Review Ligeiro: Domu.
Katsuhiro Otomo bate em uma tecla só?
Pois se bate, bate MUITÍSSIMO BEM! Por que digo isso? Por que Domu, o segundo mangá mais conhecido do sujeito, também trata do mesmo tema apresentado em Akira: Poderes Psíquicos. Mas o que poderia resultar em uma história repetitiva toma novos ares e rumos nas talentosas mãos de Otomo. Mas vamos com calma. Primeiro, falemos da história de Domu.
Em um condomínio gigantesco misteriosos suicídios tem acontecido com frequência. Em comum entre eles está o fato de que todos os suicidas se jogam de cima do mesmo ponto e a falta de objetos quando seus corpos são encontrados, como bonés, anéis e afins. No entanto, o que parece ser “apenas” um caso de suicídios entupidos de coincidências ganha conotações misteriosas quando a policia descobre que algumas das vitimas não abriram a porta do terraço para chegar até lá antes de se jogarem ou mesmo o fato de algumas delas parecerem ter simplesmente se teleportado de locais distantes pra lá em questão de minutos.
Dado os fatos estranhos por trás das mortes, a policia acaba por direcionar sua atenção aos moradores mais estranhos do tal condomínio. Assim sendo, um bêbado, uma mulher louca pela perda do bebê, um homem com problemas mentais que age como uma criança de 5 anos mesmo tendo o corpo de um lutador de luta livre e um senhor senil ficam sob a mira da policia por pura falta de opções melhores. O que eles não sabem é que um desses suspeitos não é o que aparenta e, ainda por cima, tem misteriosos poderes psíquicos e não apenas está causando os suicídios como se diverte com isso e coleciona pertences das vitimas como troféus. Sim, é um serial killer com poderes! Ou melhor, um “para-psicopata”!
No entanto as coisas estão para mudar na vida do/da tal para-psicopata com a chegada de uma garotinha ao condomínio. Seu nome é Etsuko e ela também tem poderes psíquicos e não só não está satisfeita com os planos do/da para-psicopata como fará de tudo para detê-lo(a).
Domu é um mangá que eu sempre quis ler e só fui fazê-lo recentemente por motivos de ter uma memória de merda e esquecer de procurá-lo! E se você conhece Katsuhiro Otomo sabe que elogiar o trabalho do sujeito é chover no molhado. Domu é um MANGÁZAÇO que, em suas 230 páginas e em seu roteiro “básico”, nos apresenta uma trama envolvente, personagens carismáticos e cenas de ação de encher os olhos. Muito me admira Domu nunca ter virado um longa animado nos moldes de Akira, pois se encaixaria perfeitamente no formato.
“Ain, mas Hellbolha…não dá pra se apegar muito a personagens em um mangá de 230 páginas pra dizer que eles são carismáticos. Não dá tempo nem de desenvolver um laço com eles.” você pode me dizer, incrédulo leitor. E eu vos respondo: Estamos falando de KATSUHIRO OTOMO! E o cara SABE FAZER! Otomo não é só um cara que joga personagens clichês em situações que culminam em cenas grandiosas mas vazias. O cara sabe desenvolver os muitos personagens de Domu em suas limitadas 230 páginas com maestria. Ninguém fica avulso, ninguém fica sem uma razão pra estar ali. Otomo nos dá contexto para não apenas aceitar cada um deles como para nos apegarmos rapidamente a muitos deles e lamentar o destino de alguns e vibrar com o de outros. Aliás, se ele faz isso em apenas 230 páginas não é de se estranhar a fama e a influência que a dupla de protagonistas de Akira tem até hoje. Ou vocês acham que os famosos gritos “SASUKEEEEE X NARUTOOOOOO” vieram do nada? Muito antes dos ninjas rivais gritões já existia o clássico “TETSUOOOOO X KANEDAAAAA”.
Enfim, Domu é um mangá incrível que merece ser lido. Uma grata surpresa até pra quem nutria altas expectativas sobre ele, como era meu caso. Fico me perguntando se um dia teremos esta obra em nossas bancas ou livrarias, mas aí lembro do cu doce do Otomo com a aprovação de Akira e começo a lamentar a possibilidade de isso não acontecer tão cedo. Mas ainda mantenho a torcida. Enquanto este dia não chega, procure internet afora e se delicie com uma boa leitura. Garanto que valerá muito a pena!
Nota: 10
PS: Não tem NADA A VER com Domu, mas tem a ver com Katsuhiro Otomo. Hoje comecei a assistir Inuyashiki, aquele anime que é a adaptação do mangá do dodói do Hiroya Oku, cirador do Gantz, e que conta a história de um velhinho que se torna literalmente uma máquina de matar. Aí, enquanto escrevia este post, acabei lembrando que o Oku não foi o primeiro com a ideia de um velhinho como máquina de destruição em massa. Em 1991 foi lançado no Japão “Roujin Z”, um OVA dirigido por Hirouky Kitakubo mas com história original e roteiro de…Katsuhiro Otomo! A trama gira em torno de um velhinho inválido que é colocado em uma moderna cama automatizada que pode cuidar dele sem a necessidade de uma enfermeira, tudo como um demonstração inicial do projeto para o governo. Acontece que o velhinho se conecta de modo tal a cama que a inteligência artificial da máquina acaba absorvendo a personalidade de sua falecida esposa através das lembranças do senhorzinho, e a máquina teima em realizar o último desejo do vovô: ver o mar mais uma vez. O problema é a destruição e o caos que a super-cama irá causar para alcançar os objetivos de “seu amado”. Longe de ter o clima pesado de Akira, por exemplo, Roujin Z é um OVA de aventura/comédia muitíssimo bem produzido e extremamente recomendado! Mas, como titio Hellbolha é bondoso, vai deixar o OVA completinho e legendadinho aí embaixo! Abraço na boca!
https://www.youtube.com/watch?v=xArhuOENYwE