Precisamos Falar Sobre Todd McFarlane no Aranha

É hora de aprender uma importante lição.

Homem Aranha: um dos personagens mais populares dos quadrinhos, responsável por muito do sucesso da Marvel, o personagem da editora que tem provavelmente a história mais antiga e prolífica em relação a adaptações e outras mídias, de jogos de Atari até última geração, desenhos, filmes, merchandising e sabe-se lá mais o que é possível. Também é, junto com o Justiceiro, um dos personagens de primeira linha da editora mais judiados na mão de roteiristas e desenhistas que sabe-se lá o porquê conseguiram colocar suas nefastas mãos nele.

Eis que a Salvat, a mesma que deve ter feito uma grana muito boa nas coleções preta e vermelha da Marvel mesmo com sucessivos erros de publicação (uma verdadeira imunidade ao aprendizado) anuncia que a terceira coleção com revistas e lombadas a perderem de vista seria justo a do Amigão da Vizinhança. É mais que óbvio que qualquer um com o mínimo de bom senso ficaria com os dois pés atrás coma notícia, afinal, se em uma coleção com sessenta revistas podendo pegar tudo já feito  pela editora, tinha merda ali no meio, imagina sessenta volumes de um personagem só?

No anúncio da coleção fui categórico: não vou comprar! E acabei falhando miseravelmente, mas em minha defesa não tô comprando todas. Mas o Aranha é um dos meus personagens favoritos, qualquer oportunidade de conhecer mais do personagem acaba sendo bem vinda. Entre um monte de coisas que não li do personagem, duas edições em particular: Percepções e Tormento, ambas escritas e desenhadas por Todd McFarlane, um dos caras que marcou seu nome pra sempre na história do personagem.

Tormento inclusive marca a estreia do título Spider Man, uma revista a mais do herói e que se diferenciava da tradicional Amazing… . Spider Man 1 consegui o incrível feito de vender mais de dois milhões e meio de exemplares, impressionante pra época e praticamente impossível de ser alcançado no atual mercado. Mas é aí que a porca torce o rabo, ou que aprendemos uma valiosa lição:

VENDER PRA CARALHO NÃO SIGNIFICA QUE ALGO É BOM

TUDO MUITO BONITO MAS EU NÃO TÔ ENTENDENDO PORRA NENHUMA!!!

Ok, as revistas foram um choque pra época, abordagem mais adulta, estética inovadora, mudança de paradigmas e blá blá blá. Pode ter feito sucesso, pode ter vendido horrores e angariado uma legião de fãs, o que é ruim continua sendo ruim, e isso só fica mais evidente com o passar dos anos. 28 anos depois, leitores que não presenciaram o auge da revista, a consciência do que foram os anos 90 para os quadrinhos, tudo isso pesa quando se lê algo da época.

Trocando em miúdos, puta merda que bagulho horroroso! Um trama imbeciloide que começa do nada e termina indo pra lugar nenhum, a pretensão de ser algo maduro que na verdade acaba sendo apenas violência e cenas de ação unidas por um fiapo de história e os desenhos, eu não sei nem o que falar dos desenhos. O cara se preocupa tanto em causar impacto em um sem número de splash pages que ele se esquece que quadrinhos necessitam de algo chamado narrativa, que acaba sendo extremamente pífia. Não vou nem falar dos rostos, já passei raiva demais vendo Peter Chapado em qualquer cena que ele não esteja usando a máscara.

CHAPÊRA NO CAFOFO DO ARANHA

Parabéns pra Salvat por encontrar um nicho que sempre vai ter um trouxa disposto a pagar por material de qualidade duvidosa, além de outros mais trouxas que vão se preocupar também em defender o material de qualidade duvidosa, e de certa forma obrigado, há muito tempo eu tinha abandonado o hábito de ler quadrinhos em scan, e graças a vocês (não somente mas também) eu tô reaprendendo a fazer um test drive nas paradas que eu vou comprar.

Godoka
30/05/2018