Os Maiores Clássicos dos X-Men Vol.5
Não, não existem outras quatro partes desse post. O volume resenhado é que ´é o cinco, só pra deixar claro!
De todos os personagens Marvel dos quais já li histórias da década de 1960 escritas pelo senhor Stanley Lieber ou por quaisquer outros roteiristas, os X-Men são os únicos com os quais tenho problemas sérios!
Creio que se deva ao fato da verborragia redundante dos quadrinhos dessa época ficar ainda mais pesada quando temos uma equipe com cinco protagonistas e o velho hábito de Stan Lee de não deixar ninguém calado. Uma coisa que me irrita, principalmente, são os momentos em que os personagens precisam resolver algo rapidamente mas, ao invés de resolver o problema, preferem fazer um longo monólogo dizendo que não dará tempo para resolver tal problema quando, pelo tamanho da “palestra”, dava pra resolver tal problema e ainda procurar uns três problemas extras pra ir resolvendo e adiantando o serviço. E é exatamente por isso que evito comprar qualquer coisa dos X-Men dos anos 60, apesar de ter os desenhos do Kirby de quem sou fã. E foi exatamente por isso que fiquei com um pézinho atrás na hora de comprar Os Maiores Clássicos dos X-Men Vol. 5 da Panini que trazia as histórias da equipe publicadas entre 1969 e 1970 com roteiros de Roy Thomas e Dennis O’Neil e arte de Neal Adams, no qual a revista se foca totalmente estamapando seu nome na capa.
Antes de comprar, dei uma olhada online pra ver o que acontecia antes das histórias contidas nessa edição e…meus amigos e minhas amigas…sempre que você ouve falar que antes do Chris Claremont assumir o título no incio dos anos 70 a revista estava pra ser cancelada, quando você olha as histórias do final dos anos 70 você entende o porque! Eram história bobas com vilões que pareciam ter fugido do seriado do Batman de 1966! Antes de Neal Adams entrar pro título, os X-men estavam enfrentando um sujeito VESTIDO DE FARAÓ!
A Entrada de Adams foi a virada de jogo, porque o sujeito sempre dava pitacos na trama e fazia as histórias ganharem uma qualidade ABSURDA em comparação com o que elas tinham até então. Dei um exemplo disso quando resenhei a Guerra Kree/Skrull (post que você pode ler AQUI) mas, resumindo, é como se Adams dissesse “Põe isso aqui no roteiro e confia no pai que o resto eu arremato no visual!”. E isso se repete aqui!
As histórias anteriores a isso, escritas por Arnold Drake, tinham um tom mais “camp” e os desenhos de Don Heck e de um Barry Windsor-Smith em inicio de carreira emulando Jack Kirby seguiam essa proposta, deixando tudo com uma cara de desenho da Hanna-Barbera em quadrinhos. Quando Roy Thomas assumiu na edição 55, ele ainda estava preso a essa pegada. Mas na edição seguinte, quando Don Heck saiu dos desenhos pra dar lugar a Neal Adams, a história ganhou um tom mais “adulto”, mais “sombrio” graças a arte mais realista do desenhista, isso sem falar no dinamismo empregado em painéis com ângulos ousados e uma narrativa que fugia da páginas monótonas com painéis friamente empoleirados uns sobre os outros como um tristeTetris. Temos páginas com painéis na diagonal, páginas com painéis ovais, páginas com painéis sobre as asas de um personagem…tudo preenchido pela arte de Adams que, arrisco a dizer, dentro da Marvel era algo muito a frente de seu tempo na época! Sério, não se sente mais que você está lendo a mesma revsita que era publicada até então, é como se ela desse um salto no tempo!
Neal Adams ficou por apenas nove edições no título, e estão todas neste encadernado. A primeira história do encadernado é uma sequencia direta da história do tal Faraó que eu falei anteriormente, que vem a se tornar o Monolito Vivo.O lance do faraó com capangas vestidos de egipcios segue sendo ridículo, mas Roy Thomas e Neal Adams conseguem dar mais seriedade e extrair um baita drama através de Alex Summers, o Destrutor, que acaba descobrindo seus poderes nessa edição além de ser revelado que seus poderes tem ligação direta com o Monolito Vivo. O vilão, apesar de estampar a capa do encadernado, é derrotado muito rapidamente mas, acreditem, você nem liga pra ele. A origem do Destutor rouba a cena.
Em seguida temos a história que mostra a volta dos Sentinelas, desta vez comandados por Larry Trask, filho de Bolivar Trask que acabou sendo morto por sua própria criação. Porém, desconhecendo esse fato, Larry Trask põe ainda mais esforço afim de exterminar os mutantes, em especial os X-Men, os quais ele culpa pela morte do pai. A história tem muito da histéria anti-mutante que eu tanto gosto e que muitos autores atuais acabam esquecendo ou deixam de lado em prol de histórias cheias de “massaveismo”. Tem um plot twist bacana mas um elemento ligado a Larry Trask que eu achei bem sem nexo. Sem querer da spoilers, é sobre um medalhão quase do tamanho de um relógio de parede que ele não tira nem pra tomar banho.
A próxima história fez algo que eu julguei que NUNCA conteceria: Me fez gostar de uma trama que tem o SAURON como vilão! Nunca fui grande fã das histórias envolvendo o calango voador sugador de enegia, mas essa história de origem me divertiu demais! Tem umas breguices, claro, mas isso já é esperado das histórias da Marvel da época que eram bem novelescas em alguns momentos. Mas, no geral, a história é bem bacana e tem um final bem trágico.
