Quadrinhos (baratos) que li recentemente: Parte 3
Sabe aquele gibizinho que você não espera nada? Esse é um deles!
Mais uma aquisição no stand abençoado do shopping, só que essa foi mais recente, acho que faz duas semanas apenas. Por que demorei tanto pra pegar? Porque não conhecia o personagem e em nada me interessava essa capa que eu, particularmente, acho bem feinha…
Mas aí eu vi alguém falar que era bacana e olhei a edição ali…capa dura…dez conto…peguei! E assim comecei a ler O Capuz, esperando porcaria nenhuma de um personagem que nunca tinha visto mais gordo ou mais parecido com uma mescla do Manto com O Sobra. E, olha…fui surpreendido de novo!
A história gira em torno de Parker Robbins, um jovem trambiqueiro que vive com a namorada, que está grávida, e vive de cometer pequenos delitos que seu primo, John, arranja afim de conseguir dinheiro não apenas pra sobreviver mas pra pagar a internação de sua mãe, que tem demência e vive num asilo. Certo dia seu primo diz que tem uma jogada grande em um armazém mas quando ambos entram no local o encontram quase totalmente vazio, com exceção de algumas velas vermelhas colocas ao redor de estranhos símbolos no chão. Enquanto Parker discute com John, algo sai das sombras e está prestes a atacar John quando Parker crava a criatura de balas. Pra não sair de mãos abanando, Parker resolve que seria uma ótima ideia pegar a capa e as botas da criatura demoníaca por motivos de “poque sim” e acaba por descobrir que a capa lhe dá poder de invisibilidade enquanto mantém a respiração presa, e as botas lhe dão a capacidade de flutuar. Agora John tem uma ideia, usar as recém adquiridas habilidades do primo para passar a perna em um mafioso da pesada chamado Dennis Golembuski, mais conhecido como Golem. Só que a inexperiência de Parker com seus novos “apetrechos mágicos” vai lhe render mais dores de cabeça do que lucros…
Sim, O Capuz não tem uma história inovadora, nem seu personagem título tem um visual original. O grande diferencial está mesmo na maneira que o roteirista Brian K. Vaughan acha pra contar uma história cheia de clichês de um jeito envolvente. Parker não é o tipico perdedor coitadinho tão comum nesse tipo de trama, ele tem seus momentos onde fraqueja mas sempre está usando a cabeça pra resolver problemas e lidar com as pessoas. Traçando um paralelo bem bizarro, ele é quase um João Grilo com poderes.
Outro ponto positivíssimo está no modo como Vaughan te leva pela mão até uma situação clichê que você julga já prever o desfecho e diz “Não,não,não,não,não! Vamos por AQUI, por aí já tem muita gente caminhando!” e te pega de surpresa. Prova disso está no desfecho da trama que termina sem correria nem grandes cenas de luta épicas, mas com uma das ideias de Parker que resolve um monte de problemas complexos de uma única vez com uma sacada muito simples, e isso é genial!
Os desenhos de Kyle Hotz são meio cartunescos e me pareceram familiar assim que bati o olho. Foi quando lembrei que tinha visto o trabalho do sujeito uma única vez na vida, quando ele desenhou uma história de 25 páginas do Agente-X, um personagem que era o Deadpool que ninguém podia chamar de Deadpool pois a Marvel e o Liefeld estavam tretando pelo personagem na época. Os desenhos dele não são maravilhosos mas estão muito longe de serem ruins. Na verdade, eles combinam perfeitamente com a proposta da trama e tem aquele “cheirinho” de desenho que cairia como uma luva numa história escrita pelo Garth Ennis. Aliás, por ter saído no selo Marvel Max, a história já tem um jeitão meio Ennis de ser, só que com bem menos violência doentia…
O encadernado compila as edições de 1 a 6 de The Hood e é quase toda fechadinho. Digo “quase” porque deixa várias pontas soltas para uma sequencia, mas os problemas que estão nesse arco são resolvidos nesse arco mesmo. A saga do Capuz continuou durante a saga Reinado Sombrio, mas não sei se as histórias do personagem durante essa fase foram publicadas no Brasil. O que sei é que saiu Brian K. Vaughan e entrou Jeff Parker no roteiro. Dei uma olhada por alto nessas edições e nelas nos é mostrado que a capa carrega uma entidade demoníaca que agora vai chantagear Parker até convencê-lo a se unirem como um só de vez e vai mostrar uma personagem que aparece brevemente na primeira mini-série buscando vingança por algo ocorrido lá. O que vi não me empolgou muito, pois meio que mostra que a esperteza de Parker daria lugar ao super quebra pau genérico além de unir ao mix “Manto+ O Sombra” do visual do personagem o Dormamu e o Motoqueiro Fantasma, deixando claro que a originalidade não era prioridade na criação do personagem.
Enfim, O Capuz é uma edição bem bacana que, apesar de ter um personagem completamente desconhecido como protagonista, me divertiu demais e graças a escrita cheia de sacadas do Vaughan, não me deixou largar a edição até terminar de lê-la. Então, encontrou no stand? Já sabe! Pegue sem medo!
Nota: 8,5