Muitos Batman!
Pois é.
No ano passado o Bátima fez 75 anos e muita coisa aconteceu com o Morcegão nesse tempo todo. Fiéis ao nosso espirito de contrariar todo mundo, não fizemos nada para comemorar a data, exceto o podcast sobre os clones mal feitos do Batman. O que só conta 25%.
Ele é um dos três mais populares herós, (junto com o Superman e o Homem Aranha) e certamente o mais popular dos três. A revista onde estreou, Detective Comics é a mais longeva da DC, com o Batman estrelando desde 1939 direto até 2009, quando a Batwoman assumiu o titulo por um tempo, provavelmente devido alguma saga esquecível.
É um pouco fácil entender o apelo do Batman. Ele é, teoricamente, um humano normal, treinado pra carajo, mas ainda assim sem poderes ou implementos. Claro, da mesma forma, as partes dele que são fora do comum, como a imensa riquesa também são algo que as pessoas normalmente gostariam de ter. Principalmente se pensar como ele é provavelmente o personagem favorito de quem quer escrever um clássico. O Cavaleiro das Trevas e Batman Ano 1 de Miller, Asilo Arkhan de Grant Morrison, entre outros. Tecnicamente, o Homem de Ferro deveria ser ainda mais popular, mas não parece ser o caso.
O Batman é, comercialmente, o mais bem sucedido herói quando deixado por conta própria digamos assim. Em outras palavras, é o que tem o maior numero de jogos, filmes, desenhos e quadrinhos bem sucedidos. Há certamente muita bosta, mas medindo as coisas, o que presta parece estar em vantagem.
Parte desse sucesso com certeza pode ser creditada a sua galeria de vilões. Embora a maioria deles não seja um desafio físico para ele, não há como negar o fato de que, principalmente depois da visão de Bruce Timm na série animada, são dos mais interessantes. Mesmo alguns mais recentes, como o Professor Pyg ou Jane Doe são perturbadores. É significativo que em praticamente todas as listas de maiores vilões, o Coringa costuma estar no mínimo, entre os cinco maiores. Claro que, comparado a sujeitos como o Dr. Destino ou Darkseid, ele está bem aquém no sentido” ameaça física”. O apavorante no Coringa é como ele parece não notar a diferença entre usar uma arma que sai uma bandeirinha e matar centenas de crianças com algodão doce envenenado. Como alguém disse na saga A Vingança do Submundo “Quando vilões querem assustar outros vilões, contam historias do Coringa.”
Acho desnecessario uma retrospectiva, mas vamos lá. O Batman foi criado em 1939 por Bob Kane e Bill Finger , embora já seja aceito que um sujeito chamado Frank Foster teria apresentado à DC um personagem parecido em 1932.
De lá pra cá a caracterização do personagem muito muito. As primeiras historias eram com certeza muito influenciadas pelo Sombra, e mostravam um Batman que não era avesso a matar. Isso mudou pouco tempo depois. Os executivos, tendo em vista que muitos leitores eram garotos, encomendaram um personagem para que os moleques se identificassem (isso é a introjecção e é por isso que o Link não fala). Isso mudou o tom das historias, que passaram a, gradativamente, ficar mais leves.
Com o tempo, e a necessidade ditada pela caça as bruxas do Código de Ética, as historias foram ficando cada vez mais estranhas , bizarras e até bobas. E foi nesse período que surgiu a famosa série de TV. E foi algo comparável aos Beatles. Adam West possivelmente comeu metade dos EUA.
Eu particularmente nunca gostei dessa série. Claro, como qualquer ser pensante, idolatro Feira da Fruta, mas é a única parte apreciável para mim. Não achava a série engraçada, não achava emocionante, nada. Não gostava quando era criança e não gosto hoje. Entendo a importância e relevância da série e tals, mas para mim, ela não tem significado algum, exceto ajudar as hipóteses do Frederick Wertham.
