Review Épico: Odisseia Cósmica

Ou “LARGA ESSAS PORRA DE ANIMAÇÃO BASEADAS NOS NOVOS 52 E ANIMA ISSO, WARNER/DC, PUFÁVÔ!”

Bem, jovos e jovas, após terminar meu post “Super Powers vs Novos Deuses”, o qual você pode ler a primeira parte clicando AQUI e ignorar completamente a segunda parte por ter ficado grande demais NÃO clicando AQUI, eu fui levado pelo embalo e acabei indo reler uma de minhas sagas favoritas e quase continuação direta de Novos Deuses: Odisseia Cósmica de Jim Starlin e Mike Mignola.

A história básica é a seguinte: Ao contrário do que todos pensavam, a Equação Antivida se revela como um ser com forma física e senciente, e não apenas algo abstrato como era dito até então. Quem faz essa descoberta é Metron, o qual acaba pagando com a quase aniquilação de sua mente. Darkseid encontra Metron e, através da análise dos dados colhidos por sua Poltrona Mobius, acaba tomando conhecimento da verdade por trás da Equação Antivida. E não apenas isso, ele descobre que a entidade, confinada em outro plano, pretende invadir o nosso e destruir todas as galáxias ao seus alcance. Para impedir que tal fato ocorra, Darkseid propõe uma trégua ao Pai Celestial e ambos convocam alguns dos mais poderosos heróis da Terra (e o Batman) afim de tentar impedir que a Equação Antivida consiga adentrar nossa realidade. Mas, obviamente, Darkseid não tem intenções tão nobres quanto quer aparentar, e vai se utilizar da situação em proveito próprio, tentando drenar a força da Equação Antivida para si no processo.

A trama de Odisseia Cósmica é deliciosamente simples e extremamente eficaz no que se propõe : Ser um épico divertido! Quando eu digo “simples”, eu não quero dizer “abobalhada” mas, sim, que ela não se alonga desnecessariamente, não entope a revista com dezenas de personagens e, mais importante, não se espalha por trocentos  outros títulos, como um porrilhão de mega-sagas costumam fazer. Ela é auto contida em suas quatro edições e, ainda assim, consegue imprimir a sensação de uma ameaça que pode realmente varrer o universo do mapa.

O grupo de super heróis reunidos aqui não é exatamente a Liga da Justiça, mas traz uma combinação interessante baseada em alguns pensamentos do próprio Jim Starlin, A começar, claro, pelos Novos Deuses. Darkseid e Apokolips sempre estiveram presentes nas tramas da DC até aquele período, no entanto os Novos Deuses tinham sido deixados meio de lado e Starlin resolveu trazê-los de volta ao palco principal. Assim sendo, temos Orion e Magtron (ou Lightray, se preferir) como os representantes de Nova Gênesis no time. No entanto Starlin queria mais alienígenas no grupo pra dar aquele ar de “diversidade cósmica”. Assim sendo, ele trouxe J’onn J’onzz, o Caçador de Marte (ou Ajax, se preferir) numa decisão um tanto óbvia e a Estelar dos Novos Titãs pra dar aquele toque feminino ao time composto por homens em sua maioria, além de se aproveitar da popularidade da personagem no título dos Jovens Titãs, na época comandado por George Perez. Temos, claro, o Superman e, no time dos humanos, Batman e o Lanterna Verde John Stewart, uma decisão de Starlin baseada no fato de que teria mais liberdade com John do que com Hal Jordan. Completando o time temos o Forrageador, um Novo Deus que foi criado por uma raça de insectoides  de Nova Gênesis e, por isso, visto com desprezo pelos Novos Deuses, sobretudo por Orion.

Como a Equação Antivida conseguiu lançar quatro pequenos espectros para nossa dimensão durante a fuga de Metron, e esses quatro pequenos espectros se infiltraram em quatro planetas de sistemas solares diferentes, os heróis se separam em duplas e cada uma vai para um planeta. E é nesse momento que Starlin brilha, construindo relações conflituosas entre muitos deles. É o caso de Superman e Orion, que vão a Thanagar. Eles são recebidos pelos exército Thanagariano que está sendo controlado pelo Espectro da Antivida e, enquanto Superman tenta derrubar todos com o minimo de dano possível até que o problema seja resolvido e eles recobrem a consciência, Orion não se mostra muito preocupado em fazer o mesmo. Muito pelo contrário, aliás! Segundo ele, em uma guerra não importa se o inimigo está sendo controlado ou não, se é um inimigo ele irá eliminá-lo sem piedade. O final desse conflito em Thanagar fecha com uma cena chocante e que deixa o Super abismado com a completa falta de humanidade em Orion.

Enquanto Superman ataca afim de causar o menos dano possível, Orion atira pra matar sem dó nem piedade.

