Não venda armas à crédito.

Na mitologia, Jormungand, filho de Loki, é chamado também de Serpente de Midgard, pois é tão gigantesca que envolve todo o mundo. É o mais mortal inimigo de Thor e está destinado a matar o Deus do Trovão e morrer ao mesmo tempo.

Esse anime não parece ter nada a ver com isso. Mas a conexão acaba aparecendo. E não é um problema assistir até ficar clara a escolha do nome do anime.

Nascido da excelente tradição de animes com temáticas de tiroteios no mundo real, que já apresentou maravilhas como Golgo 13 e Black Lagoon, Jormungand segue dois personagens principais, a criança-soldado Jonathan e a traficante internacional de armas Koko Hekmatiar.

Como muitas (todas provavelmente) crianças-soldado, Jonathan tem uma historia triste, mas aceita ser contratado como guarda costas da excêntrica Koko, embora deixe claro que odeia traficantes de armas e mesmo armas em si. Isso não o impede de ser letal.

O restante da equipe de Koko também é interessante, embora alguns tenham pouco tempo na tela. Todos são ex-soldados ou policiais, contratados como seguranças e equipe de ataque de Koko. São uns sujeitos fodões, reunidos exatamente por seus talentos. Koko representa uma imensa empresa, a HCLI, fundada pelo seu pai. No papel, a HCLI é uma empresa de transportes de carga e logística. Na pratica, são traficantes de armas, a chamada Divisão Europa/Africa de Transporte de Armas . O que coloca Koko na mira frequente da lei, por isso a necessidade de Koko saber quem subornar e de quem cobrar favores. E da presença de uma equipe de ataque quando as negociações ficarem com menos argumentos.

Argumentos

As historias são fechadas, normalmente com arcos de dois episódios, embora haja uma historia maior acontecendo por trás.

Normalmente os antagonistas são outros traficantes de armas, mas não é incomum que a equipe de Koko tenha que lidar com assassinos contratados, a sempre simpática CIA ou até com os clientes.

Valmet e suas armas de destruição em massa.

Um detalhe interessante é como as mulheres são representadas como tão ou até mais perigosas que os homens, e frequentemente parecem ter vários parafusos a menos. Algumas são verdadeiramente assustadoras. Outra curiosidade é o uso frequente de enormes celulares Iridium. Pra quem não sabe, ou se lembra, Iridium era um projeto ambicioso da Motorola, que usa uma rede de 60 satélites e tecnicamente teria cobertura global. Uma mão na roda para traficantes de armas que viajam o mundo todo.

A equipe de Koko. Só gente fina.

Há um mangá com 11 volumes e duas temporadas de anime, com 12 episodios cada, Jormungand e Jormungand Perfect Order. O mangá conta com um crossover justamente com Black Lagoon. Outro crossover foi com Call of Duty: Black Ops 2.

A jovem Koko encontrando Revy.

A parte da produção é muito boa, desde a animação até a trilha sonora, em particular nas cenas de ação, embora as aberturas e encerramentos também sejam excelentes.

Me lembrou muito um livro excelente, Cães de Guerra, e um pouco menos O Senhor das Armas. Há muitos momentos onde a ação dá lugar a negociação e intrigas, num ritmo de espionagem.

Enfim, Jormungand tem alguns deslizes, mas é acima da média e é uma boa mudança, abordando um tema pouco visto nos animes ou mesmo fora, o tratando com um saudável grau de realismo.