Review Diabólico- Constantine: Cidade dos Demônios
Mais uma animação da DC.
E como as últimas animações da DC depois de Flashpoint Paradox,essa está coalhada de problemas técnicos. Só que há um baita “mas…” nela. Só que, antes de mais nada, vamos a uma breve sinopse:
Graças a acontecimentos no passado de Constantine e de seu amigo Chas, que envolvem uma invocação demoníaca que saiu do controle em New Castle, Constantine se tronou um sujeito isolado e frio, enquanto seu amigo taxista seguiu em frente e constituiu uma família. No entanto, as coisas se tornam complicadas na vida de Chas quando sua filha, a pequena Trish, entra em um inexplicável coma. Desesperado pela falta de respostas dos médicos, Chas resolve que é hora de ir além do natural e contata seu velho amigo John para que ele descubra se há algo a mais por trás disso tudo. Em divida eterna com Chas por ter sido o único que sempre esteve ao seu lado, Constantine empreende uma investigação paranormal que o levará até Los Angeles e um misterioso demônio chamado Beroul que parece ter as respostas que Constantine e Chas tanto buscam.
Concebida originalmente como uma web-série em 13 episódios, Constantine: Cidade dos Demônios nada mais é que os 5 primeiros episódios compilados em um filme de 1:30hr. Aliás, eu não sabia desse fato e, justamente por isso, estranhei a duração, já que os longas animados da DC chegam a, no máximo, 1:20hr.
Bem, devo confessar que já fui assistir o longa com 4 pedras nas mãos, tendo em vista a qualidade capenga das ultimas produções animadas DC/Warner.E devo dizer que nos quesitos técnicos, sim, o filme ainda carrega os mesmos problemas dos anteriores, no entanto muito desses problemas acabam sendo compensados no roteiro,que acaba sendo envolvente e tem um final impactante.
Entre os problemas técnicos temos a animação dura e de baixa qualidade, a qual, infelizmente, se tornou padrão nos longas da DC nos últimos cinco anos. Isso não apenas deixa a movimentação dos personagens engessada e feias, como causa um baita incomodo quando as expressões e gestos dos personagens acabam não casando com a dublagem. Em dado momento, por exemplo, Constantine gargalha e, quase antes do ator Matt Ryan (o Constatine da cancelada série solo do personagem mas que vive no galhofento Lendas do Amanhã) parar de gargalhar, o personagem já está com uma expressão séria e imóvel.
Outro ponto negativo está no uso de CG vagabundo nos veículos, sempre feitos preguiçosamente e que mais parecem modelos 3D estáticos deslizando em uma pintura 2D, sem sensação de peso ou velocidade, outro fator que se tornou comum nas animações DC.
Agora um ponto que é positivo e negativo ao mesmo tempo é o tom violento que permeia a animação. De positivo temos o fato de que pontua o tom adulto da trama e traz muito da violência que víamos no Constantine raiz da saudosa era Vertigo. De negativo temos a forçação de barra em alguns momentos, com uma violência gratuita demais da conta como, por exemplo, em uma cena onde morcegos saem do ânus de um cadáver empalado em estacas dentro de um piano (caramba, falando em voz alta essa frase fica meio non-sense…mas a cena é exatamente assim). Isso dá a impressão de que não souberam a hora de parar e que alguém ficou dizendo “Orra, meu, o pessoal vai ver essa cena e vai achar irada e adultona, meu! Mó daora!”.
De pontos positivos, temos o fato de que o tom Vertigo predomina. Bem, isso tem uma explicação em um fato que só fui descobrir após o fim do filme. Acontece que eu estava achando o roteiro muito familiar e acabei descobrindo que, apesar de ter o mesmo nome de uma mini-série dentro da revista Hellblazer escrita por Si Spencer e desenhada pelo sensacional Sean Murphy, os episódios/filme são baseados na HQ Hellblazer: Poder Infernal de 2005, escrita por Mike Carey e desenhada por Leonardo Manco.
A trama base é a mesma, mas tem algumas alterações , talvez pra introduzir o expectador novato ao universo do mago, daí inserir o passado de Constantine no filme além de dar uma participação maior ao seu “arqui-inimigo”, o demônio Nergal dando um papel na história que ele não tem na HQ original. No entanto, apesar da “base Vertigo”, a animação peca por nos trazer o Constantine dos Novos 52, todo “limpinho e organizado” e cheio de magias no melhor estilo Dr. Estranho, fato esse que até rende uma piadota com o ator Benedict Cumberbatch em uma cena.
Ah, sim, outra coisa que eu tinha me incomodado muito era o fato de tirarem o personagem da Inglaterra e levarem para Los Angeles, coisa que ocorreu no longa metragem de 2008 estrelado por Keanu Reeves. De inicio achei que era para o público americano criar uma maior empatia (mesmo caso do filme de 2008) mas, não. A cidade tem um papel importante na trama, de fato. Mais do que eu esperava, aliás.
Apesar de tudo, o saldo final é até positivo,resultando em um longa divertido e com momentos comoventes. E por “comovente” eu me refiro a solução final da trama que, ao contrário da HQ, é trágica e triste mas justificada. E o Constantine sabe que o que fez é imperdoável, mas foi o melhor para todos afim de evitar algo muito pior.
Então, se você não estiver fazendo nada e sem saber o que ver, dê uma olhada em Constantine: Cidade dos Demônios. Mas vá de mente aberta, sabendo que não é o Constantine clássico na tela. Se aceitar isso, garanto que você vai se divertir.
Nota: 7,5