Review Entediado- Kickboxer: Retaliation.
Lembre-se, gafanhoto: O caminho para errar é sempre o mais largo e fácil possível.
Em 2016 foi lançado o remake de Kickboxer: O Desafio do Dragão, clássico da porradaria estrelado por Jean-Claude Van Damme. Dessa vez chamado de Kickboxer: Vegeance, o filme trazia Alain Moussi no papel que pertencia originalmente a Van Damme, o qual tomava o papel do mestre nessa versão. Como o lendário vilão Tong Po, tínhamos Dave Bautista, o Drax de Guardiões da Galáxia. E o filme não só ficou bem divertido como conseguiu ser menos absurdo e MELHOR que o original, como eu deixei bem claro na minha critica que você pode ler AQUI (percebam que a transação milionária para a minha contratação pelos Superamiches não havia sido efetuada ainda e o post ainda é creditado como “post do leitor”). Pois bem, confiantes com o sucesso do primeiro filme, os produtores já iniciaram a produção da sequência antes mesmo do primeiro longa ser lançado. Ele se chamaria Kickboxer: Retaliation e seria uma sequencia direta. Bem, finalmente o filme foi lançado…e, olha…como erraram feio, erraram feio, erraram rude nesse aqui…
Deixa eu dar um resumão da trama antes de descer a lenha: Kurt Sloan (Alain Moussi) agora é um renomado lutador do UFC. No entanto,certo dia, após derrotar Maurício Rua, o Shogun, na disputa pelo título, Kurt recebe um mandato de prisão pelo assassinato de Tong Po (“FINALMENTE A LEI AGE EM UM FILME DE PORRADARIA”, pensei eu, inocente). No entanto, tudo não passava de uma armação e Kurt acaba sendo levado a Tailândia e recebe a proposta de um agenciador de lutas clandestinas chamado Thomas Moore (Christopher Lambet, CANASTRAÇO): ele enfrentaria Mongkut (Hafþór Júlíus Björnsson, o Montanha de Game of Thrones), irmão de Tong Po, em uma luta até a morte, ou permaneceria preso em uma prisão tailandesa onde todos eram fãs do falecido lutador e queriam a cabeça de Kurt. Por alguma razão sem lógica, Kurt se recusa, fica preso um bom tempo, toma porrada de tudo que é lado, é treinado parcialmente por Mike Tyson, Ronaldinho Gaúcho (????) e Roy Nelson, tem sua mulher sequestrada para convence-lo a lutar e, por fim aceita e, só então, vai treinar com Durand (Van Damme) novamente. Sim, um roteiro que casa bem com filmes de artes marciais B e que já se espera que seja bem ruim. Mas aqui pesaram mão…
O primeiro grande problema do filme são seus 5 minutos iniciais. Neles, vemos Kurt e sua esposa dançando tango em um trem onde são atacados por 3 assassinos que Kurt derrota com certa facilidade. A cena parece mais ter saído de uma cópia ruim de James Bond do que ser a cena de um filme de porradaria em si. A questão é que esta cena NÃO TEM LÓGICA NENHUMA DENTRO DO JÁ ILÓGICO FILME! Trata-se de um sonho que Kurt estava tendo enquanto…ESTAVA APAGADO NO OCTÓGONO TOMANDO MURROS NA TÊMPORA DE MAURÍCIO RUA! QUEM PARA PRA SONHAR POR CINCO MINUTOS ENQUANTO É ESPANCADO? E sabe como esse sonho acaba servindo no final? Pra mostrar que Kurt agora tem poderes premonitórios, por que ele vê os sujeitos que o atacaram no sonho perambulando no mundo real e já diz “Esse estava no meu sonho, então ele é mal!” e pronto! Uma palhaçada só!
