Review Fedorento: A Supergirl de Krypton

Snif…snif…sentem esse cheirinho? É cheirinho de merda!

Recentemente re-assisti Batman v Superman (não,eu não estou doido, teve um motivo pra isso e em breve vocês vão entender porque o fiz) e me bateu a vontade de ler algo com a dupla. Foi quando, mexendo na caixa de gibizinho, encontrei as edições da revista Superman & Batman da Panini edições de 1 a 4. Nelas está presente a história A Supergirl de Krypton, escrita por Jeph Loeb e desenhada pelo já “do outro lado do mistério”, Michael Turner. “Cacete, Hellbolha! Mas por que diabos tu me lê uma merda dessas logo depois de assistir um lixo daqueles” as pessoas com o minimo de bom senso podem estar se perguntando. A resposta é simples: Sei lá! Deu vontade, só.

Imagem relacionada

Mas antes de analisar essa “obra prima” do Jeph Loeb, contarei como fui levado a ela. Tudo começou em 2010, quando a DC achou que adaptar a fase do Jeph Loeb a frente do título da dupla Batman e Superman no formato de longas animados seria uma boa ideia. Um ano antes haviam lançado Superman & Batman: Inimigos Públicos, baseado no arco homônimo também do Loeb mas com desenhos do Ed McGuinness. Essa animação eu sabia que era baseada nos quadrinhos do Loeb, e achei até bacaninha, apesar do traço já cartunesco do McGuinness ter sido meio deformado na transição.Só que quando Batman & Superman: Apocalypse foi lançado no ano seguinte,eu não sabia se tratar de algo baseado nas história do Jeph Loeb.. O filme tinha um visual diferente e que eu achei fantástico, com os personagens mais altos e com visuais beeeem diferentes do que era comumente visto nas animações da DC, sobretudo o Batman, que andava o tempo todo enrolado na capa como se fosse um vampiro, as luvas tinham pequenas garras, o morcego no peito estava mais estilizado e agressivo e as orelhas de sua máscara estavam gigantes. Além do character design, pelo qual sou apaixonado até hoje, o longa também gozava de uma animação de alta qualidade, cenas de ação fantásticas e um combate final que rivalizaria facilmente com alguns combates do inicio de Dragon Ball Z, (antes de todo golpe ser passível de partir um planeta ao meio…).

All Safex hodlers right now - Album on Imgur

Depois de algum tempo foi que descobri que a história era baseada em um arco da HQ escrita por Loeb e que a Panini havia lançado 5 anos antes, então,pra mim, ter aquelas edições era algo praticamente impossível, pois não haviam sebos em Caruaru e eu nem sabia o que era scan pois só havia comprando meu primeiro notebook um ano antes e mal sabia navegar na internet. MUUUUITOS ANOS DEPOIS, comprando alguns quadrinhos usados no Fórum MBB,vi que o rapaz de quem eu estava comprando tinha alguns itens custando apenas R$1,00 na sua lista. Foi aí que comprei a edição da Abril de Surfista Prateado: Parábola, uma edição especial de Hulk: Futuro Imperfeito da Panini com lombada no grampo, pois naquela época “edição especial” não era capa dura ou cartão, era vir com a história completa, e, claro, as 4 primeiras edições de Superman & Batman com a tal história. Fiquei mais contente pelos desenhos do Michael Turner,desenhista por quem nutro certo carinho pois alguns de seus trabalhos fizeram parte de meu inicio como leitor de quadrinhos,do que pela história. Só que a história conseguiu me surpreender…MUITO negativamente!

Antes, uma sinopse básica: Após os eventos TOSCOS PRA PORRA ocorridos no arco Inimigos Publicos, que culminaram com o fim do mandato de Lex Luthor na presidência dos EUA sendo substituído pelo seu vice, Jimmy Olsen (urgh…), na suposta morte do Capitão Átomo tentando deter um meteoro que na verdade, era um pedaço de Krypton de cair na Terra num plano de Lex de culpar o Superman de atrair a pedrona pra nosso planeta pois, segundo sua lógica, kryptonianos atraem pedaços de seu extinto planeta pra si (argh…) e de fechar com chave de cocô com um robô meio Superman meio Batman tentando impedir esse mesmo meteoro (blergh…acho que vomitei um pouco na minha boca…),Superman está de quarentena (prevendo 2020?) e impedido de sair de casa pela quantidade de Kryptonita espalhada por Metrópolis após o meteoro explodir em milhares de pedacinhos. Batman está colhendo alguns pedaços no fundo de um rio quando descobre uma especie de nave kryptoniana que,segundo sua análise, havia caído ali há pelo menos duas semanas. A tripulante era uma desmemoriada Kara Zor-El, a prima de Kal-El que havia sido mandada pra Terra no mesmo dia que ele mas devido a um acidente, vagou por anos no espaço em animação suspensa caindo só agora em nosso planeta e, graças a isso, permanecendo com a fisiologia adolescente de quando deixou Krypton e encontrado seu primo bem mais velho que ela. Claro que os poderes da moça chama a atenção, sobretudo de Darkseid, soberano de Apokolips, que quer a moça para tomar o lugar que foi da Grande Barda como líder das Fúrias e afrontar o seu eterno inimigo, o Superman, no processo.

