Review Desgostoso- Suicide Squad: Hell to Pay

Ainda não sei como vai ficar o título no Brasil, mas internet afora chamam de “Esquadrão Suicida:Inferno à Pagar”. Credo…

Pois é, negadinha, já está rolando nas “interwebs” o novo longa animado da DC focado no Esquadrão Suicida e, como bom fã de animação, fui dar aquela conferida. Mas já fui cheio de desesperança (e isso já era um pouco evidente quando falei do trailer AQUI) porque as animações da DC andam mal das pernas já faz um bom tempo. O último bom longa animado dela foi justamente o primeiro do ano, Batman: Gotham By Gaslight (do qual falei AQUI) , mas o que salva o longa do morcegão na era vitoriana é a trama, já que a qualidade técnica não recebeu nenhuma melhora. Já em Suicid Squad: Hell to Pay nem a história consegue redimir completamente o longa…

Vou dividir esse review por partes afim de melhor expor os poucos pontos positivos e os muitos pontos negativos.

ROTEIRO

A trama é básica…E TOSCA! Mais uma vez Amanda Waller reúne um grupo de vilões afim de realizar uma missão suicida. Como essa animação se encaixa nas animações pós-Novos 52, temos a Amanda Waller magra, o que rende até uma observação quanto a sua perda de peso numa conversa entre os personagens no inicio do filme. Já a missão da vez é bizarra e sem nexo ao extremo e te faz perguntar o que diabos os roteiristas tinham na cabeça. Acontece que o longa já começa com Amanda Waller descobrindo que tem uma doença incurável, aí você pensa “Poxa, ela achou uma possível cura ainda em fase de testes e vai colocar o Esquadrão Suicida pra roubar”, certo? ERRADO! Waller reúne a Força Tarefa X ( nome oficial do Esquadrão Suicida) para procurarem um cartão que estava nas mãos do Dr. Destino e que serviria como um passe livre para o paraíso assim que a pessoa morresse, não importando a quantidade de pecados que tivesse acumulado em vida. Sim, você não leu errado! Essa trama que parece ter sido produzida pela Rede Record é o plot deste filme! Mas calma que piora…

O time, composto por Pistoleiro, Tigre de Bronze, Capitão Bumerangue, Cobra Venenosa, Nevasca e Arlequina tem que disputar o cartão com Vandal Savage e seus asseclas e também com o Professor Zoom. Bem, Savage é imortal e eu não entendi o porque dele querer essa porcaria de cartão, mas o Professor Zoom…velho, as motivações por trás do sujeito vão te deixar se perguntando “Hein? Hein? Sério mesmo? HEIN?”. Não vou dar spoilers mas vou dar uma pista: Como eu sempre falo, o character design dos personagens em todos os longas da DC pós-Novos 52 são padronizados, no entanto quando o Zoom aparece, ele tem o design mais próximo de Liga da Justiça: Ponto de Ignição, e isso tem uma explicação. E não sei se você vai gostar muito de descobrir qual é…

Ah, quase ia esquecendo, essa busca pelo tal cartão transforma o filme em um…road movie! Sim, então prepare-se para ver o Esquadrão Suicida em longas viagens em um trailer arrumando mil e uma confusões.

Personagens

A personalidade dos personagens que já apareceram em Esquadrão Suicida: Ataque ao Arkham se mantém praticamente as mesmas, tirando o fato de que Ataque ao Arkham se passaria em “outra realidade” (no caso, a dos jogos da série Arkham) e acaba sendo a primeira vez que eles atuam juntos aqui. Dos novos, temos um silencioso e  compenetrado Tigre de Bronze e um mais silencioso ainda Cobra Venenosa, cujo o visual e a explicação por trás dele eu realmente gostei.

Vale dar pontos aqui ao fato de não terem colocado a Arlequina como uma das protagonistas, ao contrário de Ataque ao Arkham (onde a trama justifica isso)  e ao HORRENDO live action. Aliás, a personagem não apenas fica com o papel de coadjuvante como suas piadotas estão beeeeem sem graça.

