Review Aleatório: Contagem Regressiva Para a Crise Infinia-Edição Especial
Quando você compra um gibi só por causa de UM personagem. E ele NÃO É o Batman!
Não, eu NUNCA li Crise Infinita e nem planejo ler! Então porque diabos comprei um gibizinho que é um preludio pra esse cabaré todo? Duas palavras: Besouro Azul!
Sim, lendo os encadernados da Liga da Justiça Internacional , o Besouro Azul se tornou um de meus personagens favoritos! Ao contrário de seu parceirinho de desventuras, o Gladiador Dourado, o Besouro é querido por uma grande parcela dos seus/suas colegas de equipe, tudo isso porque, apesar de se meter em muita trapalhada por cair nas pilhas erradas dos Gladiador Dourado, Ted Kord é simpático, amigável, brincalhão, respeita as colegas de equipe (ao contrário de certos Lanternas Verdes de cabelo tigelinha e certos carinhas do futuro que se vestem de azul e dourado) e quando o negócio aperta consegue deixar a palhaçada de lado pra dar um jeito nas situações e até puxar algumas orelhas. Ou, como eu costumo resumir, o Besouro Azul seria o Batman (rico, sem poderes, com muita tecnologia) com a personalidade do Homem-Aranha.
Só quem em Contagem Regressiva Para a Crise Final-Edição Especial, não tem piadinhas, não tem bom humor, não tem nada que o leitor da Liguinha esteja acostumado a ver quando o Besouro Azul está em cena. Acontece que em meados de 2005 a equipe editorial da DC aparentemente andava querendo limar todo e qualquer vestigio da Liga Cômica da história da DC. Começaram matando Sue Dibny em Crise de Identidade e desde então, sempre que tinham a chance, iam jogando personagens mais “engraçadinhos” da extinta Liga Cômica em histórias mais sombrias que normalmente culminavam em suas mortes. E isso acontece aqui com o bônus de transformar outro desses personagens “engraçadinhos” em um vilão pela segunda vez, só que dessa vez sem a explicação de estar sendo controlado como da primeira vez que isso ocorreu nos anos 80.
Mas vamos a história! Tudo começa com o Besouro Azul invadindo uma instalação que tem um enorme computador com dados e identidades secretas de todos os membros da Liga da Justiça. A história regride quatro dias e mostra como o Besouro chegou até ali após descobrir que parte de sua fortuna foi desviada para várias empresas falsas e um estranho nome aparece nos recibos, O.M.A.C. Como as industrias Wayne também foram vitimas desse desvio, o Besouro vai procurar Batman para tentar descobrir do que se trata, mas o morcego não parece ligar muito. Mais coisas estranhas vão acontecendo com direito a um roubo de um armazém de Ted Kord que guardava 100 quilos de Kryptonita recolhidos na época da “maravilhosa” da Spergirl chegando a Terra escrita pelo Jeph Loeb, e até atentados contra sua vida. Só que nenhum outro herói parece levar seu pedido de ajuda a sério, muito disso graças ao passado do Besouro junto ao Gladiador Dourado, quando ambos eram os trapalhões da Liga.
Vendo que não vai conseguir ajuda de seus ex-colegas de equipe nem quando o único que se dispõe a isso é quase morto, e é claro que falo do Gladiador Dourado (que estava numa péssima fase, praticamente falido), o Besouro Azul resolve investigar sozinho do que se trata a sigla O.M.A.C. e quem está por trás do roubo de sua fortuna e dos dados pessoais da Liga da Justiça. A resposta vai se mostrar tão surpreendente quanto mortal.