Eis a PIOR maneira de se apresentar sua prima pra alguém.

Agora vamos aos problemas desse retcon vagabundo: TODOS! Jeph Loeb consegue não apenas subverter a personalidade do Superman de um jeito que faria Zack Snyder se corroer de inveja como dá motivações com a profundida de um pires para alguns personagens, cria situações imbecis que poderiam ser resolvidas com uma simples conversa e força o “massavéiometro” de um modo que fica apenas ridículo. Mas o maior problema aqui é mesmo o seu Superman.

Normalmente o azulão é calmo, inteligente, heroíco, justo, ouve os companheiros e dificilmente faz algo por impulso. Aqui ele é TODO O CONTRÁRIO! Uma garota desconhecida que afirma ser prima dele aparece e ele nem desconfia que possa ser o plano de algum inimigo. Ao invés disso, ele adota a menina instantaneamente como a pessoa mais preciosa de sua vida e sem a qual não poderia mais viver, afinal ela é sua família DE VERDADE agora, pau no cu dos Kent! Esse apego absurdo não tem nem a desculpa de que é um tipo de controle mental de algum inimigo,é só o Superman agindo feito um maluco mesmo, a ponto de quase matar Artemis durante um treinamento em que ela derrubou Kara na Ilha Paraíso. Cabe ao Batman o papel de desconfiar da “esmola demais” durante toda a história.

A superproteção violenta e o autoritarismo do Superman sobre Kara mostra que Jeph Loeb transformou o maior super-herói da história em…um macho escroto que prendeu uma moça num relacionamento tóxico e abusivo! Sério, se você trocar a alcunha de “prima” pra “namorada”, o Superman do Jeph Loeb age como um sem número de covardes que passam todos os dias nos jornais que batem na namorada/esposa, mutilam sua liberdade pessoal e, infelizmente em muitos casos, acabam matando a companheira por ciumes doentio e o sentimento de possse, como se a outra pessoa fosse um objeto seu. Da primeira vez que eu li eu não tinha percebido isso,mas agora…sério…foi incomodo pra porra! Pra vocês terem ideia do quão “chernoboy” o Superman está nessa história, tem uma hora que ele manda um “Quem seria melhor do que eu pra cuidar de você? Pra saber o que é melhor pra você?”. Sério, Loeb? Sério mesmo?

Uma coisa que o Loeb ADORA fazer e que eu sempre via a galera que fala bem dessa fase dele costuma ressaltar como ponto positivo são os recordatórios que mostram os pensamentos do Superman e do Batman, mostrando o que um pensa do outro e como ambos são muito diferentes entre si. Quando eu li essa história pela primeira vez essa foi a parte que eu mais achei CHATA PRA PORRA! Sério, tem muitos desses recordatórios com coisas completamente dispensáveis, outras com coisas óbvias e os momentos mais chatos são quando eles se intercalam e interrompem as frases um do outro. Esse troço é tão chato que dessa vez resolvi ler de uma maneira diferente : ignorando TODOS os balões recordatórios.Eles só fizeram falta em UMA cena onde o Batman encontra os esporos de Apokolips e a explicação do que eram estava num recordatório desses. Fora isso,eles foram completamente dispensáveis e não lê-los não atrapalhou o entendimento da trama merda e ainda me fez terminar de ler esse troço muito mais rápido!

Quanto aos desenhos…bem…eu AINDA GOSTO DOS DESENHOS DO MICHAEL TURNER! ME JULGUEM! Gosto de como ele desenha os personagens DC (sobretudo o Batman,como eu já disse antes) apesar de todos terem a mesma cara e o mesmo corpo e as vezes os abdomens não terem volumes e parecerem mais que foram desenhados nos uniformes. Mas, sim, ainda gosto! Acho que esse é o único ponto positivo COM MUITAS RESSALVAS nessa quizumba toda.

