Mês da animação de ação – Caverna do Dragão

Pra encerrar resolvi ir pelo caminho mais fácil.

Isso porque esse é um desenho que quase todo mundo admite facilmente que ainda é legal. Isso é tão fácil e óbvio que já vai levar o selo agora.

 

 

E agora? O que já não foi dito sobre Caverna do Dragão?

Que era uma adaptação do RPG Dungeons and Dragons. feita no auge do pânico sobre os RPGs, justamente para acalmar os pais e eliminar as suspeitas sobre ser um jogo satânico? A lenda sobre o final que nunca foi animado?

Haviam algumas coisas que me chamaram a atenção, em particular depois que descobri a relação com D&D, o que só aconteceu bem posteriormente.

 

Posterior.

 

A ambientação não é em nenhum dos cenários conhecidos de D&D, AD&D, ou nada de mesa na verdade. O lugar é chamado apenas de O Reino, e parece ter alguma semelhança com Ravenloft no sentido de que muitos de seus habitantes não são nativos de lá, e sim trazidos de outros planos (dimensões na linguagem de D&D). Raças inteiras estão presas no lugar, há séculos aparentemente.

 

Até mesmo ex redatores do site acabaram presos nesse lugar.

 

Por isso temos muitos elementos de D&D, mas diferente de como são em outros cenários. A deusa Tiamat não é citada como uma divindade e na dublagem brasileira, é referido como sendo um dragão macho. Outra deusa que se ferrou, e ainda mais que Tiamat foi Lolth, reduzida a uma simples aranha gigante com cara de gente.

 

 

No entanto mais de uma obra localizou as aventuras das crianças em Forgoten Realms, em particular o gibi Forgotten Realms: The Grand Tour, mostra os guris ajudando Presto a ser aprendiz de Elminster.

 

Mostrados aqui adultos e desfigurados.

Devido a vigilância sobre cartoons na época, e que imagino ser redobrada aqui, não se verão as crianças usando suas armas como se fossem jogadores. Bob o Barbaro por exemplo, costuma acertar seu tacape no chão e provocar tremores de terra, ao passo que
qualquer jogador que se preze não hesitaria em dar com o porrete na cabeça de seus desafetos.

Mas daria até para racionalizar isso. Imagine o trauma num garoto ao ver um orc explodindo em viceras depois de um golpe.

Isso pode ter afetado até as classes de personagem dos guris. Na época, Presto (mago), Sheila (ladra) e Hank (ranger) eram os tinham classes no jogo. Os as classes dos demais, Cavaleiro (Eric), acrobata (Diana), e até barbaro (Bob), só foram introduzidas depois,
no Unearthed Arcana. Então você tem a doce Sheila como uma ladra, nunca sendo chamada assim, e poucas classes de combate.

 

 

A animação é boa para os padrões da época, sem ser precária e ainda segura a barra, embora seja um pouco dura, para os padrões atuais. A trilha sonora também não é nada que se destaque, mas
é bem feita e usada nos momentos certos. Agora o que é realmente incríveis são os cenários.

 

É um desenho incrivelmente curto, principalmente se pensando aquele esquema de syndication, que era a razão dos desenhos terem em geral 65 episódios por temporada.

O que faz pensar que, fora a qualidade em si, uma das razões desse desenho ser lembrado é a simples repetição. Enquanto a programação da manhã da Globo era infantil e não governada pelas Múmias Vivas e pela lacrosfera, era quase certo que esse desenho passava. As vezes haviam pausas na transmissão, mas poucos meses depois ouviamos aqueles microsegundos antes do narrador dizer “Caverna do Dragão”.

 

Só que não dá para diminuir a importância da qualidade do roteiro em si, e do excepcional carisma dos personagens.

Revendo é possivel corrigir uma injustiça nascida do ódio. Sim, Uni atrapalhou o retorno deles mais de uma vez, mas nem foram tantas. Só que pensando bem, aquele bicho é uma chateação mesmo.

 

“Você é uma criatura lamentável.”

 

Acho que então é valido terminar essa iniciativa com o desenho que não sobreviveu aos anos 80 apenas por memória afetiva ou algo assim. Sobreviveu literalmente sendo transmitido praticamente até uns dias atrás.

E se quiserem ver em quadrinhos a agora famosa “Réquiem”, o final nunca feito de Caverna do Dragão, é vir aqui.