Mobile Suit Gundam: Iron-Blooded Orphans

Se há uma constante no universo é que a mais nova série da franquia Gundam é odiada pelos fans das franquias anteriores.

 

E o fato de que a maioria dessas séries não são continuações das outras não ajuda em nada.

Veja bem Timmy, Gundam, como franquia, é composta de diversas séries que se passam em seus proprios universos, fechados em sua cronologia e seguindo, digamos, leis, especificas daquele universo.

Por exemplo, a Universal Century é a linha do tempo do Gundam original e suas continuações. É a mais expandida até agora. A After Colony contem Gundam Wing. A distante Regild Century de  Gundam Reconguista in G e a Post Disaster, onde está nosso objeto de analise;Iron-Blooded Orphans.

E quase sem exceções, os partidários de uma ou outra timeline desprezam qualquer coisa que não seja feita ali.

Há similaridades entre todas as séries Gundam, pretendo abordar isso melhor posteriormente, mas o principal é a presença de uma, ou várias, unidades de combate chamadas Gundam. Que, espero, até os mais desatentos já tenham notado que se trata de um robozão.

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Essa série pega um aspecto bem desagradável para colocar seus protagonistas. Eles são crianças soldados, orfãos de guerra na maioria dos casos.

Trezentos anos após a chamada Guerra da Calamidade, as relações entre a Terra e suas colonias, em particular Marte (já terraformado há um bom tempo) não são nada boas. Uma garota nobre e bem intencionada, Kudelia Aina Bernstein, está a frente dos movimentos de independencia e pretende ir para a Terra negociar.

Protestos em Marte

Protestos em Marte

Como naturalmente tem gente que acha isso ruim, foi lhe designado os serviços de um grupo militar particular o Chryse Guard Security (CGS). Na base onde Kudelia está, há duas unidades, o Primeiro Grupo e o Terceiro Grupo. O Terceiro é justamente formado pelas crianças-soldado e tratados pouco melhor que lixo pelo Primeiro Grupo. Não deram pra eles o apelido de “Ratos Espaciais” por carinho.

Uma coisa que não ajuda é o fato de terem implantados em seus corpos o Sistema Alaya-Vijnana. Isso permite que liguem mentalmente as máquinas, melhorando sua performance. O fato é que, desde a Guerra da Calamidade, há um profundo desprezo por implantes na sociedade, em alguns casos, nem são tratados como humanos. O processo de aplicação do Sistema também é extremamente doloroso (não dá pra usar anestesia para garantir as ligações neurais) e frequentemente enlouquecedor e/ou mortal.

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Os pontos de conexão do Sistema

Bem, a base deles é atacada por sujeitos que preferem ver Kudelia morta e o Terceiro Grupo é usado como boi-de-piranha pelo Primeiro, que se manda. O lider de campo do Terceiro, Orga Itsuka está pouco disposto a sacrificar sua vida, de seus amigos e até da cliente, pelos cusoes do Primeiro Grupo.

Então organiza um contra ataque e solta seu cachorro louco, Mikazuki, na velha máquina de guerra, da época da Calamidade, que eles usavam como reator da base, o Gundam Barbatos.

No fim das contas, eles resolvem se declarar uma nova unidade militar a Tekkadan e cumprir o contrato de levar Kudelia para a Terra.

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Como convém a maioria das séries Gundam, essa trata de uns assuntos pesados, sem ir demais para o dramalhão, mas sem aliviar muito também.  É um tanto mais sangrenta que a maioria das outras séries, pelo que a presença de Mikazuki é bastante responsável.

Ele é bem normal na maioria do tempo, um pouco distante, mas coisa pouca mesmo. Só que, quando ordenado a lutar, pelo unico cara em quem confia 100%, seu amigo de infancia Orga é letal e implacável. Sabe aquele cliche do inimigo prestes a receber o golpe fatal e que fala alguma coisa, suas motivações ou algo do tipo? Mikazuki frequentemente não permite que eles terminem uma frase. Ele não é um viciado em combate ou algo assim. Simplesmente enxerga a ordem de matar um inimigo com mesma naturalidade de “Apague a luz da cozinha.”

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Há alguns outros aspectos que podem ser meio espinhosos, como o relacionamento interno do grupo Turbines ou o noivado de McGillis e Almiria. Mas definitivamente é um bom anime de mechas e uma boa série Gundam. Várias das ultimas séries foram realmente mais destinadas para crianças (como Build Fighters e Try) e esse é realmente um desvio bem vindo dessa tendencia.

É na verdade a mais violenta série Gundam. O armamento é um bom demonstrativo disso. Ao invés das relativamente limpas armas de raios das outras séries, a luta aqui é feita com projéteis e corpo-a-corpo. E pode ficar bem feio na verdade. A propria forma como o combate é levado aqui, com o uso, oficializado de crianças soldados e tals demonstra que a Convenção de Genebra é uma lembrança distante. Sempre houveram adolescentes ou crianças lutando em Gundam, mas IBO está constantemente te lembrando como isso é horrivel na verdade e as condições bem ruins que as crianças soldado reais, do nosso mundo, passam.

Sendo de Marte e na maioria analfabetos, eles nem tem uma boa noção do que é "peixe"

Sendo de Marte e na maioria analfabetos, eles nem tem uma boa noção do que é “peixe”

Com duas temporadas, com a segunda ainda sendo exibida enquanto escrevo essas linhas, IBO é dirigido por Tatsuyuki Nagai (que dirigiu também ToradoraToaru Kagaku no Railgun) e escrito por Mari Okada, que trabalhou com Nagai em Toradora e é uma veterana escritora, tendo fazido coisas que vão de Gosick e putz… Kodomo no Jikan até Black ButlerZetsuen no Tempest. 

O visual dos mechas, a ambientação e a trilha sonora merecem um bom destaque.

https://www.youtube.com/watch?v=5OYoUa0SDJ8

 

Diria que é um bom ponto para começar a ver Gundam, ou ver algum Gundam que sai da formula mais comum da franquia.

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Zweist
12/12/2016