A HQ é mais pé no chão do que a Crise Infinita propriamente dita, que dizem ser quase um Crise nas Infinitas Terras reversa, com direito a um porrilhão de universos se amontoando e com o clássico “Soco na Realidade” do Superboy Prime. E eu lamento muito, porque se fosse uma história mais focada nessa conspiração do projeto O.M.A.C. e menos em “olha esse porrilhão de universos se amontoando como num ônibus em horário de pico”, poderia ter rendido uma saga muito melhor. Bem, pelo menos pra mim…
A história tem um ritmo bacana e as oitenta e poucas páginas passam voando. Como eu disse, o Besouro Azul é um personagem extremamente “gostável” e você fica aflito ao ver que ninguém dá ouvidos ao coitado. E a história também deixa escancarado que a DC tava quase gritando “COM HUMOR AQUI NÃO TRABALHAMOS MAIS” com muitos personagens sendo rudes e jogando na cara do Besouro que não o levam a sério graças a seu passado na Liga, inclusive Ajax, que era da mesma equipe e viva estressado come ela.
Como eu disse anteriormente, e isso nem é lá grande spoiler porque quando a história saiu essa imagem rodou a internet e antes mesmo de ser publicada no Brasil todo mundo já conhecia o desfecho, a trama termina com morte. Sim, o Besouro Azul acaba sendo morto com um tiro na cabeça disparado pelo seu ex-empregador e mente por trás da criação da Liga da Justiça Internacional, Maxwell Lord. Lord já havia sido vilão na Liga Cômica mas era revelado que ele estava sendo controlado por uma inteligência artificial e tudo voltou a ficar bem quando a ameaça foi neutralizada. Só que aqui ele está sendo filho da puta e ponto! Max se revela como líder do projeto Xeque-Mate que monitora os meta-humanos e está pronto pra neutráliza-los quando necessário a seus propósitos além de comandar o projeto O.M.A.C. que transformar pessoas comuns em soldados adormecidos que são ativados com uma palavra chave e são recobertos com uma espécie de armadura nano-tecnológica. Essa ideia, aliás, me lembrou muito dos Supra-Sentinelas que aparecera na saga Operação Tolerância Zero dos X-Men onde pessoas com deficiência ou membros amputados recebiam proteses mecânicas com tecnologia avançada do governo que na verdade as convertia numa nova forma de sentinela biológica contra suas vontades.
A história acaba justamente com a morte do Besouro Azul e, impresionantemente, o personagem PERMANECEU MORTO por um LONGO período de tempo, dando lugar ao Besouro Azul “Homem de Ferro/ Venom” que se tornou tão popular a ponto de aparecer em jogos como Injustice, séries como Smallville e que vai ganhar filme a ser lançado ano que vem. Ted Kord só voltria a dar as caras quando a DC abandonou os Novos 52 e começou com o Rebirth, trazendo muito da continuidade clássica de volta. Só que, pelo que entendi, ele tomou o tiro do Maxwell mas sobreviveu graças a interferência do Gladiador Dourado e seu lance de viagem no tempo. Fato é que o Besouro Azul/Ted Kord nunca mais teve papel de destaque em nada. O que é uma pena, pois não sou muito chegado ao Besouro Azul tecnológico com o alien nas costas e adoraria ver a versão do Ted Kord em live action, nem que fosse em uma série com ele fazendo dupla com o Gladiador Dourado e dirigida por James Gunn.
Mas, é isso! Contgem Regressiva Para Crise Infinita- Edição Especial é uma HQ bacana e com um desfecho trágico pra um dos personagens mais legais da DC. Vale a pena a conferida mesmo que de maneira isolada já que desagua em uma saga tão capenga quanto Crise Infinita. Então, pra HQ eu dou…
NOTA: 8,0
PS: Pra não dizer que não tem nada em live actio com o personagem, Donald McKinney fez uma modesta websérie no YouTube estrelada pelo Besouro Azul e que se passa após a trama da HQ tema desse post. Agora o Besouro Azul está fálido e precisa reconstruir a vida como Ted Kord e como super-herói. A produção tem o orçamento de duas cocadas e uma cajuína morna mas pelo menos temos a MELHOR encarnação do personagem, que é o besouro barrigudinho! Mas creio que isso não foi de propósito…