Miracleman Anual 1
Eis que uma breve parada cardíaca me ocorreu ao botar as mãos nessa revista.
Um dia, quando me sentir disposto a escrever muito e confiante na minha escrita, irei escrever sobre a fase de Moore em Miracleman, uma das melhores e mais densas obras de quadrinhos que já tive o prazer de ler e agora de possuir, mesmo que não seja no formato de um maravilhoso álbum de luxo (que essa história certamente merece) mas sim em caprichadas edições mensais. Infelizmente esse dia não é hoje, haverá um oportunidade para tal.
Com o término da fase escrita por Moore no número 16, eu estava esperando o arco Apocrypha ou até a nunca terminada fase de Neil Gaiman começar a ser publicada, mas então a Panini resolve lançar essa pedrada. Duas histórias inéditas lançadas em 2014 lá fora.
A revista começa com O Incidente de Outubro: 1966, escrita por Grant Morrison e desenhada por Joe Quesada. Morrison escreveu originalmente essa história para a Warrior, porém por algum motivo a mesma nuca foi publicada, e, ao saber disso, Quesada resolveu desenhá-la e publicar na nova casa do herói atômico. Como é padrão das publicação britânicas, a história se desenvolve em apenas 11 páginas, nas quais vemos um então jovem Johnny Bates aflorando a sua personalidade psicopata e matando a sangue frio um padre em uma praia. A quantidade de simbologias e referências em poucas páginas é magnífica, e não vou me ater aqui aos detalhes, vocês precisam ler os extras da revista.
A segunda história é Seriamente Milagroso, escrita por Peter Milligan e desenhada por Mike Allred. Com um clima pueril e nostálgico, essa história se encaixa como uma ponte entre a fase original de Mick Anglo e a reinvenção realizada anos depois por Moore. Vemos Miracleman acompanhado de seus dois amigos Kid Miracleman e Young Miracleman enfrentando ameaças clássicas e estapafúrdias, como os planos bizarros de Gargunza e os Boromanianos, porém Miracleman começa a mostrar um certo incômodo com a situação, sempre sem grandes consequências ou mortes, um indício de que provavelmente Gargunza estava prestes a perder o controle. A cena final é uma referência arrepiante à primeira história de Moore no título, Assim Falou Zaratrusta.
Os extras seguem o padrão das edições anteriores, com artes originais, layouts, roteiros e algumas anotações. A capa da edição é uma das mais belas até o momento, e a Panini acertou em remover o “All New” presente na publicação original americana, ‘consequência das maiores mudanças de todos os tempos da última semana’ que assolam as majors. Enfim, esses foram R$7,90 pagos com muito gosto, e mais do que recomendados.