Pirata do Espaço – Groizer X
O filho esquecido.
Um fenômeno curioso é algum tipo de produção cultural fazer mais sucesso fora de seu país de origem do que jamais alcançou na sua terra natal. Filmes do Van Damme sempre fizeram mais sucesso aqui do que lá fora, os Ramones, o Peninha e o Urtigão da Disney, a lista segue.
Até o Chaves. Anos atrás, na metade dos anos 90 um colega viajou para o México e pelo menos naquela época, o programa era quase um tipo de “vergonha nacional” meio como aconteceu com os Trapalhoes.
Groizer X é um exemplo disso. Criado por Go Nagai (de quem uma intrigante parcela de gente aparentemente quer ver o corpo nú), segue um pouco a fórmula de seu primo mais famoso lá fora, Mazinger ZEETOOOOO!!!!!
Vamos à historia então.
Os alienígenas do império Gailar, estavam de bobeira fazendo umas pesquisas cientificas quando um defeito os obrigou a pousar na Terra. Eles ficaram um baita tempo em estase sob o mar até que testes atomicos os despertam. Então o pavoroso Geldon dá um golpe de estado, se coloca no lugar do imperador e resolve atacar a Terra, mas o cientista Professor Yan se opõe. Ele resolve levar para a Terra a máquina de combate mais poderosa do império, o Pirata do Espaço (vou chama-lo de Pirata para facilitar).
Mas o dr. é morto na fuga e cabe a sua filha, Rita, trazer o Pirata para a Terra. Ela é ferida mas chega aqui e fica aos cuidados do Professor Hideki Tobishima . Ele organiza uma força de defesa do planeta e o Pirata passa a ser a maior arma (ou a única), pilotado por Rita e Joe, piloto daquela base militar.
Como de praxe com Go Nagai, a história tem seus momentos leves, mas geralmente é dramática e não poupa as mortes e a violência. E segue a formula do “monstro da semana” com a dupla de pilotos tendo que enfrentar os novos truques do Robô-Bomba enviado pelo império.
Mas a muito espaço para o drama, em particular a situação de Rita. Ela é constantemente taxada de traidora por todo mundo do império. E mais de uma vez ela teve que enfrentar alguém de quem ela já gostou ou mesmo amou.
O relacionamento de Rita e Joe, me passou a impressão de ser pouco romântico. Há alguma coisa aqui e ali, mas leva tempo para engrenar e não é como se eles estivessem namorando.
O Pirata foi provavelmente o primeiro mecha que vi (o Robô Gigante não conta pois era live-action e controlado por um relógio de pulso) e certamente o primeiro transformável. Era bastante diferente dos mechas anteriores de Nagai. O Mazinger ZEETOOOO não se transformava e o UFO Robot Grendizer simplesmente desacoplava o robô do disco voador.
O Pirata realmente se transformava. E ele era imenso. A forma robótica do Pirata tem cerca de 100 metros de altura, muito maior que os Mazingers e a forma de avião era maior que um 747. A transformação não era completa digamos assim, já que a cabeça do Pirata era plenamente visível na forma de avião e apenas se deslocava para cima na transformação.
O armamento não era tão extravagante quando o do Mazinger, mas fazia o trabalho. Os nomes da versão brasileira não eram muito inspirados, mas foram marcantes. Missil Final, Metralhadora Pirata, Soco Pirata, Missil Pirata….. é…. Um detalhe interessante é que, por ser tão grande, o Pirata tinha espaço para carregar três veiculos auxiliares.
A animação não é tão precária quanto se esperaria para a época que foi lançado lá (1976) mas uma ofensa comum é o constante reuso das cenas de transformação e decolagem do Pirata, repetidas episódio após episódio. Era um recurso econômico comum, mas se torna muito óbvio quando você assiste dois ou três episódios na sequencia. E são 36 episódios.
De todos os mechas de Go Nagai daquela época, Groizer X foi justamente o único que nunca teve um remake ou continuação. A única vez que vi o Pirata foram algumas referencias vagas como em um pequeno detalhe em Shin Mazinger Shougeki! Z Hen, como uma máquina do Dr Hell.
A dublagem brasileira é esforçada, as vozes nunca me agradaram muito, impressão que ficou mais clara quando reassisti um tempinho atrás. Por sinal, também não é difícil achar para assistir, inclusive cópias com qualidade DVD e a dublagem original.
O desenho era exibido na Manchete, no Clube da Criança com a jovem Xuxa. Passava junto com Patrulha Estelar. Pensando bem, devo muito aquele programa, pois despertou em mim o interesse no espaço, robôs gigantes e loiras de shortinho.
Uma pena, é uma série que merecia mas carinho. A velharada agradeceria.
Achei a abertura original japonesa, com letra e tal. Mas não. Abertura só a original brasileira.