Review- Motoqueiro Fantasma: Máquina de Sex…digo…da Vingança!

Nem a Chatuba de Mesquita estava pronta pra a mudança de classificação da carteira do cabeça de fósforo…

Olha só, negadinha, está nas bancas o ATRASADÍSSIMO encadernado Motoqueiro Fantasma: Máquina da Vingança, que trás a reformulação do Espírito da Vingança para a All-New Marvel láááá em 2014. Por que do atraso? Eu não faço ideia! O que sei é que comprei, li eeee…bem, vamos ao review.

Como todos sabem, o novo Motoqueiro Fantasma NÃO TEM NADA de motoqueiro. Ele dirige um carro, mais precisamente um Dodger Charger 1970, exatamente o mesmo carango dirigido pelo Dominic Toretto na cini-série Velozes e Furiosos. Coincidência? Acho que não…

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♪♫ Cooooisa linda…♪♫

Até aí isso não me incomoda, eu até gosto do conceito do carro, fica visualmente muito maneiro e o visual do personagem também ficou muito bom, em minha fecal opinião. O que me incomodou mesmo foi a decisão cagada da Panini de manter o “Motoqueiro” no nome do personagem, sendo que o “Rider” original ainda casa com a proposta, pois advém de “cavaleiro”. Eu, particularmente, preferiria algo como “Piloto Fantasma” ou “Corredor Fantasma” ou até “Motorista Fantasma” por mais escroto que fosse, mas manter o “Motoqueiro” foi uma pura decisão de branding. Mas, quem dera esse fosse o maior problema do novo “Motoqueiro” Fantasma…

O Roteiro

Escrito por Felipe Smith, a história do novo Motoqueiro Fantasma começa mostrando Roberto “Robbie” Reyes, um garoto de 17 anos que estuda pela manhã e trabalha numa oficina mecânica a tarde. Além de tudo isso, Robbie ainda cuida de seu irmão mais novo, Gabe, que é deficiente físico e tem alguns problemas intelectuais também. Tendo sido abandonados pelos pais, Gabe é toda família que Robbie tem e ele fará de tudo para cuidar do seu irmão. O problema é que ambos vivem em um dos locais mais barra pesada de Los Angeles, e levar uma vida pacata se torna um esforço hercúleo dia após dia.

A barra pesa a cada esquina no bairro de Robbie...

A barra pesa a cada esquina no bairro de Robbie…

Após se ver impotente ao tentar recuperar a cadeira de rodas de Gabe para um grupo de marginais, que também eram seus colegas de classe, Robbie resolve que é hora de mudar de vida. Para tanto, ele decide “pegar emprestado” o Dodger Charger que está na oficina onde trabalha e se arriscar em uma corrida clandestina, apostando o carro já que não tem dinheiro algum. A corrida começa e Robbie a domina com facilidade, o problema é que a policia aparece. Ao se ver encurralado, Robbie imagina que irá preso. Ledo engano. Os supostos policiais MATAM Robbie e acabamos descobrindo que haviam quilos de um tipo de droga em capsulas no porta malas. O carro é incendiado junto com o corpo de Robbie. Ou pelo menos deveria ter sido…já que um espirito que parecia habitar o veículo toma o corpo de Robbie e o transforma no Espirito da Vingança, o (não)Motoqueiro Fantasma. Robbie, sem pestanejar vai atrás de seu assassinos, e ele descobrirá que há muito mais por trás do motivo de sua morte do que ele imagina.

Motocasma funkeiro

Com um roteiro básico até o talo, assim começa a saga desse (não)Motoqueiro Fantasma. E é assim que o roteiro se mantém até o fim do encadernado: básico. Descobrimos que o espirito que tomou Robbie como hospedeiro não é, nem de longe, o Espirito da Vingança que conhecemos, mas um cara chamado Eli, sabe-se lá de que buraco ele saiu, só sabemos que ele era o dono original do carro. Descobrimos também que o vilão da história é o Mister Hyde, vilão de segundo (ou até terceiro) escalão da Marvel, mais comumente visto em Demolidor, Homem-Aranha e Thor. E esse é um dos grandes problemas pra mim aqui, um vilão que nada tem a ver com o sobrenatural, coisa que o Motoqueiro Fantasma praticamente EXIGE, dada sua mitologia. Eu, particularmente, preferia colocar um Black Heart, por mais repetitivo que soasse.

Outro grande problema na trama é que grande parte dela foca no sub-plot, que mostra que a tal droga que estava no porta malas do carro que Robbie dirigia, mas que pertencia a um traficante chamado Zangado, é uma fórmula criada pelo Dr. Zabo, o modo humano de Mr. Hyde, afim de criar um super exército e dominar o sub-mundo de toda a costa oeste dos EUA. E o roteiro deixa Robbie muitas vezes de lado pra se focar nas tretas entre Mr. Hyde e seu grupo de mercenários contra Zangado e seu grupo de “gangstas” mexicanos.

