Resenha: Meu ex é um espião (The spy who dumped me)

Eu tenho 38 anos. A minha geração cresceu com aquela segregação de gênero: meninos gostam de filme de ação e meninas gostam de filmes românticos. Isso está mudando (ainda bem!).

Eu sou ponto fora da curva, pois sempre gostei muito das duas coisas. Amo Robocop e Sixteen Candles com a mesma intensidade (tá… eu gosto de Robocop BEM MAIS, mas adoro Sixteen Candles). O ponto é que as meninas da minha geração nunca foram chegadas a filmes de ação porque nunca se sentiram representadas.

Nos filmes de ação do século passado, salvo raras exceções (Ripley, é nói!) a mulher sempre teve apenas dois papéis: a donzela em perigo, indefesa e salva pelo herói, ou o “prêmio”, o interesse romântico que o herói conquista no final. Quem nunca ouviu a expressão “save the world, get the girl”? Então é perfeitamente natural que o público feminino não veja graça nenhuma nessas histórias pelas quais nós homens fomos embalados desde bebês. Afinal, se a gente tivesse crescido tendo que brincar de “cara amarrado gritando SOCORRO”, talvez também não achássemos isso lá muito interessante.

Ainda bem que estamos em 2018 e as mulheres estão mudando o jogo.

Mas já aviso: quem não curtiu o último Ghostbusters “porque é todo com mulheres e o Thor é a ‘loira burra'”, pode parar de ler por aqui, porque sim, eu achei sensacional o último Ghostbusters. E Atomic Blonde. E Mad Max Fury Road. São divertidos, têm efeitos especiais ótimos e, com o perdão do meu francês, AS MINA SÃO FODA PACARALHO!

E amanhã (23/8) estreia nos cinemas mais um desses filmes, tão importantes e necessários para os dias de hoje: Meu ex é um espião (The spy who dumped me no original, referência direta a um dos filmes do 007), uma espécie de Missão Impossível em que todos os papéis relevantes são femininos. Necessários e importantes não só pelo fato de mostrarem que as mulheres são capazes de qualquer coisa, mas também porque já tava mais do que na hora de mostrá-las chutando bundas sem ajuda de homem nenhum. Ou melhor ainda: salvando o rabo dos homens da trama! Porque se as meninas da minha geração não cresceram com action-heroes femininas pra embalar suas brincadeiras, as meninas de hoje estão muito bem servidas!

The spy who dumped me foi escrito e dirigido por Susanna Fogel, tem a Mila Kunis e a engraçadíssima Kate McKinnon, a dose certeira entre ação e comédia e tudo pra ser um dos blockbusters mais divertidos do ano.