O fim de uma lenda.

Matt Murdock é o Demolidor. E ele está morto. Executado diante de centena de pessoas pelo seu maior inimigo, o Mercenário. Antes de morrer, Murdock fala uma misteriosa última palavra, “Mapone”. Intrigado pelo mistério e empenhado em homenagear o homem que salvou sua vida tantas vezes, o jornalista Ben Urich parte em uma investigação que pode custar sua vida. Seus inimigos aposentados ou presos, seus antigos aliados e amantes, todos tomaram um rumo diferente em suas vidas, diferentes da fim da vida de Murdock.

O advogado cego da Cozinha do Inferno havia desaparecido sem deixar vestígios. E isso aconteceu logo depois dele matar Wilson Fisk diante de várias pessoas. O último ato de desespero de um homem que vê todas as suas tentativas de tornar o mundo à sua volta um lugar melhor serem sempre destruídas por meio de dinheiro e influência. Murdock só reapareceu no dia de sua morte. O que então ele estaria fazendo? Remoendo-se de culpe pela morte de uma pessoa, por mais desprezível que ela fosse? Tentando colocar sua vida nos eixos? Procurando alguma forma de redenção?

Bendis é um bom escritor, claro, com algumas falhas. Confesso não ter lido sua aclamada fase no título do Demônio de Hell’s Kitchen ainda, mas pretendo remediar esse erro o mais breve possível. O problema dele, ao meu ver, é o excesso de trabalho. Não se pode esperar o mesmo nível de qualidade de um artista quando ele começa a produzir quatro obras no intervale de tempo onde antes ele produzia uma ou duas. Ao voltar à escrever uma série do Demolidor, mesmo sendo uma mini série, Bendis nos presenteia com uma trama tão bem trabalhada quanto sombria. Não duvido que daqui a alguns anos essa história vai ser citada como um clássico do personagem, ao lado de A Queda de Murdock ou Diabo da Guarda.

A única coisa que não me agradou foram os desenhos. Klaus Janson é um ótimo arte finalista, principalmente quando trabalha com o Frank Miller ou com John Romita Jr, mas o considero um desenhista instável. Em algumas páginas fica bem nítido o quanto seu desenho tem a influência do Miller em uma das suas melhores fases, sua narrativa também é bem agradável, mas em outras páginas ele deixa bastante à desejar. A escolhe de uma arte mais suja e escura casou muito bem com o clima do roteiro, mas talvez outro desenhista com a mesma pegada cairia melhor, como Alex Maleev, que desenha algumas páginas.