Post dos Amiches – The Serpent por PCB

Faaala, galeres, tudo certo? PCB na área. Vamos falar sobre uma boa minissérie da BBC que acabou de estrear agora em 2021: The Serpent

TRAMA (baseada em fatos): Herman Knippenberg é um diplomata holandês, trabalhando em uma embaixada na Tailândia nos anos 70, época em que o movimento hippie estava bombando – grande parte do trabalho de Herman é lidar com jovens hippies viajando por Bangkok. 

O problema começa quando Herman recebe a notícia do desaparecimento de um jovem casal de holandeses, começando uma investigação que culmina em Charles Sobhraj: um atraente vendedor de joias, filho de mãe vietnamita e pai francês, que logo se revela como um cara sem escrúpulos, extremamente ardiloso, que aproveita esse fluxo gigante de turistas pra aumentar seus negócios ilícitos e pra praticar outras coisas “tops” tipo falsificar passaportes, dopar viajantes pra depois levar tudo que eles têm, encarcerar pessoas e induzi-las à Síndrome de Estocolmo, espancar e assassinar inocentes… 

Ou seja: alguém prenda esse homem – se houver, claro, provas, pessoas dispostas a ajudar e gente com coragem pra peitar um psicopata que parece imparável. 

PONTOS POSITIVOS: fui assistir The Serpent sem conhecer nada, e valeu bem à pena, destacando-se o suspense da série, o vilão principal e mais algumas discussões levantadas na história. 

Sobre o suspense, após um primeiro episódio mais lento, introdutório, começa uma caçada muito tensa atrás do Charles Sobhraj: de início, parece que não há nenhuma prova contra ele; quando acham algumas evidências, aí atraem represálias por parte dele; quando parece que vão finalmente pegar ele, daí ele dá um jeito de escapar e ferrar os heroizinhos ao mesmo tempo… se prepare pra cliffhangers que vão te fazer assistir uns 3 episódios seguidos. 

Grande parte dessa graça da série está no seu vilão principal, o Charles Sobhraj. Enquanto os heróis têm menos camadas (alguns agem simplesmente por “essa é a coisa certa a fazer”), o vilão se destaca por seu conjunto de skills: o cara é um baita negociante e mentiroso, sagaz, sedutor, com vários contatos, que fala dezenas de idiomas, trincado na malhação… é um Batman do mal. 

Outra coisa que enriquece o vilão-protagonista é a discussão sobre sua origem étnica: em tempos de Guerra do Vietnã, imagine ser visto como um mestiço (pai francês – mãe vietnamita), crescendo admirando a cultura europeia, mas nunca se sentido 100% parte deste povo – o que aumenta a ganância e o ego do personagem, que quer mostrar seu lugar no mundo. 

Uma discussão que também é bem interessante na série é sobre burocracia e o papel dos funcionários públicos – especialmente os diplomatas, no caso. Por um bom tempo da trama, a investigação contra Charles Sobhraj não vai pra frente por que os embaixadores não querem ter o trabalho de lidar com algo tão sério quanto crimes pesados. Quando a caçada começa a ir pra frente, esbarram naquelas competências administrativas chatinhas (tipo “isso não é competência do meu órgão; você não pode fazer isso, já que não é competente pra isso”) – pra as coisas funcionarem, tem que manjar da politicagem. 

Também é bem bacana o plano de fundo dos hippies peregrinando pela Ásia e outros locais exóticos. Milhares de jovens americanos e europeus, cheios de dinheiro dos pais, muitas vezes com vergonha de voltar pra casa, que acabavam caindo na mão de homens exploradores como Charles Sobhraj. O pior é que quando algum destes viajantes precisava de uma ajuda real, ninguém tinha disposição em ajudá-los (afinal, viam como mera hipongagem). 

PONTOS NEGATIVOS: alguns personagens (como falei, os próprios heroizinhos são meio sem graça – o foco é o vilão) e umas mudanças de comportamento forçadas pra trama seguir (não incomoda muito, pelo menos). 

E AE, VALEU? The Serpent é uma minissérie bem bacana. Você conhece a história de um mega ladrão-assassino internacional que causava o terror há pouco tempo, e ainda entra em umas reflexões que não vemos sempre (tipo “qual o papel dessa galera de embaixada? O que está sendo feito sobre as pessoas que saíram pra viajar e nunca voltaram?”). Ademais, o seriado é curtinho (8 episódios, saindo ainda, então tu pode acompanhar semanalmente ou não: caiu na net). 

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