Outra dupla que merece destaque é o J’onn J’onzz e John Stewart. Ambos são enviados a Xanshi onde descobrem que o Espectro Antivida localizado no planeta espalhou uma praga entre seus habitantes. Num ato de nobreza, o Lanterna Verde sintetiza uma cura através de um soro feito por um cientista local, ato que faz o Caçador de Marte criar certa admiração por Stewart. Mas essa admiração se vai mais adiante, quando uma decisão movida puramente pelo ego de John Stewart o faz cometer um erro terrível e faz o marciano perceber que não havia nobreza nos atos do Lanterna Verde, apenas arrogância e prepotência.

A arrogância de John Stewart vai lavá-lo a tomar a atitude mais inconsequente de sua vida…

A dupla mais nobre aqui, sem sombra de dúvidas, é Batman e Forrageador. Sem super-poderes, ambos são designados a proteger a Terra. Por ver que o Forrageador, apesar de excluído e sofrer preconceito por parte do povo ao qual originalmente pertence e, ainda assim, se digna a combater por eles, Batman acaba criando um enorme respeito pelo simpático membro da Legião Inseto. O combate dos dois para deter o Espectro Antivida, aliás, é o mais tenso e mais dramático de todos. E o final dele só faz admiração e o respeito do Batman pelo Forrageador crescer ainda mais. E o meu também, devo confessar…

Forrageador: O melhor Robin EVER!!!

Quanto a dupla Estelar e Magtron…bem..honestamente é a parte mais fraquinha da história. Veja bem, não é ruim! Mas não há um conflito ou uma relação bem construída entre ambos. Tanto que eles ganham o reforço de Adam Strange afim de criar mais tensão em seu “arco”. Como eu disse, não é ruim mas não é memorável.

Adam Strange até cochilou nessa parte…

Ah, também temos a participação do demônio Etrigan, que estava separado de sua contraparte humana, Jason Blood, na época, o qual é convencido por Darkseid a se unir ao demônio novamente com a desculpa de ser parte essencial no plano de salvação da Terra quando, na verdade, era parte fundamental no plano de Darkseid de controlar a Equação Antivida. E ainda temos mais um personagem surpresa ao fim da trama, mas esse eu não vou revelar.

Etrigan faz parte da gambiarra do mal de Darkseid.

Falemos agora da arte. Ah, velho…É MIKE MIGNOLA! Sou fanzaço desse sujeito e é em Odisseia Cósmica que podemos ver o começo de seus estilo único de desenho. Temos as sombras chapadas nascendo aqui, os pezinhos em forma de flecha e o tom sombrio que viriam a ser marcas registradas em Hellboy. Me arrisco a dizer que esse é um dos melhores trabalhos de Mignola! Aliás, se tem um sujeito que sofreu influência clara de Jack Kirby foi Mike Mignola! Seus personagens, cenários e maquinários fedem a influência invetiva do Rei. Logo, escolhê-lo para desenhar Odisseia Cósmica foi uma baita de uma decisão acertada.

Ah, e tem outra coisa que precisa ser dita baseada no conjunto “roteiro+ arte:  Sáporra já nasceu pra se tornar um longa animado e muito me espanta a DC/Warner não ter se dado conta disso! Joguem nas mãos de Bruce Timm, deem uma injetadazinha na verba (porque essas animações baixa renda que tem sido lançadas ultimamente estão de cair o cu da bunda de tão ruins tecnicamente…) e pronto! Teríamos as animações da DC em alta novamente! Aliás, isso me lembra que o Mignola chegou a fazer o character design para uma animação dos Novos Deuses que nunca saiu. Sabiam dessa?  Abaixo você pode conferir a galeria com todos os concepts…e as artes são PHODASBAGARAI!

 

NEW GODS – Mike Mignola concept art

E se você está se perguntando onde pode encontrar Odisseia Cósmica, pequeno gafanhoto, eu vos digo! A editora Abril lançou a mini-série em quatro edições em 1990 e em versão encadernada em 1991, ambas podem ser encontradas baratinhas em sebos reais, virtuais e Mercados Livres da vida. Em 2007 a Panini lançou um encadernado em capa cartonada como parte da série Grandes Clássicos DC. Essa é a versão que eu tenho (consegui em uma troca e veio com aquele cheirinho “gostoso” de naftalina…) e, por incrível que pareça, você encontra uma galera vendendo muito mais caro do que a versão em capa dura que a Panini lançou em 2015 e que você pode encontrar por preços ridiculamente baixos em uma dessas promoções que a Amazon e a Saraiva fazem de tempos em tempos.

Por fim, Odisseia Cósmica é uma ótima HQ e a que mais releio de tempos em tempos, não só pela arte LINDÍSSIMA do Mignola mas pelo tom envolvente que Jim Starlin dá ao roteiro e aos personagens que nele transitam. Uma história que vale a pena e que se você ainda não leu, apresse-se pra remediar tal situação. URGENTEMENTE!

Nota: 10