É interessante notar que a imagem do Bátima homossexual parece ser um fenômeno mais brasileiro que global. A piada é muito mais recorrente por aqui. E é possível rastrear os principais responsáveis por isso, Os Trapalhoes.
Ainda mais curioso se pensarmos que nos anos 70 já havia começado a revitalização do personagem, principalmente pelas mãos de Neal Adams e Dennis O’Neil. Os dois deixaram bem claro que estavam deixando de lado a faceta camp e trazendo o personagem mais próximo de suas origens, com histórias de mistério mais sombrias.
O que se confirmou com Frank Miller escrevendo as que ainda são as historias definitivas do personagem. Batman Ano 1 reapresentou o Morcego, em inicio de carreira e após o reboot de Crise nas Infinitas Terras.
O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight Returns nos EUAses) é quase que o inverso. É o Batman pré Crise, velho e aposentado, mas retornando a sua guerra eterna. Sempre compete com Watchman sobre “A Mais Importante Historia em Quadrinhos” nas listas. E eu particularmente prefiro a obra de Miller. E embora realmente mostre o Batman derrotando o Super, as pessoas tendem a esquecer duas coisas: a quantidade brutal de preparação que o Batman teve que fazer, incluindo levar anos, gastando uma fortuna para sintetizar kriptonita e o impacto que a luta causou nos leitores em 1986. Os dois personagens eram sempre retratados como grandes amigos, desde os anos 40 e em Cavaleiro das Trevas começou a se delimitar as diferenças entre eles.
A passagem do Batman na Liga cômica de Keith Giffen e J.M. de Matteis é simplesmente sensacional, com ele vivendo as turras com Guy Gardner (que nunca mais foi tão bem escrito quanto pela dupla) e tentando manter alguma ordem no caos generalizado que era aquela formação da liga.
E chegamos ao Batman que é causa de uma divisão bem clara entre leitores de quadrinhos. O Batman do Grant Morrison.
Começando em 1997, a fase de Morrison elevou as capacidades do Batman a um grau absurdo, talvez para explicar o que um sujeito essencialmente normal fazia no meio das divindades. Assim sendo, Morrison amplificou pra caralho algumas características como o fato do Batman ser um sujeito prevenido. “Com preparo” passou a ser justificativa para tudo e os fãs mais descerebrados garantem que “Com preparo”, o Batman pode vencer qualquer um.
Mas, em tempo. Durante a fase do Morrison, não me lembro dele vencendo um oponente muito superior fisicamente, mesmo “Com preparo” como o General Weylling/Shaggy. Houveram momentos, como a luta contra os Marcianos Brancos. Mas qual a dificuldade de vencer um cara cuja fraqueza é um isqueiro?
O “Batman estratégico que fica num canto dizendo o que os outros devem fazer” é quase tão odiado quanto o “Batman Com Preparo”, mas sempre foi uma característica dele nas historias da Liga. E não apenas dele. Não dá pra deixar de admirar o trampo intelectual dos roteiristas, tentando usar sujeitos como o Batman ou o Capitão América em uma aventura que exista uma ameaça para o Superman por exemplo. Interessante é que, na sua própria revista, o Batman tende a ser menos fodão, talvez por mostrar ameaças humanas os escritores sentem menos a necessidade de enfodese-lo tanto.
O Batman dos Novos 52 é um mistério para mim. Simplesmente porque, fora as historias do Morrison e alguns arcos como “A Corte das Corujas” pouco li dele.
No fim das contas ficou um baita texto enorme. Acho que é chover no molhado ficar falando sobre o Batman, que, apesar da Warner achar que é necessário. Ou não, já que no filme do BatAffleck, finalmente não recontam a origem do Morcegão.
E sim, escrevi só pra encher o saco dos haters.
Ps. O post deu ruim ontem por causa de uma instabilidade do Disqus, por isso foi publicado novamente!