Daí pra frente é só ladeira abaixo! Assim que é levado pra Tailândia e recebe a proposta do personagem de Christopher Lambert para lutar contra o irmão de Tong Po em troca de um milhão de dólares ou permanecer preso para o resto da vida, Kurt não tem razão nenhuma pra recusar o desafio a não ser “Se eu aceitar, o filme vai ficar curto demais”. Ele vai para a prisão mais a céu aberto do mundo, pois tem jardim, área recreativa, as celas NUNCA ESTÃO FECHADAS e os prisioneiros transitam livremente de lá pra cá pelas instalações, independente da hora do dia. Ah, isso sem falar que todos os prisioneiros ou são bestas fubanas das artes marciais, ou são atletas, o que explica a presença de Ronaldinho Gaúcho nela. A coisa só piora nessa prisão quando reencontramos Durand, agora cego a mando de Thomas Moore (mas nãos e preocupe, é um filme de porradaria e ele é o mestre, OBVIAMENTE ele se transformou no Demolidor e pode fazer tudo melhor do que quando enxergava). O sujeito agora vive de treinar presidiários para os combates clandestinos de Moore e, assim que reencontra Kurt, descobrimos que o presídio não apenas é totalmente aberto para o transitar dos prisioneiros como parecer não ser muito rígido com as saída deles de lá também, já que temos uma montagem de treinamento que hora mostra Kurt treinando dentro do presídio com o personagem de Mike Tyson, hora mostra ele em treinando em templos com Durand, deixando o expectador se perguntando “MAS, AFINAL…ESSE CORNO ESTÁ PRESO OU SOLTO?”. Mas calma que piora…
Mais adiante, por motivos de “por que sim”, Kurt é solto mesmo sem aceitar o desafio de Moore para enfrentar Mongkut. É então que sua esposa, que havia descoberto seu paradeiro, é sequestrada e Kurt vai em seu encalço junto de Durand, Rupert (filho de Durand) e uma amiga da sua esposa cujo o nome não lembro. Este é aquele momento de transformar o filme em um épico de ação, com perseguições, lutas contra capangas super-poderosos e afins. Mas o filme é tão sem pé nem cabeça até esse ponto que eu já estava sem empolgação nenhuma! Isso sem falar nas cenas HORRENDAS, como a cena que Kurt pula de bicicleta sobre um barco e o uso do cabo é tão nojento que ele “flutua” por uns 3 metros até atingir seu alvo. Após passar por muitas desventuras, Kurt invade o prédio de Moore e, após derrotar alguns de seus capangas clichê-massavéio, tem seu primeiro confronto com Mongkut. Só que quando ia tomar um murro certeiro do gigante, a mulher de Kurt pula no meio e toma um murrão nas costelas. E é nesse momento que vemos o quanto Alain Moussi é UM PÉSSIMO ATOR! O cara não só consegue NÃO chorar como não consegue passar pesar ao ver o corpo de sua esposa com as costelas saindo pelo boga (sim, por que um murro do Hafþór Júlíus Björnsson não deve ser fraco. Aliás, que nomezinho filho da puta…). Mas está tudo bem, a mulher de Kurt não morreu, “apenas” entrou em coma, mas sai dele 3 minutos depois. E, finalmente, vamos ao confronto de Kurt contra Mongkut.
A luta dura VINTE MINUTOS! E, apesar de gigante, é a unica parte do filme que realmente vale a pena ver. Não tem nem de longe a mesma graça da luta final do primeiro filme, muito disso se deve ao cansaço que o filme causa até chegar nessa cena, mas é uma luta bacana. O problema fica em um pequeno detalhe quanto a Mongkut: No meio do filme Durand descobre que Mongkut é movido a poderosos esteroides que o tornam uma máquina de lutar perfeita, segundo o cientista que cuida dele (Ivan Drago mandou aquele abraço). E, segundo este mesmo cientista, Mongkut é mais forte e rápido que o ser humano mais forte e rápido poderia ser. Bem, mais forte é até crível visto que Mongkut tem 1,90m e deve pesar uns 200kg. Mas quanto a ser rápido…o bicho é tão lerdo que Kurt poderia vencê-lo lhe dando uma sequencia de 5 socos no queixo e pronto! Ele nem se moveria a tempo de impedir! Ah, sim, e a grande fraqueza de Mongkut é exatamente essa, queixo de vidro! Uma fraqueza bem vagabundamente pensada, já que qualquer pessoa caí com um uppercut bem dado no queixo. Mas, como eu disse, a luta não é ruim! Kurt quase morre um par de vezes, até que…MORRE DE FATO! Sim, o coração do sujeito para de bater e sua mulher só vê uma maneira de salvá-lo, roubando uma das injeções de adrenalina que Mongkut tomava e aplicando direto no coração do marido. Legal, né? O grande problema é que ela NÃO SABIA DISSO! Quem sabia dessas injeções era Durand e ele NUNCA FALOU NADA PARA A MULHER DE KURT! Ou seja, solução Deus Ex-Maquina da mais vagabunda possível.
No final Kurt vence, mata de novo, sai impune novamente e blá,blá,blá…e um filme que tem 1:40hr pareceu ter 4:00hr! UM SACO! QUE FILMECO NOJENTO! E pra não falar que só fiquei no roteiro, o filme tem uma montagem horrível, é entupido de câmeras lentas desnecessárias, cortes contantes durante as lutas também desnecessários (isso normalmente é usado pra esconder os dublês, mas nenhum dos atores do filme realmente precisavam de um por serem lutadores de verdade) e atuações…aaah, as atuaçãoes…NINGUÉM se salva nesse quesito! De Christopher Lambert fazendo o tiozão do churrasco a Van Damme como o cego que acompanha o movimento das pessoas com seus olhos que não deveriam funcionar, o show de horrores interpretativo é initerrupto! E a coisa só pesa mais quado entra Mike Tyson na coisa toda. Quem assistiu “Se Beber, Não Case” sabe que 0 sujeito é ruim! Bem, aqui ele está melhorzinho, mas é como jogar bom ar em cima de um pedaço de merda e esperar que cheira a orquídeas.
Por fim, Kickboxer: Retaliation é um filme que cai da classificação “B” pra “F’. Talvez seja divertido assistir com a galera pra ficar rindo dos defeitos, mas pra assistir sozinho esperando diversão, aí é pedir pra sofrer. Só pra vocês terem uma ideia, e peguei no sono pouco antes de começar a luta final e só acordei 3 horas depois pra terminar de vê-la e concluir que ter dormido desde o começo do filme seria melhor. Fica aqui a dica para um futuro Tortura Cinematográfica Show!
Nota: 3,0