Mês da animação de ação – Karatê Kid

Animação é como cerejeira, Daniel-san. Uma arvore da familia das Rosaceae.

Por onde começar com esse?

Quase no final dos anos 80, mais ou menos no período do lançamento do terceiro filme, alguém deve ter se preocupado com a possibilidade de perderem essa bocada, afinal, Ralph Macchio não estava ficando mais jovem, e como se notou depois, a popularidade de Karate Kid estava diminuindo.

Como resolver isso? Da mesma forma como todos os problemas globais podem ser resolvidos, com um desenho animado, é claro.

 

 

A premissa não podia ser mais absurda. Uma pequena escultura de um templo é roubada de uma aldeia de Okinawa, a terra natal do sr. Miyagi. Então ele, junto com Daniel-san e uma garota chamada Taki passam a procurar pela relíquia, ao redor do mundo.

Até aí, ok, é quase parecido com aquela coisa do bonsai do terceiro filme. O negócio é que a relíquia é mágica, capaz de dar poderes para quem a tiver.

 

“Lembre Daniel-san, não usar mesmo hashi para pegar mosca e para comer.”

Um desses poderes certamente não é o da qualidade. É incrível como esse desenho era, ou se tornou, ruim. Os diálogos, a animação, as historias, não parecem haver traços redentores por aqui.

Ou quase. Curiosamente, uma coisa parece ter sido bem feita, as personalidades do sr. Miyagi e de Daniel, embora tenha sido meio exageradas. O sr. Miyagi é agora uma fábrica de bons conselhos, mandando um a cada segundo, pontuado com observações engraçadinhas. E Daniel ainda é um cara impulsivo e meio babaca.

Para um desenho chamado Karate Kid, você vai encontrar bem poucas lutas por aqui, ou melhor dizendo, poucos chutes e praticamente nenhum soco, irônico para o “Caminho das mãos vazias”.

 

Mas podemos contar com dedos no olho

Em quase todas as lutas, são usados muitos arremessos e objetos próximos, mais ou menos como aquelas lutas do He-man. Quando foi que você já viu o He-man acertar um soco em alguém?

 

 

Por outro lado, isso pode ter sido até bom, já que a animação é terrivelmente ruim, principalmente para o final da década. Pensando bem, seria ruim para a década anterior também. Não há mal desenho, apenas má animação.

Outro dos poderes da relíquia também é o de ser convenientemente perdida no final de cada episodio e ressurgir no próximo, num lugar incrivelmente longe do anterior e sem muita indicação de como foi parar lá.

É um desenho que melhor seria ter sido deixado de lado, já que ignorou um lição importante: primeiro aprender desenhar, depois animar. Regra natureza, não minha.