Mulher Gato – Um Crime Perfeito
Tenho que parar de dar essas pausas longas entre uma resenha da Eaglemoss e outra.
Após uma série de eventos (e revistas) desastrosas, Selina Kyle forjou a própria morte e desapareceu sem deixar vestígios. Agora, depois de perder todo o dinheiro que tinha e fracassando em um de seus incríveis roubos, a ladra volta para Gotham City atrás de um serviço. Através de um antigo contato, Selina fica sabendo de um trem carregado de dinheiro da família Falcone vai sair da cidade para ser lavado em outro lugar. Uma oportunidade única. Porém esse é um roubo ousado demais até mesmo para a famosa Mulher Gato, e ela vai ter que procurar ajuda com a última pessoa que gostaria de vê-la, seu antigo mentor, parceiro e amante.
Do outro lado da cidade, alguém muito poderoso desconfia que Selina não morreu realmente, alguém cuja ladra deve uma quantia alta. Para resolver o mistério foi contratado Slam Bradley, detetive particular das antigas, muito antes dos encapuzados pipocarem de todos os cantos. O método de trabalho de Slam é simples, nada além do tradicional, o que ele não consegue com a lábia acaba conseguindo com os punhos. E mesmo não gostando nada da galera de capa, essa investigação vai acabar colocando ele não apenas de frente à revelação da vida dupla de Selina, mas também acaba chamando atenção de um certo Cavaleiro de Gotham.
Selina pode ser a melhor ladra que já andou pelas ruas de Gotham, mas todo o submundo sabe que com certas pessoas não se deve mexer, e a família Falcone está no topo dessa lista. Não é a primeira vez que ela acaba batendo de frente com a família de mafiosos, mas pode ser a última.
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Nunca julgue um livro pela capa, nesse caso pelo título. Quando esse exemplar chegou na minha casa eu confesso que torci o nariz, afinal, com tanta coisa boa e clássica da DC que poderia estar nessa coleção, uma história solo da Mulher Gato realmente teria espaço. Claro que eu acabei tendo que engolir minha pergunta cretina logo na primeira página, quando vi que a dupla criativa era composta por ninguém menos de Ed Brubaker nos roteiros e o sensacional Darwyn Cooke nos desenhos. O resto da leitura foi só a comprovação de que um bom escritor e um bom desenhista fazem qualquer título render uma boa história (muito mais que boa, como é o caso).
Essa fase não marcou apenas o retorno de Mulher Gato mas também uma reformulação total da personagem, abandonando a personalidade básica de vilã uniformizada. Falando em uniforme, ele aparece apenas em flashbacks, já que era algo que não se encaixava no clima de história clássica de detetive. Falando em detetive, outro ponto positivo da história foi trazer Slam Bradley, personagem da Detective Comics que surgiu antes do Batman, de volta do ostracismo, transformando-o em um dos pontos mais carismáticos da trama. Quanto aos desenhos, falar sobre a qualidade estética e narrativa de Cooke é chover no molhado.
Na parte de extras temos a republicação de Batman #1, de 1940. A estreia de Batman como possuidor de uma revista com o seu nome também marca a primeira aparição da vilã, chamada nessa revista apenas de A Gata. Como era de se esperar, não dá pra apostar as fichas em uma história de mais de setenta anos seja capaz de impressionar ou prender o leitor contemporâneo, mas acaba sendo um registro importante devido a numeração e por ser um trabalho da dupla de pais do homem morcego, Bill Finger e Bob Kane. Como sempre, esse exemplar sofre com os preços altos praticados em toda a coleção, é um valor muito alto mesmo com a qualidade gráfica, mas ainda assim é leitura recomendada.