Post dos amiches- O Primeiro Grande Crossover da era de prata na Marvel – Por Tailon Saraiva

Tenho a impressão que alguém já resenhou essa hq no site, mas enfim…

Fala galera, enquanto estou procurando forças psicológicas para trabalhar, resolvi escrever esse pequeno review sobre como foi a primeiro crossover entre os heróis da Marvel lá nos anos 60, quando ainda dava pra contar nos dedos a quantidade de títulos que saía nas bancas, pois o universo era enxuto e feito por meia dúzia de artistas.

Se você é um leitor de hqs, sabe que é normal heróis se juntarem aos montes para combater ameaças de nível mundial, outra coisa que você deve saber se lê quadrinhos publicados hoje em dia é a quantidade bizarra de sagas desse tipo que saem todo ano. Sério, só esse ano a Marvel lançou umas três super sagas lotadas de Tie-ins. Isso se dá pelo fato de que desde os anos 80, grandes sagas que unem vários heróis e que reviram o status quo dos personagens sempre vendem bem.

Muitos citam Guerras Secretas de 1985 como a primeira saga a unir os heróis da editora Marvel em uma grande aventura, mas essa foi na verdade só a primeira saga a ter algum sucesso comercial. Alguns encontros já haviam rolado antes, como o Torneio dos Campeões de 1982 e a Saga de Thanos em 1973.

Porém existe uma história que adoro muito pelo fato de ter sido publicada em uma época mais simples da editora, estou falando de Fantastic Four annual 3, nada mais, nada menos que a primeiríssima vez que em que (quase) todos os principais heróis da casa se uniram em uma treta cabulosa: O casamento de Reed Richard e Sue Storm, vulgos Sr.Fantástico e Garota invisível.

É importante citar que vários encontros entre heróis ocorriam com frequência nessa época, afinal era uma boa forma de mostrar um pouco dos outros títulos para os leitores. Os X-Men caíram no pau contra os Vingadores na edição 9 da sua revista. O Quarteto também enfrentou os mutantes na edição 28, além de se unir ao Vingadores para deter o Hulk nas
edições 25 e 26 da sua revista. Sem contar o Homem Aranha que era arroz de festa e aparecia em todos os títulos vez ou outra.

Pois bem, essa história começa com o Dr. Destino lendo o jornal (coisa de cringe hoje em dia) que noticiava o casamento do casal fantástico. Ele logo decide que iria aproveitar a oportunidade para acabar com a felicidade do maior inimigo dele, revelando ser não apenas um hater invejoso como também um grandíssimo de um empata fodas.

Dr. Destino sentido no coração

Logo o vilão utiliza uma máquina capaz de manipular as cargas emocionais para causar ódio e manipular as pessoas, para fins ilustrativos vamos chamar essa máquina de “Twitter”. Destino usa o “Twitter” para convocar todos, senão a maioria dos vilões da editora naquela época para fazê-los atacar o casamento.

Enquanto isso em Nova York, a cerimônia está prestes a acontecer. O primeiro vilão a aparecer é o Mestre dos bonecos que controla um dos convidados para tentar envenenar o Coisa que estava recepcionando os convidados. O convidado logo é imobilizado pela Shield que está fazendo a segurança do evento.

Mas essa cidade é cheia de pessoas sem ter o que fazer hein…

Quando entra no edifício para avisar Reed, Coisa topa com o Professor X e logo são atacados pelo Toupeira, Xavier convoca os X-Men e eles conseguem expulsar o vilão junto dos seus minions. Em seguida o Coisa ouve um grito e descobre que a Sue está sendo atacada pelo Fantasma Vermelho e seus macacos, o resto do quarteto aparece para briga que logo é interrompida pelo Dr Estranho que bane os vilões para o limbo.

Enquanto isso, vemos diversos vilões se dirigindo para o local, tais como Mandarim, Kang e um cara com cabeça de tijolo que eu esqueci o nome. Da mesma forma vemos os convidados percebendo que algo está acontecendo e começando a se mobilizar para a luta. É muito interessante ver a dinâmica que se estabelece: um herói é atacado por um vilão e logo é ajudado por outro herói que chega no local e este é atacado por outro vilão e assim por diante, no melhor clima pastelão que se poderia esperar. Tudo isso culmina em uma porradaria de dar inveja aos trapalhões nos anos 80.

Resumo a política no Brasil hoje

O bacanal come solto e chama tanta atenção que o Vigia em pessoa aparece em cena. Usando seu visual que parece um idoso acima do peso recém-saído de uma sauna, ele explica mais uma vez que sua única função é observar o universo e que não pode interferir em nada. Maaaaas se por acaso… Reed o acompanhasse até a sua casa… e de forma casual encontrasse sem querer querendo um aparelho milagroso que pudesse vencer os vilões, o vigia não poderia interferir.

Vigia levando o Reed para “assistir a netflix” em sua casa

De fato, é o que acontece.

Reed volta à terra e utiliza o aparelho do vigia para enviar todos os vilões de volta aos seus devidos lugares e sem memória do que aconteceu (mais ou menos o que acontece quando você bebe no bar e acorda em casa sem memória alguma de como chegou lá).

O casamento enfim acontece e todos os heróis estão lá para prestigiar a cerimônia. Até mesmo Stan Lee e o saudoso Kirby aparecem para a festa, mas são barrados na entrada pela Shield.

Até o professor X ficou de pé para prestigiar o casamento

Não muito o que dizer da história: simples, com um plot bocó e um desfecho deus ex machina pra caramba, mas como adoro esse clima sessentista, isso não me incomoda nem um pouco. Quanto a arte, o Kirby manda muito bem colocando essa cacetada de personagem em cada página, com exceção uma ou duas escorregadas que notei, uma delas é na capa onde temos 2 Nick Furys, um com tapa olho de quando ele entrou para a Shield e outro com o visual da época em que ele estava no comando selvagem.

Apesar disso essa revista é especial, ela meio que simboliza a junção de tudo o que o Stan Lee, Kirby, Ditko e cia realizaram nos 4 anos anteriores. É certamente um marco para a editora. Se coloque no lugar de algum moleque que acompanhava essas hqs na época, esse guri deve ter se sentido mais ou menos (guardadas as devidas proporções) como muitas pessoas no cinema se sentiram quando o capitão américa gritou “Assemble!” e todos os heroizinhos saíram correndo juntos.
Não sei você, mas eu quase tive um AVC, sem falar no gordinho que se sentou do meu lado e não parava de gritar! (gordinho esse aliás, que levou um saco com 3 Big Mac pra sessão mais lotada da história. Quem diabos leva Big Mac pra p#rra de um cinema?! Enfim, desabafos).

Para finalizar, deixo aqui uma belíssima arte do Alex Ross retratando a cena final do casamento, feita para a minissérie Marvels.

Quer mandar um post pra gente? contato@superamiches.com