Mês da animação de ação – Capitão N
Uma versão da Sega teria sido melhor.
Vamos começar com uma quase subversão da ideia. Esse desenho é tão infantil, num mal sentido da palavra, que quase não fica na categoria de “ação” que esse mês se propõe.
Como acontecia muito nos anos 80, Kevin é tragado pela sua TV, junto com seu cachorro, para a dimensão da Videolandia, onde ele foi profetizado como o grande campeão, o Game Master. Lá ele se junta a atual regente do lugar, Princesa Lana, Megaman, Kid Icarus e Simon Belmont para lutar contra Mother Brain.
A primeira coisa que se nota é como os personagens parecem apenas vagamente, muito vagamente, com suas versões nos jogos. É como se tivessem sido criados por alguém que só viu a contracapa do cartucho.
Megaman passou a ser um anãozinho gorducho verde, Pit passou a ser chamado Kid Icarus (um erro honesto aqui, quase todo mundo achava que era o nome dele, não apenas do jogo).
O barbaresco Simon Belmont virou uma versão ainda mais narcisista do principe do Shrek, Mother Brain ganhou uma cara. E as fãs do Alucard teriam trombose coletiva se vissem como ele é retratado aqui.
Princesa Lana parece uma personagem original, mas se assemelha um pouco à Alis de Phantasy Star. Da Sega. Suprema ironia.
Pior que suas aparências são as falas, com Megaman colocando a palavra “Mega” na frente de um monte de outras palavras, ou o pior, o modo que Kid Icarus fala. Vou escrever a próxima fala como se fosse ele:
Essa é uma bosta de desenhicus, escrito por tapados para crianças imbecilius.
Se escrito já parece ruim, falado é de cair o cu da bundicus.
Aqui no Brasil pelo menos tivemos uma daquelas dublagens bem xaropes, em particular Garcia Junior dublando Simon Belmont e jogando aquelas improvisações maneiras.
Uma coisa é a trilha sonora. É difícil até de definir. Os produtores tinham acesso as trilhas dos jogos, e durante os episodios é possivel reconhecer algumas, em particular as de Castlevania por exemplo. Mas por alguma razão são pouco usadas, então o que mais se houve são musicas originais e bem ruizinhas. Ou, mais estranho ainda, um monte de musicas como versões de Thriller do Michael Jackson ou Danger Zone do Kenny Loggins.
Da terceira temporada eu só vi alguns episódios, o bastante para notar que eles parecem ter jogado o conceito de “jogos de Nes” pela janela em alguns episódios, a incrível queda na qualidade
da animação, que já era ruim, e dos próprios modelos dos personagens, que foram tremendamente simplificados.
Não dá para criticar totalmente a produção, já que aparentemente, ALGUMA coisa eles pareciam saber do que falavam, como no episodio em que precisam de uma flecha especial, só encontrada no topo de Monte Icarus (SIC) e Kevin menciona como é dificil de chegar lá, o mesmo acontecendo no episodio de Bayou Billy. Que é um jogo dificil e absolutamente quebrado.
Mas é, apesar de todos os problemas, eles acabam indo para lugares tão variados como Tetris e Final Fantasy, ou fazendo um crossover com Zelda e Link daquele desenho que passou umas três vezes na globo (“excuuuse me princess”), só apenas não parece quase nada com o material original.
Entendo que muita gente possa ter memorias afetivas com esse, eu gostava muito, mas é melhor jogar mesmo. É mais facil aguentar uma maratona de Ninja Gaidem.