Imperio Secreto 10 – o semi fim
Foi exatamente o que era esperado que fosse.
Depois de um longo inverno da alma, meses de arte inconstante e escrita ruim constante, soluções tiradas da bunda, personagens descaracterizados, analogias politicas canhestras e todo tipo de sofrimento e angustia mental, finalmente termina.
Ou quase, porque vai ter uma edição Omega.
Da qual provavelmente passarei longe. Meu trabalho aqui está feito. Eu preciso ir. Meu povo precisa de mim.
Da ultima vez que vimos, NaziCap estava na frente do Capitolio, com sua nova armadura olhando ameaçadoramente para a galera ali. Essa edição começa da mesma forma, mas com ele dizendo pro pessoal ficar quieto. Na verdade não dá pra saber se ele está olhando ameaçadoramente por causa do capacete, mas é uma boa suposição.
E logo em seguida ele ergue o visor e tenta argumentar com o pessoal.
É aquela ladainha que ele tem despejado desde sempre “Sei que vocês acham que estão fazendo a coisa certa, mas estão errados, eu vou arrumar tudo.” A mesma coisa. “Não é hora de lutar, e sim de reconstruir, juntem-se a mim e juntos governaremos a galaxia como pai e filho.”
Claro que ninguém compra essa idéia e Logan deixa bem claro. Carol diz que então é hora de ouvir as palavras, que o Gavião manda, “Vingadores Assembleia!”
Mas antes só quero citar como fiquei surpreso com duas coisas da arte aqui, a Capitã Marvel desenhada com um rosto de mulher e a expressão suave, zen, do Hulk Gel. E sabemos que se podemos usar as palavras “zen” e “Hulk” na mesma frase, é porque tudo está errado.
Voltando.
Todos os herois se jogam pra cima dele, o que é incrivelmente estupido, quer dizer, olha essa porra.
Será que esses veteranos não sabem que só vão conseguir se aglomerar e no máximo um ou dois vão efetivamente encostar nele? E porque caralhos, em nome de tudo que há de mais sagrado em qualquer universo, o Arqueiro resolveu encostar a flecha na cara do Rogers? A ideia de um arco não é acertar a outra pessoa de longe?
E o que a Tempestade e a Jean vão fazer? Bater nele ao invés de usar seus poderes? Ou o Thor? Ou a Capitã Marvel? Ou o Esquilo das .45?
Mas nada importa porque o Capitão pensa, todos são derrubados com um brilho e vão pro chão. Então o cara dá um soco no chão, para efeito dramático, e uma onda brilhosa some com todo mundo e concerta as construções.
E vemos que na verdade a onda brilhosa alterou o passado, como se fosse um escritor pouco criativo da Marvel.
Então temos um passado sancionado pela Hydra, com o Quarteto com o Destino no lugar do Reed, astronautas da Hydra voltando pra Terra. O Prof X e Magneto sendo enforcados, os Vingadores da Hydra sendo reunidos e Arnin Zola dando poderes de aranha para um voluntário da Juventude Hydrerista.
Tudo é reconstruido e alterado com o monumento à Washington virando um tipo de sorvete e a estátua de Lincoln sendo substituida aquele cara da Hydra com o capacete de unhão.
E esse cara é Isaac Newton. Sério.
Enfim tudo muda e o Capnazi sorri.
Mas Sam Wilson ainda está ali, junto com Bucky e o Homem Formiga, a despeito de todo mundo ter sumido. Talvez seja por causa do fragmento do Cubo que ele tem. Mas isso só explicaria ele, não os outros dois.
Enfim.
Ele mostra pro Capitão a pedrinha e se aproxima dele, numa referencia forçada pra caralho de quando o verdadeiro Capitão América foi peitar o Thanos naquela saga que Jim Starlin está reescrevendo desde os anos 70.
Só que ao invés de dar um soco, Sam se ajoelha, manda um Salve Hydra e entrega o fragmento.
O Capitão fica surpreso, mas é, Sam já tinha desistido da luta antes e só tava ali pra impedir que alguem mais se machucasse. Só que ele ainda tá com um negocio que não é dele. O Capitão pede o escudo.
Sam entrega e o Capitão coloca o fragmento junto com o resto do Cubo, no peito dele. Ele brilha, com a expectativa de poder supremo. E logo em seguida apaga.
Ele faz uma cara de “Que porra é essa?” e do peito dele sai o Homem Formiga, seguido do Soldado Invernal.
Eles mostram que enquanto o Capitão estava distraido recebendo o fragmento, ambos ficaram nanicolinanizados e mergulharam na estrela brilhante.
Era tudo um plano, um embuste, uma farsa, que só poderia ter sido bolada pela mente genial de Nick Spencer Bucky, láááá atrás.
Muito simples. Eles entregam o fragmento pro Rogers, o que concerta a Kobik, que é só uma menininha assustada afinal. Mas ele confia que ela vai resistir ao comando de quem controla o Cubo a ajuda-los e trazer de volta a consciencia do Steve, que está com ela.
Que bom que não é um plano que conta com a sorte e com fatores que ele não conhece.
Lá dentro, o lugar todo está tremendo ainda, e Capitão Barba encontra a Kobik escondida debaixo de uma mesa na creche. A menina explica que fudeu com tudo porque achava que a Hydra era a melhor coisa, já que seu professor, o Caveira Vermelha, explicou isso pra ela.
Mas deu que não era bem assim e ela estava assustada com o Capitão Hydra e o melhor era se esconder.
Mas Barba lembra ela que isso não vai dar certo, o melhor a fazer é lutar, o que prova que Spencer eu pelo menos a fase do Brubaker da revista do Capitão, ainda que não deva ter lido mais nada.