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Muitas vezes, será dada mais importância a esse núcleo do que ao central…

Isso posto, as vezes que o (não)Motoqueiro Fantasma aparece se tornam muito rápidas e te deixam meio decepcionado pela velocidade, o que é uma ironia. No entanto, um fato que te ganha de imediato e que é o maior trunfo da história é a relação entre Robbie e Gabe. Você sente empatia e até carinho pela dupla de irmãos e fica torcendo pra que o Robbie se dê bem pra, consequentemente, Gabe também se dar. A inocência de Gabe chega a comover em muitos momentos e o garoto é tão carismático que até Eli, o Espirito da Vingança genérico, deixa claro que se apegou ao garoto.

Voltando ao personagem do (não)Motoqueiro em si, fica claro nos combates com as super-ameaças que o Eli não é o verdadeiro Espirito da Vingança, tanto pelo seu jeito meio Rocket Racoon de falar quanto pela inexperiência em combate combinada com a inexperiência do Robbie em si. Mas uma coisa em comum Eli tem com o verdeiro Espirito da Vingança: ele QUER vingança. Porém o Robbie não, e isso acaba irritando em alguns momentos.

Eli está sempre tentando convencer Robbie a se vingar. Mas o garoto parece não estar lá muito afim...

Eli está sempre tentando convencer Robbie a se vingar. Mas o garoto parece não estar lá muito afim…

O primeiro arco, que se fecha na quinta das seis edições do encadernado, deixa a desejar por ser rápido demais (outra ironia) e o sexto número traz o arco que vai se estender pelo encadernado seguinte e mostra que a punhetação em cima da droga do Mr. Hyde vai continuar, garantido minha NÃO COMPRA do próximo volume.

A Arte

Agora vamos ao REAL MOTIVO que me fez comprar esse encadernado: Tradd Moore.

Conheci Tradd Moore ao ler seu quadrinho autoral ” O Estranho Talento de Luther Strode” que deu inicio a uma trilogia que se segue com “A Lenda de Luther Strode” e se fecha em “O Legado de Luther Strode”. Com uma pegada meio Kick Ass em ” O Estranho Talento de Luther Strode” e com um traço mais angular, confesso que só gostei mais pelo desenho e pelas elaboradas cenas de ação que Tradd Moore criava em cima do roteiro básico de Justin Jordan.

Cena de "O Estranho Talento de Luther Strode"

Cena de “O Estranho Talento de Luther Strode”

A partir de “A Lenda de Luther Strode” o roteiro de Jordan melhorava, mas era o desenho de Moore que mostrava um salto ABSURDO! Uma narrativa dinâmica, cenas de ação cinematográficas que lembravam alguns dos momentos mais exagerados de Matrix, e personagens com visuais incríveis me fizeram virar fã do cara. Quando soube que ele desenharia o (não)Motoqueiro Fantasma fiquei feliz, pois sabia que a possibilidade de ter algo em mãos com sua arte seria mais fácil numa publicação Marvel do que alguma editora se interessar em trazer Luther Strode pro mercado brasileiro.

Cena de "O Legado de Luther Stode" que precede uma das melhores lutas da série.

Cena de “O Legado de Luther Stode” que precede uma das melhores lutas da série.

No entanto, apesar de todo o talento, o nome Marvel parece pesar no trabalho de Tradd Moore em (não)Motoqueiro Fantasma. Se na primeira edição temos o seu característico dinamismo, com destaque para a belíssima cena do racha, nas edições seguintes vemos uma narrativa visivelmente prejudicada pelos prazos e que acaba resultando em algo até comum. No entanto, o desenho permanece muito bonito, mas a HQ acaba, unida ao roteiro fraco, se tornando um artbook ao invés de uma HQ propriamente dita pra quem conhece todo o potencial de Moore.

Cena da primeira edição

Cena da primeira edição. Percebam o carro laranja em referência direta ao carro usado por Paul Walker no primeiro Velozes e Furiosos.

 

Mais uma bela cena da primeira edição.

Mais uma bela cena da primeira edição. Esta cena da eplosão do carro, aliás, acabou sendo adaptada para a série Agents of S.H.I.E.L.D.

A coisa desanda mesmo é na sexta edição, com a saída de Moore e a entrada de Brian Uhe, que tenta emular o estilo de Moore e acaba ficando com cara de fanzine cartunesco. Uma coisa horrenda que me faz lamentar o fato de que Kris Anka só veio tomar seu lugar nas ultimas duas edições dessa série.

Bryan Uhe entra, o (já pouco) gosto pela leitura saí...

Bryan Uhe entra, o (já pouco) gosto pela leitura saí…

Veredito

Motoqueiro Fantasma: Máquina da Vingança não é NEM DE LONGE a melhor coisa feita com o Motoqueiro Fantasma, no entanto constrói um universo que parece que irá se tornar interessante no futuro, tanto por que li por aí que o sobrenatural vai ganhar força quanto pelo fato de será desenhado pelo Danilo Beyruth, só aí eu irei atrás de outro encadernado do Velozes e Furiosos Defunto. Por enquanto eu só posso recomendar pra quem quer ter algo do Tradd Moore na prateleira pois a história ficou MUITO a desejar.

Nota: 6,0