Eu simplesmente ADORO o Batman do Turner! Mesmo que ele esteja usando a capa do Spawn…

Agora vamos falar um pouco do filme.

Ih,olha só…não lembrava que a capa do DVD era desenhada pleo Clayton Carin!

Dirigido por Lauren Montgomery, por coincidência ou não, diretora de alguns dos MELHORES longas animados da DC como Mulher-Maravilha, Lanterna Verde: Primeiro Vôo, Liga da Justiça: Crise Em Duas Terras (baseado no ÓTIMO Liga da Justiça: Terra 2 da dupla Grant Morrison e Frank Quitely), Liga da Justiça: A Legião do Mal (adaptação do arco Torre de Babel), Lanterna Verde:Cavaleiros Esmeraldas entre tantos outros, o filme faz o que os longas animados da DC faziam antigamente: MELHORA A HISTÓRIA MERDA DA HQ EM 200%!

No longa não temos o Superman misógino e pau no cu, ele ainda é super-protetor mas numa escala muito mais aceitável e ainda ouve o conselhos dos amigos. Plots imbecis são consertados e explicações idiotas são trocadas por lógica pura e simples. Mas como o roteiro base ainda é do Jeph Loeb, muita coisa besta ainda permanece, como a luta contra um exército de Apocalypses em Themyscira.

A cena final de combate é maravilhosa e substitui um plot IDIOTA PRA PORRA do Superman pregando uma peça no Darkseid pra forjar a morte da Supergirl. Ao invés disso, o filme reserva um momento de protagonismo a personagem que é a força motriz da trama, apesar de forçar um pouco colocando-a como uma adversária a altura de Darkseid sendo que ela ainda está aprendendo sobre seus poderes. Mas a gente releva, porque a cena É FODA!

No entanto, a coisa que realmente merece destaque é o charcter design! Tentando emular o traço de Michael Turner, Dusty Abell cria um dos melhores characters designs que eu já vi num longa animado DC. Abaixo deixarei alguns model sheets dos personagens desenhados elo sujeito para vossas apreciações.

Enfim, post grande pra porra pra falar de algo tão ruim, mas que gerou um filme legalzinho. Aliás, TODO o run do Jeph Loeb no título Superman & Batman é HORROROSO, e o Godoka não me deixa mentir nos posts focados nos títulos desse run que saíram na coleção da Eaglemoss, inclusive na edição que corresponde a essa história (você pode ler as resenhas do Godoka sobre esses encadernados clicando AQUI, AQUI e AQUI). Atá hoje não entendo porque a DC usou dois arcos desse run nojento pra produzir longas animados com coisas tão melhores pra transformar em filme, e poderia até ser do Jeph Loeb, como Longo Dia Das Bruxas, por exemplo. Mas o que está feito está feito e graças a Odin conseguiram tornas essas histórias menos ruins em suas versões animadas. Então, criançada, fiquem longe dos lixos do Jeph Loeb! Antigamente a defesa pra ele é que “as coisas que ele faz com o Tim Sale ficam boas” mas atualmente nem isso tem funcionado mais, pois ouvi dizer que Capitão América: Branco é bem nhé…

Nota pra HQ: 4,0 (e só pelos desenhos e olhe lá!)

Nota pro filme: 7,5

PS: Acabei lembrando de outra coisa que o Jeph Loeb adorava fazer em seu run no título Superman e Batman: matar personagens relativamente importantes. Em Inimigos Públicos ele mata o Capitão Átomo (que depois é revelado que na verdade havia sido enviado pra outra dimensão) e em a Supergirl de Krypton ele mata a Precursora. Eu só fico imaginando ele escrevendo essas merdas e pensando “Porra, meus roteiros são fodas! Vou matar mais esse personagem e mudar todo o status quo da DC! Em seguida eu vou matar o Superman de novo! Vai ser SHOW!”.

PS2: Outra coisa que me passou pela cabeça é a galera que adorou esse run ou mesmo que começou a ler quadrinhos por ele e depois foi assistir BvS e ADOROU o filme! Acho que elas viram e pensaram “Nossa…tá tão ruim quanto nos quadrinhos! ISSO QUE É FIDELIDADE AO MATERIAL ORIGINAL! CHUPA MARVEL!!!”.