Mês da animação de ação – He-man

Nesse mês vimos muitos desenhos que fracassaram por não conseguirem vender bonecos.

Não é o caso de He-man.

Não é um segredo, mas com ares de lenda, que He-man surgiu para aproveitar um prototipo de bonecos para uma licença baseada no filme Conan, o Barbaro. As versões divergem, a violencia do filme teria levado a mudança na linha de bonecos. Ou é apenas porque os caras da Mattel, preferiam ficar com a grana toda pra eles, sem se preocupar com licenciamento.

 

 

De toda forma, os bonecos vieram antes e suas historias eram ligeiramente diferentes do que ficou famoso no cartoon. Assim como os próprios personagens em vários casos. O boneco da Teela tinha uma armadura tipo uma cobra. Alguns personagens, como o Esqueleto e Zodac, tinham pés com garras e ganharam pés normais com botas. Zodac inclusive era para ser irmão do Esqueleto.

Logo de cara, dá pra destacar três nomes da produção. O quase onipresente Straczynski e dois caras que fizeram a melhor animação americana até hoje, Paul Dini e Bruce Timm.

Mas será que essas três sumidades conseguiram fazer algo bom com He-man?

Não dá pra dizer que conseguiram de todo. Talvez por isso eles não lembrem com carinho de seu trampo ali.

E não dá para culpar os caras. Em entrevistas, é frequente que citem a interferência constante da Mattel como a pior parte.

Os personagens, principalmente no elenco principal, são bem feitos e carismáticos o bastante para serem lembrados. Tanto os heróis quanto os vilões.

É interessante notar como isso se inverteu em She-ra, cuja trama básica das historias é um tanto melhor, mas o elenco é terrível. Só há dois bons personagens em She-ra, Hordak e a Sombria.

 

 

A animação é feita em rotoscopia. É uma técnica muito velha de animação. Basicamente filmam uma cena e desenham em cima. Então o que acontece, há momentos de extrema rigidez nos movimentos dos personagens, e outros bem naturais. Mas o lema é a repetição.

São incontáveis as vezes que vemos a corrida do He-man, ou o seu soco na tela. E muitos personagens usam a mesma movimentação.

 

 

A trilha sonora é memorável, sem ser excelente. Agora tem um detalhe bem legal exclusivo da versão brasileira. Alguns episódios vieram lá de fora sem a trilha sonora.

 

 

Mas He-man nos ensinou a nunca desistir. Então alguém lá na Herbert Richards achou em algum canto um disco de uma dupla de musica eletronica espanhola, Azul y Negro, e lascou lá. Fantasia de Pirata e Fu Manchu são os nomes. E por alguma razão maluca, combinou otimamente com o desenho.

Para um desenho sobre um cara superforte, há uma característica bastante marcante. He-man nunca resolve nada na porrada. Quer dizer. Ele soca rochas e robôs, mas nunca seus adversários. Esses são limitados a receberem arremessos, em geral para longas
distancias ou humilhantes poças de lama. Mas em geral a solução para o problema do episodio é pensada.

 

 

A melhor coisa é no entanto, o universo. A construção dele acabou ficando muito legal, já que há espaço para uns trecos até barra pesada, como o chtulloide Sh’Gora, ou os mistérios de Grayskull, a historia triste da mãe biologica da Teela (é a Feiticeira de Grayskull, mas Teela não pode saber disso ainda, quando descobrir será a vez dela se tornar a Feiticeira), seres cosmicos como Zodac (obviamente inspirado no Zweist e em Metron dos Novos Deuses) e outras coisas.

 

 

No post de hoje aprendemos que é possivel assistir pelo fator camp, meio trasheira, desde que seja em pequenas doses e sem se preocupar muito.