 

Animação

Aqui é onde o filme mantém a recente tradição de “fazer mal feito” com honras. A animação é dura, feia, e nojentamente irritante de tão ruim! As cenas de ação ou são travadas ou fazem os personagens darem pulos súbitos em sua movimentação devido a falta de frames suficientes pra completarem determinados movimentos de forma fluida. As coreografias de luta são sofríveis e quem tem um conhecimento minimo de artes marciais vai perceber que o jeito como o Tigre de Bronze executa seus chutes é completamente inviável, não pela agilidade sobre-humana mas, sim, pela total falta dela. Sério, ele dá voadoras com os braços retraídos ao lado do corpo como se estivesse com ambos engessados! A cena abaixo ilustra bem isso e traz outro problema: a partir do 13 segundos notem que as personagem são desenhadas deformadas (em perspectiva exagerada,na verdade) afim de dar agilidade a cena, coisa que eu gosto muito, mas aqui falha miseravelmente pois o cenário DANÇA atrás da filha do Vandal Savage e da Arlequina dando a impressão de que elas estão na frente de um chroma key vagabundo e não no mesmo espaço que o cenário.

https://www.youtube.com/watch?v=T9B740FEUYY

Outro ponto que causa momentos vergonhosos são os carros. Como eu disse, é um road movie e vamos ver o trailer do Esquadrão rodar muito. Todos os carros do filme são feitos em CG com cel shading aplicado pra dar a impressão de serem 2D. O problema é que os responsáveis por animarem estes veículos não pareciam estar muito afim de trabalhar…o resultado é um monte de blocos em CG que escorregam pela tela sem peso e sem a sensação de velocidade necessária.

Apelação 

Você deve estar se perguntando “uai…mas que aspecto técnico é esse?”, e eu lhes explico. O filme tem problemas no roteiro e na animação de forma escancarada. Assim que o filme começa e o pistoleiro dá os primeiros tiros, aí você vê uma profusão de cenas desnecessariamente violentas que mais parecem ter saído de um episódio de Elfen Lied. A animação é vendida como “para adultos” mas a impressão que fica é que pensaram “Essa porra tá sendo feita com troco de pão e tá tosco pra porra…temos que desviar a atenção disso agora mesmo! Rápido! Empurrem violência gratuita, desnecessária e exagerada em doses cavalares! Assim vai parecer que esse filme é muito adulto e grande demais para mentes pequenas!”. Eu, particularmente, até curto umas histórias mais violentas, mas quando a violência tem um propósito na trama! Aqui parece que ela foi inserida em excesso única e exclusivamente pra parecer mais “massavéio”. Ah, a apelação é tata que pela primeira vez em um longa animado da DC temos um semi-mamilo aparecendo e o que minha mãe costuma chamar de “a testa do bicho” aparecendo também (“testa do bicho” seria o “capozinho do fusca”, e aparece bem rapidamente em uma cena). A cena em questão é essa abaixo e as saliências começam a partir dos 43 segundos.

 

https://www.youtube.com/watch?v=hP4kSv2ae34

 

Saldo Final

Suicid Squad: Hell to Pay é mais um frustrante longa da DC, que parece ter gastando tanto dinheiro fazendo live actions da maneira errada que deixou só uns tostões pra seu departamento de animação. No entanto, é pior que o filme que ofendeu nossos olhos no cinema? DE MANEIRA NENHUMA! Apesar da motivação por trás da missão ser surreal, nenhum dos vilões que eles enfrentam são entidades cósmicas que poderiam matar todos com um peido místico mas, ao invés disso, prefere rebolar e lutar com duas espadinhas mixurucas no combate final. É mais crível e os personagens são mais carismáticos que suas contrapartes de carne e osso. Ah, e como já falei, não tem a irritante “estrelização” da Arlequina e é ótimo ver um filme onde ela não é  centro onde toda a trama precisa girar ao redor por motivos de “porque sim”. Mas, ainda assim, está longe de ser um ótimo filme.

 

NOTA: 6,0 (sim, sou bondoso só por que gostei da formação do time e por ser melhor que o live action, mesmo sendo ruim)