Homem Formiga por Godoka
Será que presta? Tem spoilers. Ou não.
Homem Formiga, nova incursão da Marvel visando expandir seu universo cinematográfico, estreou nesse fim de semana aqui no Brasil. Na trama, o cientista Hank Pym já com uma certa idade, vivido pelo ator Michael Douglas, precisa confiar no ex presidiário Scott Lang (Paul Rudd) o plano de sabotar a venda e criação de uma tecnologia chamada de Jaqueta Amarela, uma armadura que permite ao seu usuário encolher até o tamanho de um inseto, porém mantendo a força e agilidade de um humano de estatura normal.
A tecnologia do Jaqueta Amarela é inspirada na antiga lenda do Homem Formiga, um super humano que conseguia encolher e que foi decisivo em algumas missões durante o período da Guerra Fria. Para muitos tal personagem era apenas uma invenção para se colocar medo nos soviéticos. Mas o Homem Formiga realmente existiu, e era o próprio Hank Pym. Por medo de sua maior invenção cair em mãos erradas e espalhar o caos pelo mundo, Pym se afastou da vida pública, assim de seu cargo de alto escalão da S.H.I.E.L.D.. Esse foi um belo retcon da Marvel nos cinemas, mostrando que houveram ouros humanos dotados de habilidades incríveis que agiram no período entre o desaparecimento do Capitão América e os dias atuais.
Scott Lang é o protótipo de cara fodido na vida. Sua prisão foi justa, porém o motivos foi por uma causa que podemos chamar de justa. A sua busca por redenção dos erros do passado é alimentada pelo amor que possui por sua filha, e esse que seria o talvez o único ponto profundo da trama. Sim, eu falei seria, o tempo verbal não está errado. A proposta (acertada, e logo mais explico o por quê) da Marvel em fazer deste filme mais uma comédia de ação (o filme parece seguir à risca a fórmula de Guardiões da Galáxia) impede que momentos de maior drama sejam abordados como se deve sem que esses momentos pareçam deslocados do filme como um todo.
As cenas de ação do filmes ficaram realmente boas, com Scott alternando rapidamente momentos em que está diminuto e de volta à estatura normal. Entre todas as cenas de ação, a que com certeza me empolgou mais foi o rápido confronto com o Falcão na base dos Novos Vingadores. Em relação ao visual, a Marvel criou um padrão visual nos primeiros filmes que se mantém praticamente intacto, e o uniforme do herói realmente é agradável de se ver em movimento.
Quanto a decisão de fazer deste filme mais uma comédia de ação ser acertado, acho que a Marvel está ciente da popularidade (ou falta dela) de alguns personagens em relação ao grande público. Mesmo os leitores mais antigos de quadrinhos não colocariam fé em um filme do Homem Formiga, então o jeito é fazer deste filme o mais palatável possível para o público médio, os milhares de adolescentes e crianças acompanhadas pelos pais que vão pro cinema esperando cenas de ação, piadas leves e a participação especial do Stan Lee. Não era a hora, muito menos o personagem adequado para se fazer algo como o que vimos em Capitão América 2. Eu só me preocupo com a saturação dessa fórmula e com a possibilidade da Marvel não saber quando deve parar de usá-la.
No fim das contas, Homem Formiga é um filme agradável, porém esquecível. Vai ampliar o universo cinematográfico e inchar o elenco de Guerra Civil e os bolsos da Marvel, mesmo que não tenha sido uma estreia tão rentável quanto o esperado. No meu caso, que esperava uma porcaria sem tamanho, o filme foi uma boa surpresa. Valeu à ida ao cinema? Sim. Valeu o 3D obrigatório no cinema da minha cidade por não possuir a opção 2D ou legendado? Com certeza não. Quando passar na Temperatura Máxima, dublado e com cortes, eu assistiria de novo? Quem sabe?