Jogos Datados – Max Payne 3
Tá bom, nem tão datado assim.
Treze anos. É o tempo que separa o primeiro jogo da franquia a este último (até o momento). É o tempo que separa o meu primeiro contato com a trágica história do policial de Nova York e sua versão mais velha. Muita coisa mudou desde então, muitas possibilidades foram abertas e muitos avanços no mundo dos games surgiram nesses treze anos. Agora como responsabilidade única e exclusiva da Rockstar, era de se esperar mudanças profundas no jogo.
Max agora não é mais policial. Nem mais mora em Nova York. Uma série de eventos (mostrados em flash back durante o jogo) mostram os motivos do velho policial herói ter saído da cidade. Graças a um velho amigo, Max consegue um emprego como segurança particular de Rodrigo Branco, um empresário brasileiro. Aí já encontramos a primeira grande mudança do jogo, saem as ruas escuras e sujas de uma Nova York de noite e entra uma São Paulo com uma infinidade de lugares, alguns inclusive de dia.
O velho Max também não é mais o mesmo, mas de certa forma ele se tornou algo que a maioria dos fãs esperavam. Afinal, que pessoa conseguiria se manter imutável ou feliz com pilhas de corpos se acumulando em sua consciência? Pra piorar, alguns desses corpos são de pessoas as quais Max se preocupava, admirava ou amava. O que temos agora é um protagonista mais velho, sarcástico, amargo e com sérios problemas com álcool e analgésicos.
A trama do jogo se desenrola a partir do sequestro da esposa, irmão e cunhada de Branco. O que no princípio parece apenas um sequestro para extorsão de dinheiro se mostra, ao decorrer do jogo, algo mais complexo, envolvendo política, drogas e corrupção. A parte humana de Max também é mais trabalhada, assim como sua história passada. Os momentos de flashback de volta para a escura e úmida Nova York são um deleite para os antigos fãs.
Em relação à jogabilidade, muita coisa mudou desde 2001. Max é mais lento, não tem mais a resistência do jovem policial dos primeiros jogos. O jogo usa a estratégia dos cover games, popularizados com a franquia Gears of War. A ideia básica de combate é procuram um lugar para se esconder das balas dos inimigos e só depois começar a atirar. Se quiser você pode tentar jogar como antigamente, se escondendo porcamente e esperando os inimigos se encaminharem para morte certa, a única coisa que você vai conseguir é morrer mais cedo.
Outra mudança significativa é no manejo das armas. Nada mais de andar armado até os dentes como o Rambo e guardar todas as armas no mesmo lugar que o Bátima guarda o bat escudo. Você pode carregar no máximo três armas, duas pequenas e uma de grande porte, que Max guarda apoiando-a com a bandoleira nas costas. Se você estava acostumado a deixar uma ou duas armas bastante carregadas como reserva caso as balas da sua arma principal acabe, esqueça.
O jogo está lindo, palmas pra Rockstar que consegue fazer um jogo que não penas divirta, mas também encha os olhos. O que fode são os 30Gb necessários pro jogo rodar no pc, mas todo mundo sabe que a empresa desde GTA4 não sabe mais otimizar jogos pra PC. A maneira de se contar a história também não é mais a mesma, os historyboards em formato de hq deram espaço para cinematics bem trabalhadas. Outra mudança esperada.
Voltando um pouco para a jogabilidade, uma coisa que me incomodou muito no jogo foi a mira do personagem. Por mias que eu ajustasse a sensibilidade do mouse eu sempre tinha a impressão de que ela era muito lenta, que não obedecia direito o movimento que eu realizava. Isso rendeu alguns ferimentos e mortes mais do que evitáveis no decorrer do jogo, sem contar o desperdício de munição.
Se no jogo anterior da franquia as missões de cover eram o ponto fraco do jogo, aqui a coisa se repete. Em uma parte em particular você está em um helicóptero e tem que defender uma mulher desarmada que está fugindo no telhado de um edifício. Essa deve ser a parte mais maçante e frustrante de todo o jogo.
Mesmo mais velho, Max mata mais pessoas nesse jogo do que nos dois anteriores juntos. Em alguns momentos o jogo mais parece um versão jogável de Duro de Matar 4, com explosões, perseguições e qualquer outro exagero digno de Michael Bay, e isso me empolgou tanto quanto me decepcionou um pouco, mas isso é fanboyzisse e não deve ser considerado. No frigir dos ovos, Max Payne 3 é um jogo memorável e deveria ser apreciado por todos, fãs da franquia ou marinheiros de primeira viagem. Se esse for o fim do personagem, será um fim digno, mas espero que não seja.