Rainhas do crime [RESENHA]

É o Bons Companheiros do empoderamento feminino.

Eu adoro filme de máfia. E Rainhas do Crime (The Kitchen, no original, baseado na HQ homônima da Vertigo/DC) traz um twist no gênero, colocando as mulheres no comando. Kathy (Melissa McCarthy, mandando muito em um papel dramático), Ruby (Tiffany Haddish) e Claire (Elisabeth Moss, a nossa amada “Handmaid’s Tale“) são esposas de 3 gângsters de descendência irlandesa meia-boca de Hell’s Kitchen (o famoso bairro de New York que o Demolidor tanto ama e protege) no final dos anos 70, cada uma com mais potencial que seus maridos imbecis e motivações diferentes para entrar no mundo do crime. Porém, na verdade, o que as leva pro lado errado dos trilhos é a necessidade mais básica de todas: pagar boletos.

Quando seus maridos vão presos após um assalto que dá errado, a máfia local promete “tomar conta” de Kathy, Ruby e Claire, mas o dinheiro não cobre nem seus aluguéis. Isso acaba as levando a realizar um coup d’etat na organização e oferecer proteção aos negócios locais que haviam sido negligenciados pelos gângsters, que só coletavam a grana da dita “proteção”, mas não faziam nada e deixavam o crime rolar. E é assim que as 3 garotas começam a fazer inimigos e revelar seus potenciais individuais para o “business“.

Kathy é única das 3 que tinha um casamento “feliz”. Mãe de dois filhos com o marido que a respeita, mas que esperava, da forma patriarcal, que ela ficasse em casa cuidando dos filhos, porque quem dá as cartas em casa é o homem. Ao virar o jogo, Kathy se revela uma estrategista e excelente administradora. A verdadeira responsável por angariar a quantidade suficiente de negócios locais do lado delas a ponto de incomodar a máfia dos homens.

Ruby é uma mulher negra casada com um cara branco. O que, na época, já seria suficiente para todas as torcidas de nariz possíveis, quando aliada ao fato de que Kevin, seu marido, é um machista escroto e abusivo, só nos leva a perceber que Ruby pode ter um propósito escuso para ter entrado nessa vida.

Mas em matéria de marido abusivo, quem leva o prêmio é Claire. Presa num relacionamento tóxico e sem amor, no qual apanha do marido, Claire não aguenta mais levar porrada da vida. A verdade é que ela apanha de todo mundo de quem se aproxima, a vida toda. E então decide dar o basta. Com uma pequena ajuda de Gabriel (Domhnall Gleeson, o general Hux), um ex-capanga dos mafiosos locais, Claire descobre sua vocação para matar seus desafetos e domina as técnicas para se livrar dos corpos, em rompantes de vingança catárticos.

Eu não conheço os quadrinhos (para falar a verdade, só descobri que era baseado em HQ quando o filme começou e eu vi nos créditos), mas Rainhas do Crime, que estreia hoje nos cinemas, é tão bom que deu vontade de começar a ler. A história é bem amarrada, as personagens são relacionáveis e a quantidade de violência está na medida certa, como em todo o bom filme de mafioso que se preze.