porém, enquanto seu lobo não vem, Luke e Danny acabam descobrindo que um misterioso grupo de justiceiros caçadores de recompensa esta caçando e prendendo uma série de ex-super-vilões, muitos com suas dividas com a justiça já paga há anos. No entanto, o caso se complica quando, ao tentar desvendar o por que disso à pedido dos parentes das vítimas, Danny acaba preso e, dentro da cadeia, descobre que algumas dessas vítimas NUNCA fizeram nada de errado, suas fichas criminais foram totalmente forjadas, as vezes apenas por ter algum parentesco com um super-vilão. Enquanto Danny tenta ligar os pontos de dentro da cadeia, Luke consegue ajuda de algumas heroínas e alguns ex-vliões do lado de fora pra tentar resolver esse mistério e, ainda por cima, arrumar um jeito de tirar Danny da cadeia. E, claro, tudo vai culminar num super-embate entre heróis. Como eu disse, é uma mega-saga da Marvel…isso vai acontecer em todos os títulos, quer você goste ou não…
Agora, vamos as minhas impressões: Como já relatado no começo do post, eu já peguei certo desgosto com essa HQ pelo atraso pra chegar em minhas mãos (sim, foram várias viagens frustrantes a banca pra NADA). Então essa má vontade em lê-la precisaria ser superada por uma boa história, assim como foi no primeiro encadernado, e pela arte do Sanford Greene que sempre acalma e maravilha meus cansados olhinhos, assim como foi no primeiro encadernado também. Mas esses dois pontos me deram uma baita dor de cabeça…
Em primeiro lugar, o roteiro de David F. Walker nos apresenta uma trama inicial que, a mim, pareceu muito promissora, pois iria ficar longe de toda a patacoada da Guerra Civil e ser uma história fechada e divertida como foi na primeira edição. Garoteei aqui, confesso, já que 0 nome “Guerra Civil II” ESTÁ NA CAPA, logo não havia como fugir disso. A história acaba sofrendo influência direta da mega-saga e isso tira toda a genialidade da alfinetada do começo da edição onde os dois personagens principais dizem algo como “Fodas-se essa porra de mega-sagas com heróis trocando tapas que ninguém aguenta mais, vamos ficar na nossa e viver nossas aventurazinhas simples e divertidas”. Isso sem falar que a trama fica arrastaaaaaaada assim que o Danny é preso e o resto da história se resume a um Luke Cage preocupado em tirá-lo da cadeia mas sem saber o que fazer e o Danny fazendo amiguinhos no presídio afim de entender quem os colocou lá e por que. E, além de a história ficar nessa punhetação e andar a passos de formiga e sem vontade, ela acaba toda em aberto, sem explicar exatamente quem é o grupo de justiceiros/caçadores de recompensas e quem é o seu misterioso líder, o qual só aparece no fim da trama e mostra que tem super-poderes. Sério, a quarta edição termina com o Danny e o Luke sentados em uma pedra em um quadrinho sem fala, soando como se o David F. Walker dissesse “Não quero mais escrever essa porra. Vocês cagaram na minha ‘vibe’ com essa tal de Guerra Civil II”.
No entanto, apesar dos pesares, Walker sabe fazer uma coisa como poucos roteiristas sabem: escrever personagens coadjuvantes divertidíssimos! Sério, as partes que realmente prendiam minha atenção eram as interações entre os ex-vilões, com destaque para o bajulador/provocador Dontrell “Barata” Hamilton e o MELHOR PERSONAGEM DE TODOS OS TEMPOS DA ULTIMA SEMANA, o Señor Mágico, o mexicano que se diz o verdadeiro Mago Supremo. O personagem me arrancou gargalhadas no encadernado anterior e volta em uma participação mais curta aqui, mas não menos marcante. Aliás, Marvel…por favor, FAÇA ACONTECER UM FILME DO SEÑOR MÁGICO ESTRELADO PELO LUIZ GUZMÁN!!!
Mas se o roteiro teve seus problemas…ah, eles nem se comparam com o mal estar que a arte me causou! Se tem uma coisa que DETESTO em uma HQ é quando, no meio dela, trocam os desenhistas. Pior ainda é quando o desenhista substituo tenta emular o original e acaba destoando violentamente. Praticamente todos os encadernados do DC Renascimento passam por esse problema, uns 3 ou 4 desenhistas diferente pra finalizar uma história só. Isso, pra mim, escancara a correria e a falta de organização em alguns títulos. No entanto, em Luke Cage e Punho de Ferro não parece ter sido o caso, já que o tal Flaviano Armentaro não entra no lugar do Sanford Greene no meio do encadernado. O encadernado já COMEÇA com o Flaviano e isso me causou um incomodo sem tamanho!