Eles ouvem a voz do Bucky e vão em direção da luz.
Capitão Hydra está puto, exigindo saber onde está a porra do Cubo, ao que Bucky diz não poder receber o crédito, já que foi a Kobik, que se materializa agora, foi quem conseguiu sair.
Ao ver a menina, o HydraCap se desespera, ainda mais depois de que tudo que ele alterou se desfez. E o narrador da história nota que ela fez mais que isso. Ela trouxe de volta o cara que vai resolver a zona toda.
Admito. Esbocei um sorriso ao ver o Capitão, com seu uniforme original, como nos foi legado pelo Rei, sem aquelas firulas que tentaram impingir nos ultimos anos. Fodam-se uniformes baseados em Ultimate. Quem manja é o Rei.
Então eles começam a brigar. Soco, escudo voando, chute e tals. Finalmente uma cena de açao bem feita, com arte bem feita.
Claro há mais uma referencia àquela cena de Guerra Civil, é a segunda vez só nessa saga.
Eles continuam a se porrar, por mais algumas páginas, uma luta que está sendo transmitida para o mundo todo.
Até que os dois estão meio derrubados e vêem, logo ali, o martelo do Thor.
O Capitão Nazistão vai até ele, e vemos, por flashbacks aqueles momentos que ele tinha erguido o martelo antes. Mas então vemos que aquela mulher da Hydra que o Capitão nazista admira tinha mandado um jabaculê e alterado o martelo, o que permitiu que ele o levanta-se.
Desta vez não estava rolando. CapHydra dá uma choradinha e quem levanta o martelo é o Capitão América.
Que enfia a porrada no outro cara.
Essa imagem ficou ótima e já havia sido divulgada antes, naquela estratégia atual da Marvel de mostrar o desfecho da história para criar interesse e dar aquele shock value.
Hydra Cap cai derrotado e o Capitão devolve o escudo para o Sam e o martelo para Jane Foster. Que não estava longe, em um hospital, na edição anterior? Porra, algumas páginas bem feitas e já se sentem à vontade para ignorar a continuidade?
Bem, a Kobik arruma a história, aquela coisa dos nazistas terem vencido a guerra e tal, mas algumas coisas ficam como estavam, como a galera que morreu e a destruição.
E os Vingadores posam para uma foto.
O epilogo mostra a reconstrução, os lamentos pelos mortos e vemos que o cara que vomita coisas está sendo libertado da prisão. Ele volta com o filho pra casa, que está meio vandalizada ainda. Quando acorda vê que tem um monte de gente da vizinhança concertando a casa, e vemos o filho do Vomito brincando com um boneco do Capitão América. Sam Wilson é claro.
CONCLUSÃO
Depois de um tempo inenarrável, finalmente termina uma das sagas mais desnecessarias da ex-Casa das Idéias. Uma saga tão merdalhosa que terminou exatamente como todos achavam que iria, luta entre os Capitães e tudo, e foi tornada irrelevante pela editora ainda na metade, com o anuncio de Legacy e Gerações.
Boas chances foram perdidas como a chance de arrumar dois personagens de uma vez. Era só o Sam ter recusado o escudo e o martelo voltado para Thor Odinson, filho de Odin.
Então temos uma saga imensa, arrastada, mal escrita em sua quase totalidade, com uma arte instavel também, seguindo esse modelo de ficar trocando os artistas.
Não é possivel negar que isso foi apenas uma forma de Nick Spencer e Tom Brevoolt ventilarem as frustrações deles com o resultado das ultimas eleições por lá. Esse anda sendo um problema recorrente na editora, com muitos gibis sendo apenas a forma de alguem ventilar a frustração com alguma coisa.
Já tentaram ler o gibi da Vespa?
Bem, na história original do Império Secreto, a de 1974, ficava meio ambiguo, mas não muito, que o misterioso “Numero 1” era o presidente Richard Nixon.
Era uma óbvia critica ao sujeito. Mas havia uma diferença imensa. Imperio Secreto saiu quase no fim do mandato de Nixon, quando realmente haviam ficado claros os erros do sujeito pois Watergate já tinha praticamente aniquilado com Nixon.
Aqui temos Spencer fazendo uma analogia do que ele acha que vai ser o país, que traiu as espectativas dele.
O problema é que a forma como a editora tem sido conduzida nos ultimos anos já está prejudicando o mercado. Muitas lojas de quadrinhos encomendaram exatamente UM exemplar de Secret Empire 10, porque os anteriores venderam mal.
E se está ventilando que a Marvel está bolando um jeito de obrigar os lojistas a adquirirem mais cópias de Legacy. Não faltam histórias de lojas, algumas que enfrentaram várias recessões, fechando. Uma Marvel saudável é bom para a industria. Não é o que está acontecendo.
Mas isso é coisa do marketing em particular, em especial sobre as capas variantes. Mas fica pra outro dia.
Imperio Secreto. A forma como os personagens foram retratados aqui, com os veteranos se sentindo derrotados o tempo todo e só se recuperando com ajuda dos novos, e pior, essa constante desconstrução dos herois que a editora tem feito atingiu seu ápice aqui.
O que Spencer parece não entender, e não é o unico ali, Slot me vem à mente, mas são só dois exemplos, é que eles não tem o talento de um Allan Moore para desconstruir coisas. Em absoluto.
Poucas vezes li algo tão mal feito e espero nunca repetir tal feito, sabendo que o ruim e o mediocre são a norma já há algum tempo.
Mas de toda forma estou com uma sensação de dever cumprido. Eu lutei uma das maiores, mais longas e sangrentas lutas que já travei.
Mas ao contrário do Rocky no primeiro filme, eu venci.
As sequelas ainda vamos ver quais serão.