A próxima história é onde a qualidade do roteiro começa a dar uma derrapada. Ela se passa na Terra Selvagem, tema que também não me agrada muito em se tratando do universo mutante, mas até que começa bem, mostrando o Anjo caindo num local desconhecido graças a seu confronto anterior com Sauron e conhecendo um tipo de Dr. Monreau que está transformando os habitantes primitivos da Terra Selvagem em mutantes com cultura. Kazar é o convidado especial, claro, e é nessa história que o Neal Adams, que já devia estar PUTO com o visual HORRENDO do Anjo,que usava dois uniformes RIDICULOS com mais cores que uma caixa de Fabber Castel, resolveu dar um uniforme decente ao personagem. E eis que nasce o uniforme azul e branco que perdurou por muitos anos e, volta e meia, volta ao uso.
O final dessa história é bem corrido e dá uma sensação de que algo muito maior foi suprimido, isso sem falar que deixa um dos mais poderosos vilões do universo mutante com cara de vilão genérico de seriado de TV da época, usando armas ao invés de seus poderes. Até tem uma explicação pra isso, mas ficou meio…nhé! E até o jeito dele se portar deixa de lado todo o ar superior que ele deveria exalar ( e até exala na primeira parte da história).
A edição 64 não está no encadernado porque Don Heck voltou aos desenhos. O curioso é que ele deixou o tom cartunesco de lado e tentou emular o traço e até a narrativa do Neal Adams. O problema é que apesar de lembrar bastante o estilo de Adams, os desenhos de Heck careciam do movimento, da fluídez e do dinamismo que o traço e a narrativa de Adams possuiam. O resultado é como comprar um McDonalds com brinquedo mas descobrir que era um Bob’s com um pega vareta merda.
Já na edição 65, que está no encadernado graças a volta do Neal Adams, temos a mudança de roteirista. Sai Roy Thomas e entra Dennis O’Neil, que se tornaria parceiraço de Adams em muitos projetos da DC. E, minha gente…é a PIOR história do encadernado! Em apenas vinte e poucas páginas O’Neil tenta vender um épico de ficção cientifica com uma invasão alienígena que levaria a iminente extinção da raça humana. O problema é que a grandiosidade proposta aqui deveria se estender por pelo menos umas três edições pra ser contada sem tanto atropelo e pra ser lida sem tanta suspenção de descrença. A história é corrida, os personagens agem como verdadeiros “paus nos cuzes” uns com os outros, ninguém para pra conversar pra entender o que está acontecendo preferindo ficar batendo boca ao invés de responder simples perguntas, Xavier; que era dado como morto até então; reaparece numa cena com ZERO emoção, se mostra o pau no cu SUPREMO dando bronca em todo mundo e botando pra treinar além de mandar um “vocês não vão sobreviver a essa missão não, mas vão lá pro pai!” e se mostra um bosta explorador de menores que abusa deles fisica e pesicologicamente. Assim como a tia May, Xavier é um personagem que eu sempre torço pra que morra DE VERDADE em toda história merda onde ele é dado como morto. Careca filha da puta…
A parte mais imbecil da trama é quando Alex Summers conta toda a história da raça alienígena que está pra invandir a Terra com riqueza de detalhes e com direito a vídeo do planeta dos sujeitos. SÓ QUE NINGUÉM NUNCA SEQUER HAVIA OUVIDO FALAR DESSA PORRA DESSA RAÇA! DE ONDE DIABOS TIRARARAM TANTA INFORMAÇÃO! A cereja do bolo de fezes vem com o final, onde Xavier organiza uma espécie de Genki Dama mental e usa ciclope como receptor. O resultado? ELES DERROTAM OS ALIENS COM O PODER DA BONDADE! VAI TOMAR NO CU! O SUJEITO QUE COLOCOU UM GRUPO DE ADOLESCENTES PRA VIRAR UMA MILICIA MUTANTE SUICIDA ENTENDE DE BONDANDE ONDE? PORRA! Er…desculpem…
No fim, Os Maiores Clássicos dos X-Men vol. 5 foi uma HQ que me divertiu demais! Tem seus escorregos em seu decorrer e seu drift sobre uma curva feita de fezes nessa história final…mas o saldo total é positivo, sobretudo em se tratando da arte MARAVILHOSA do Neal Adams.
NOTA: 7,0
Meu encadernado eu encontrei por R$9,00 internet afora. É dificil encontrar esse encadernado ou qualquer outro da linhas Os Maiores Clássicos dos X-Men tão barato, mas é que o meu tá meio sambadinho e a livraria que estava vendendo deixou bem claro na descrição. Mas são só algumas marcas na capa, o interior tá de boa.
Porém,se você quiser conseguir esse encadernado em boas condições e pagando barato, se der uma pesquisada você o encontra por preços a partir de R$20,00/ R$25,00.
Essa história também saiu na finada extensão da coleção da Salvat de capa preta com histórias clássicas. Ela está dividida em dois encadernados, mais especificamente nos números 15 e 16 que trazem as histórias pulblicadas antes e depois a fase do Neal Adams. Essas eu aconselho a procurar nas bancas da sua cidade se elas venderem encalhes da Salvat que ficam entre R$20,00 e R$25,00 também. Na internet você só vai achar de R$40,00 pra cima.