Acontece que enquanto o Sanford Greene tem um traço leve, estilizado e muito agradável, o Flaviano parece que pensou “poxa, eu tenho que emular esse cara mas preciso imprimir um estilo próprio ao mesmo tempo…como será que faço isso…? JÁ SEI! Vou finalizar tudo com GIZ DE CERA!”. O resultado é uma arte carregada, escura e que as vezes parece aquele desenho que você que sabe desenhar, ou aquele seu amigo que sabe, fazia com uma caneta Bic,que ficava toda borrada por que você/ele passava mão por cima, durante as aulas de matemática pra tentar afastar o tédio. E quando o Greene volta em uma meia dúzia de páginas só pra justificar o nome dele na capa, você já perdeu totalmente o ânimo, até por que ele logo some de novo e o Flaviano volta a agredir com seu conjunto de Giz de cera Coala. Vou até reproduzir uma coisa que disse ao Godoka em uma conversa que tivemos sobre o encadernado: O roteiro tem seus momentos que até dão uma animadinha. Mas com a arte do Flaviano é…sabe quando você compra aquele tênis que você sempre quis mas só tem na cor que você mais detesta e se você não comprar vai sair de circulação do mercado e nunca mais você vai ver? Pois é…você compra, calça…ele é confortável e tals…mas aí você olha pra baixo e vê aquela cor horrenda que frustrou todos os seus planos e só consegue murmurar um sofrido “aaaarrrgh…”.
Pra finalizar o encadernado, assim como no primeiro, temos uma história extra e sem ligação com a trama principal. No caso, aqui temos o especial de Natal “Power Man and Iron Fist: Sweet Christmas Annual 1” (que, estranhamente, consta como publicada em fevereiro nos EUA…). Tudo começa quando Luke e Danny levam a pequena Danielle, filha de Luke com a Jessica Jones, ao shopping afim de comprar um Schnnukie, um monstrinho que saiu dos vídeo-games e superou Pokémon em popularidade. O que ambos não sabiam era que os bonecos eram, na verdade, uma criação do demoníaco Krampus que estava usando os bichinhos malditos afim de colher almas humanas. Uma historinha de natal bem maluca mas divertida. Aliás, cabe aqui o destaque ao desenhista Scott Hepburn. O sujeito pega o conceito cartunesco proposto por Greene mas imprime seu estilo de uma maneira muito acertada, resultando em um desenho realmente bonito e agradável, ao contrário da TRAGÉDIA rebiscada por este tal Flaviano!
Aliás, sabe o que é pior? Fui pesquisar mais sobre este infeliz deste Flaviano e descobri ele parece ter ligação com o mundo da animação. Aliás, expressões faciais e expressão corporal nos personagens ele faz muito bem. O problema maior é que ele, em suas artes encontradas no Google Imagens afora, tem um traço leve e agradável, mas em Luke Cage e Punho de Ferro ele parece ter pensado “Quandrinhos? Tenho que fazer igual ao Jim Lee então, né? Vou meter nanquim em tudo! Aliás, vou enfiar um giz de cera no cu (que é mais barato) e rebolar em cima das minhas artes à lápis”. Seja lá qual for a história real, o resultado ecoará em minha alma com desgosto pra sempre. Velho…o que ele fez com os cabelos das personagens femininas? Parece que todas usaram Kolene e deixaram secar sem enxaguar ou pentear…
Por fim, Luke Cage e Punho de Ferro 2 me trouxe mais decepções do que alegrias, desde a compra até o fim da leitura. Aliás, menino Godoka…NÃO ACHEI MELHOR QUE O PRIMEIRO, como deu pra notar, né? Exatamente por causa disso fui dar uma conferida nas 5 edições que faltam pra fechar a série e, é com enorme alegria, que digo que a trama volta a ficar independente de qualquer outra mega-saga e que o desenho volta em sua quase totalidade as mãos do Sanford Greene. Digo “quase” por que a edição 13 fica a cargo de um tal Elmo Bondoc, mas ele faz um trabalho muito bacana e cobre bem o Greene que termina os dois últimos números sem nenhuma outra interrupção. Agora sim, estou ansioso de novo, mas tranquilo desta vez. No mais…
NOTA: 6,0
PS: O trabalho do Flaviano me desagradou muito, isso ficou bem claro. Mas o Greene também deu uma vaciladazinha…alguém me explica o que aconteceu com as pernas do Luke Cage na imagem abaixo. Eu tô achando que ele foi mordido pelo Pigmeu durante a luta contra o time da Carol Danvers…
PS 2: Uma coisa chatinha pra caramba que o Walker fez e esqueci de citar foi sempre colocar um recordatório quando um personagem aparecia, tipo “Luke Cage. Vulgo Poderoso”. Sei que isso foi usado pra localizar os leitores que pegassem o bonde andando lá nos EUA onde a HQ era mensal e não um encadernado, como aqui. Mas no encadernado isso fica chaaaato pra burro…