O livro da vida/ Festa no Céu
JOAQUIM!!
O México tem muitas contribuições importantes para a humanidade. Luchadores, bigodes fodas, sombreiros, Chaves, Salma Hayek, NACHOOOO, e O Dia dos Mortos.
O feriado de finados lá é uma festa. E é em torno dessa festa e lendas mexicanas que gira o filme.
Tudo começa com a visita de algumas crianças a um museu. Elas já suspeitam de algo diferente quando a guia do lugar lhes mostra uma passagem secreta ao invés da entrada comum do museu.
Lá, a guia lhes mostra o Livro da Vida, onde estão todas as historias e depois de mostrar os três deuses que cuidam da morte, a gentil La Muerte, governante da festiva Terra dos Lembrados, onde ficam os mortos que, como indica o nome, são lembrados pelos vivos; o sombrio Xibalba, que governa a melancólica Terra dos Esquecidos e O Homem de Cera (O nome original seria traduzido como o Fazedor de Velas, mais adequado) que produz as velas que simbolizam as vidas das pessoas e cuida do Livro da Vida.
Em seguida, abre um baú com diversos bonecos de madeira e começa a contar a historia deles, que representam pessoas que viveram bastante tempo atrás.
Na cidade de San Angel, no México, viviam três crianças: Manolo, de uma família de toureiros, porém mais inclinado a ser músico, seu melhor amigo Joaquim, filho do maior herói da cidade e ansioso para seguir os passos do pai, que morreu defendendo o local do bandito Chakal, e Maria, naturalmente objeto da afeição de ambos e razão de discórdia entre eles posteriormente.
Os deuses da morte, Xibalba e La Muerte, lá pelas razões deles, apostam em quem vai casar com Maria. Xibalba aposta no heroico Joaquim, La Muerte no esperto Manolo. A menina é mandada para estudar na Espanha e quando volta a aposta começa pra valer. Principalmente porque Xibalba não está disposto a perder.
Um detalhe muito legal é que, nas sequencias das crianças no museu, os personagens tem aparência humana, mas na historia sendo contatada, são como se fossem bonecos de madeira, com articulações visíveis e tudo mais.
O estilo visual é algo a se destacar. É realmente muito bonito e extremamente detalhado, feito num estilo chamado calacas, aquelas caveiras cheias de linhas.
A trilha sonora também merece uma menção especial. A despeito de ter algumas musicas que eu só ouviria sob coerção, (Radiohead por exemplo) aqui, refeitas como musicas mexicanas dos anos 20 (época onde se passa a historia sendo contada) estão muito boas, e como não poderia faltar alguma classe, tem também Elvis e Ennio Morricone.
O elenco, com algumas exceções, como Ron Pearlman, tem o fino do fino da terra das enchiladas como Danny Trejo e até Placido Domingo
Festa no Céu é novamente um bom exemplo de titulo mal traduzido. A Terra dos Lembrados não é o Céu. Não há, exceto o padre luchador e as freiras, simbologia cristã no filme (tá, uma coisa ou outra).
O padre luchador é inspirado em Fray Tormenta, um verdadeiro padre luchador, que foi a inspiração para Nacho Libre. Aquela coisa de sustentar um orfanato com a lucha rolou mesmo.
O visual é incrível, o que não é de se estranhar, visto que é dirigido por Jorge Gutierrez, que é pelo responsável pelo fantástico, e infelizmente de vida curta, desenho El Tigre, que por sinal, com sua amiga Frida aparecem rapidamente em uma arquibancada. Aqui também tem o dedo de Guilhermo del Toro produzindo a parada e escrevinhação de Doug Langdale, de Dave o Barbaro (Langdale e Gutierrez são parte do melhor que a Nickelodeon tem a oferecer e num mundo ideal, seria presidentes dessa porra, com direito a matar os atores que fazem as séries live action da emissora).
Infelizmente, ele passou meio despercebido, mesmo tendo sido lançado perto do Halloween, em boa parte devido a concorrência com Big Hero 6, lançado quase na mesma data. É um pouco como Orfeu e Euridice, só que sem ser chato.
Então é uma animação que foi meio ignorada, mas que merecia um lugar ao sol. Quem sabe até a triologia que o diretor disse querer fazer. Vão atrás.
JOAQUIIMM!!!